O material mostra diálogos no grupo de WhatsApp do partido, trocados entre os dias 7 e 30 de maio, nos quais a cobrança aparece como obrigatória. Em parte destes áudios, uma integrante do diretório – identificada como M., cargo de confiança do partido na câmara – admite ter criado uma nova chave pix em seu nome, a pedido de colegas, para receber as transferências, alegando que não poderia usar seu CPF. Em outro trecho, ela cita que “há valor para cada cargo” e envia o número da conta.
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Nos áudios atribuídos a Ângelo, ele reconhece os repasses, mas afirma que seriam “espontâneos” e destinados à manutenção do diretório, pagamento de contas e organização de eventos partidários. Em uma das gravações, reforça que os valores deveriam ser entregues “todos os meses”. Os prints, no entanto, mostram a cobrança padronizada, o que contradiz a alegação de colaboração voluntária.
A denúncia indica que ao menos 19 pessoas teriam sido convocadas a contribuir com os repasses. Parte dos pedidos de dinheiro envolveria vereadores do PL – Gleber Silveira, Maikon Rodrigues (o popular Maicon do Itacolomi) e Robson Batista, o Bigo, e seis cargos de confiança ligados à câmara municipal, além de dois secretários ocupantes do primeiro escalão do governo Tiago Baltt (MDB), do qual o PL é aliado em nível local – no caso, Ademar Galo (ex-vereador e ex-presidente da câmara), titular da Agricultura e Rafael Batista, da pasta de Esportes.
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Pela tabela, secretários filiados ao PL pagariam R$ 300, vereadores R$ 200 e demais comissionados entre R$ 50 e R$ 100. A divisão do dinheiro, segundo o denunciante, seria também conhecida pelo presidente da câmara, Lucas Maia (MDB). Lucas, procurado pelo DIARINHO, informou que a denúncia foi recebida no parlamento em 1º de agosto.
“Encaminhei imediatamente o caso para a Procuradoria da câmara e para o Controle Interno, para análise técnica e jurídica. No dia 20 de agosto, recebi o parecer da Procuradoria e, de forma transparente, o documento foi encaminhado ao Ministério Público, instituição competente para avaliar e, se necessário, tomar as medidas cabíveis”, informou.
“Não cabe a mim julgar ou condenar, mas sim garantir que as instituições façam seu trabalho de forma independente. Confio que a verdade será esclarecida. As devidas providências serão tomadas na forma da lei”, completou.
Em nota, a Prefeitura de Balneário Piçarras informou que a denúncia “não se refere ao Executivo” e não há nenhuma manifestação da prefeitura no momento. “O governo reforça que preza pela transparência”, pontuou a assessoria.
“Denúncia esdrúxula”, diz presidente
Ao DIARINHO, Margutte negou todas as irregularidades. Segundo ele, a denúncia é “esdrúxula” e ele estuda tomar medidas contra o responsável que vazou as conversas privadas do grupo de WhatsApp. Segundo ele, está há 10 anos arcando sozinho com despesas do PL local e, por isso, é necessária a contrapartida financeira de quem ocupa cargo.
“A responsabilidade é minha. Mas violaram o Código Penal ao expor as conversas”, diz. “E há uma resolução do estatuto do PL que permite o apoio financeiro de ocupantes de cargos”, concluiu.
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