No início do século passado, as pedras retiradas do bairro Pedreiras, em Navegantes, ajudaram a erguer a estrutura dos molhes da barra do rio Itajaí-Açu, em Itajaí e Navegantes. Mais de 100 anos depois, o local ganhou um novo papel: o de espaço de lazer, contemplação e preservação ambiental. O Parque Natural das Pedreiras foi inaugurado no fim de 2024 e rapidamente conquistou moradores e turistas.
Continua depois da publicidade
A principal atração é a trilha em meio à Mata Atlântica, que oferece um percurso de 650 metros cercado por vegetação nativa e com o canto de diversas espécies de aves como trilha sonora ...
A principal atração é a trilha em meio à Mata Atlântica, que oferece um percurso de 650 metros cercado por vegetação nativa e com o canto de diversas espécies de aves como trilha sonora natural. O trajeto leva ao mirante, de onde se descortina uma vista panorâmica do mar e das áreas verdes. Em dias de céu limpo, é possível avistar até as ilhas da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo. O acesso é feito pela Gruta Nossa Senhora de Guadalupe, ao lado da Unidade Básica de Saúde do bairro Pedreiras.
Continua depois da publicidade
Segundo o superintendente do Instituto Ambiental de Navegantes (IAN), Diego Dias, a criação do parque atende também a uma demanda ambiental. “Navegantes é uma das cidades catarinenses com menor arborização. Além de possibilitar a interação da comunidade com a fauna e flora, o espaço é uma ferramenta importante de educação ambiental”, afirma.
O projeto nasceu há mais de 15 anos, mas saiu do papel há cerca de dois, viabilizado por compensação ambiental da Portonave devido à ampliação do cais. O investimento foi de aproximadamente R$ 3 milhões, sendo R$ 1,1 milhão aportado pela Portonave e o restante pela prefeitura. O parque ocupa 147 mil metros quadrados, o mirante fica a 156 metros de altitude e conta com luneta de longo alcance que permite observar pontos a até 60 quilômetros de distância.
Continua depois da publicidade
A infraestrutura da trilha inclui escadarias rústicas de pedra, corrimãos de corda e fonte natural de água. Totens com informações sobre fauna e flora estão espalhados pelo caminho, e placas com QR codes permitem ouvir pelo celular o som das aves e animais ali encontrados. O mirante foi projetado no formato de uma grande pipa, símbolo tradicional da cidade, com bancos que se desdobram da “cauda” para convidar o visitante a apreciar a vista.
O IAN também planeja tornar o parque mais acessível. “Estamos adquirindo uma cadeira especial para que pessoas com deficiência possam percorrer a trilha. Além disso, já investimos na compra de novas áreas próximas ao parque para ampliar sua extensão”, adianta Diego.
A transformação da antiga pedreira em parque é motivo de orgulho para a comunidade. O navegantino Wilson Antônio da Maia, que conheceu o local ainda em atividade, celebra a mudança. “Era meu sonho ter um parque municipal na cidade”, diz. Para Nadir de Freitas, moradora da região, o espaço é “uma excelente opção de lazer para adultos e crianças”.
Além da beleza cênica, o Parque Natural das Pedreiras abriga um rico patrimônio natural. Entre as espécies vegetais estão os imponentes garapuvus, áreas de palmito-juçara, bromélias e helicônias, além de inúmeras outras espécies vegetais. Já a fauna catalogada soma mais de 50 espécies, entre aves, répteis e mamíferos.
O veterinário e analista ambiental do IAN, José Miguel Codagnoni, destaca que as câmeras de monitoramento registraram animais raramente vistos em áreas urbanas, como o mão-pelada (parente do guaxinim), o gato-maracajá, tamanduás-mirins, tatus, cachorros-do-mato e cutias, além de aves de rapina e outros pássaros típicos da Mata Atlântica, e répteis. “O próximo passo será monitorar as espécies da restinga”, explica José Miguel.