Cerca de 170 animais, entre aves e macacos, foram resgatados de um criadouro comercial no oeste catarinense. O espaço apresentava graves situações de maus-tratos. A operação foi feita pelo Ibama nesta sexta-feira, com apoio da Polícia Federal, Polícia Militar Ambiental (PMA) e do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (Ima).
O criadouro, em Xanxerê, tinha autorização para comercializar aves e macacos-pregos, incluindo espécies ameaçadas de extinção, como o papagaio-de-peito-roxo. Embargado pelo Ibama em 2011, o local ...
O criadouro, em Xanxerê, tinha autorização para comercializar aves e macacos-pregos, incluindo espécies ameaçadas de extinção, como o papagaio-de-peito-roxo. Embargado pelo Ibama em 2011, o local permaneceu em atividade até 2024, graças a decisões judiciais que permitiam a comercialização. Em 2023, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) restabeleceu a validade do embargo, determinando a interrupção definitiva das atividades.
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Mesmo após a decisão, o criadouro continuava anunciando a venda de animais em perfis de redes sociais. O responsável também comercializava, sem autorização, outros primatas, como saguis, com preços que variavam entre R$ 4 mil e R$ 120 mil por exemplar.
Os anúncios exibiam filhotes de macacos usando mamadeira e fraldas, em postagens que alcançavam grande repercussão entre influenciadores e artistas. Muitos dos animais hoje mostrados em perfis digitais têm origem nesse criadouro.
Maus-tratos
Durante a vistoria, as equipes encontraram gaiolas com macacos expostas em área aberta, sem aquecimento, água ou alimento. Filhotes estavam separados das mães em dias de baixas temperaturas, enquanto animais adultos eram mantidos em recintos pequenos e sem estrutura adequada.
O responsável, já autuado anteriormente pelo Ibama por maus-tratos, foi novamente multado. Mesmo após a decisão do STJ, ele havia realizado a reprodução de 10 macacos-pregos destinados à venda irregular.
O Ibama destacou que esse tipo de comércio, ainda que protegido por liminares em determinados períodos, estimula o tráfico de animais silvestres. Isso porque a exposição de primatas como animais de estimação em redes sociais desperta o desejo de outros em tê-los como se fossem cães ou gatos.
A criação e a venda de primatas no Brasil são restritas e altamente controladas. A posse ilegal de espécies da fauna nativa é crime e pode gerar multas e sanções penais.
Os animais apreendidos foram encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama e a programas de reabilitação de espécies ameaçadas, como o papagaio-de-peito-roxo.
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