A mulher de um servidor público investigado no caso das fraudes bilionárias no INSS queria comprar um apê no prédio residencial mais alto do mundo, o Senna Tower, com construção iniciada em Balneário Camboriú. Thaisa Hoffmann Jonasson, casada com o ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Filho, teria reservado a compra do imóvel por R$ 28 milhões. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles.
Virgílio é um dos investigados na operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura a “Farra do INSS”. A negociação do imóvel pela esposa do servidor aponta que o patrimônio do casal ...
Virgílio é um dos investigados na operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura a “Farra do INSS”. A negociação do imóvel pela esposa do servidor aponta que o patrimônio do casal seria maior do que o total levantado até o momento. Uma apuração da Controladoria-Geral da União (CGU) cita que o ex-procurador teve um “acréscimo patrimonial” de R$ 18 milhões.
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A negociação do apê no Senna Tower foi feita com um “termo de reserva” em 5 de novembro de 2024. Segundo o portal, em 3 de julho deste ano a construtora pediu à Justiça o cancelamento da reserva, diante de “risco iminente de constrição judicial do imóvel”, medida que prevê o bloqueio de bens pra pagamento de dívida ou cumprimento de sentença judicial. Na ação, a empresa afirma que Thaisa desistiu da compra.
A operação da PF teve uma nova fase na quinta, com o cumprimento de 66 ordens de busca e apreensão em sete estados, incluindo Santa Catarina, além do Distrito Federal (DF). Foram apreendidos carros de luxo, dinheiro, computador, arma e documentos. É investigado um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS.
A investigação contra o ex-procurador do INSS aponta que ele atuava em favor da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, permitindo os descontos indevidos em benefício da associação. O procedimento contrariou regras do INSS e manifestação técnica do órgão. A Contag negou irregularidades.
Virgílio foi afastado do INSS com outros dirigentes em abril. Depois, ele foi exonerado pela AGU. A nova busca da PF quer esclarecer crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa e ocultação patrimonial.
Patrimônio incompatível
A CPMI do INSS no Congresso Nacional apontou incompatibilidade de patrimônio do casal. O servidor, que tinha salário de R$ 24 mil, teria aumentado os ganhos em R$ 18,3 milhões, segundo a CGU. Enquanto o então procurador liberava descontos em massa a favor da Contag, a mulher dele teria comprado um Porsche de R$ 787 mil em Curitiba (PR).
A comissão mostrou que Thaisa comprou três imóveis que somam R$ 3,4 milhões, entre 2022 e 2024: um apê e uma sala comercial na capital paranaense, onde mora, e um apê em Brasília (DF). O servidor teria comprado uma Mercedes de R$ 508 mil e recebido R$ 11,9 milhões de empresas envolvidas na “Farra do INSS”.