Itajaí
Protesto contra a PEC da Blindagem e a anistia reúne manifestantes em frente ao Centreventos
Chuva não atrapalhou ato que mobilizou brasileiros insatisfeitos com projeto que quer que deputados e senadores sejam “blindados” contra investigações
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

























A chuva que caiu por volta das 14h30 foi “pra lavar a alma” segundo explicaram os manifestantes que se concentraram na praça do Centreventos, em Itajaí, para protestar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Blindagem e o projeto de lei da anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Entre os participantes estava Thiago Moreti, o Professor Tatuado, que tem quase 20 mil seguidores e fez a mediação do ato.
O vereador do PT de Balneário Camboriú, Eduardo Zanatta, foi o único parlamentar da região a participar do ato. Também estiveram presentes Alex Stein, do PSOL, Juliana, vice-presidente do PT de Itajaí e Jackson, da Unidade Popular (UP), entre outras lideranças. “A chuva é pra lavar a alma, porque Itajaí tem, sim, povo de luta, quem tá na chuva é pra lutar”, disse Thiago aos manifestantes. Ele também disse que a PEC da Blindagem, “que é da bandidagem”, pode se estender aos deputados estaduais, o que representaria “um risco enorme de impunidade”.
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Quanto ao PL da Anistia, Thiago lembrou que pouco mais de 100 pessoas continuam presas entre os mais de 1,4 mil detidos em 8 de janeiro de 2023. “O PL da Anistia é pra livrar os financiadores e Bolsonaro, mas não permitiremos”, afirmou. “Foi um ato maravilhoso, cheio de esperança, luta e resistência em Itajaí. Saímos muito contentes. Junto de todos os atos que ocorreram pelo Brasil, o congresso nacional com certeza entenderá o recado”, discursou.
Cartazes erguidos no ato traziam mensagens: “O Brasil é dos brasileiros. Patriota de verdade não apoia tarifaço”, “Blindagem política é muro contra a verdade”, “Congresso inimigo do povo!”, “Não à PEC da Blindagem” e “Que tempos são esses em que temos que defender o óbvio?”. “Participar do ato foi um compromisso com a defesa de uma política ética, justa e sem privilégios. É inadmissível que parlamentares flagrados cometendo crimes gravíssimos como tráfico de drogas, pedofilia ou violência doméstica contem com o escudo corporativista do Congresso, dependendo da autorização dos próprios colegas e amigos para que um processo sequer seja aberto. A PEC da Blindagem e as propostas de anistia representam um retrocesso perigoso, pois criam uma casta de intocáveis acima da lei”, disse o vereador Zanatta.
Segundo Diego Lopes, presidente do Centro de Direitos Humanos e um dos organizadores, cerca de 500 pessoas estavam presentes. “Nós fizemos a concentração às 13h30, esperamos até as 14h30, quando começou a chover. Nos reunimos ali na frente mesmo da entrada da Marejada. Enquanto isso rolava música, as pessoas interagindo, conversando até iniciar. Apesar da chuva fizemos um ato muito bonito, pacífico e participativo. Algumas lideranças foram chamadas para falar, enquanto também puxamos palavras de ordem”, explicou.
Brasil
Manifestações contra a anistia dos condenados por tentativa de golpe e contra a PEC da Blindagem rolaram em todo o país neste domingo. Ao menos 33 cidades registraram atos, incluindo todas as capitais.
Convocados pelas frentes “Povo sem medo” e “Brasil popular”, ligadas ao PSOL e PT, os protestos reuniram sindicatos, grupos estudantis, artistas e movimentos sociais como MST e MTST, além de outros partidos de esquerda e centro-esquerda.
Em Brasília, milhares marcharam na Esplanada dos Ministérios contra os projetos da anistia e da blindagem de parlamentares. A passeata ocupou as seis faixas do Eixo Monumental, num trajeto de 1,5 quilômetro até a frente do Congresso Nacional, onde o cantor e compositor Chico César encerrou o ato com músicas de seu repertório.
Franciele Marcon
Fran Marcon; formada em Jornalismo pela Univali com MBA em Gestão Editorial. Escreve sobre assuntos de Geral, Polícia, Política e é responsável pelas entrevistas do "Diz aí!"