POLÊMICA
Sindifoz sugere “Gabinete sem segredo” na Câmara, pra filmar vereadores em Itajaí
Ideia foi lançada em resposta a projeto de vereador que quer permitir aos alunos gravar aulas nas escolas da cidade
João Batista [editores@diarinho.com.br]

Em resposta ao projeto de lei “Escola sem segredo”, que permitiria aos alunos gravarem aulas nas escolas de Itajaí contra a “doutrinação” dos professores, o Sindicato dos Servidores Municipais da Região de Itajaí (Sindifoz) sugeriu a criação do “Gabinete sem segredo”. Nessa versão da ideia, haveria a transmissão ao vivo de tudo que acontece dentro dos gabinetes e salas do Legislativo.
A sugestão foi lançada em vídeo pelo presidente do sindicato, Francisco Johannsen, na quarta-feira. A proposta veio como crítica ao projeto apresentado pelo vereador Victor Nascimento (PL) na semana passada na Câmara e que, no momento, passa por análise da Comissão de Constituição e Justiça. O projeto visa autorizar a gravação de aulas nas escolas públicas e particulares da rede municipal por questão de “transparência”.
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Para o presidente do sindicato, a medida estimularia os alunos a filmarem as aulas dos professores, expondo os servidores. Em contrapartida, Francisco provocou. “Que tal instituir o “Gabinete sem segredo”? Câmeras de monitoramento nos gabinetes dos vereadores para a população saber o que acontece dentro dos gabinetes, o que que é falado, o que que é discutido, o que que é negociado”, disse.
Pela ideia, haveria a transmissão ao vivo dos gabinetes, 24 horas por dia, por meio de um link no site da Câmara pra que as pessoas pudessem acessar e acompanhar pela internet. “Afinal de contas, vossa excelência não tem nada a esconder do povo”, ressaltou o presidente. Francisco também sugeriu colocar câmeras e microfones no plenarinho da Câmara, espaço usado pra reuniões dos vereadores.
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“Pra gente escutar o que que é conversado nos bastidores. Afinal, [a Câmara] é a casa do povo e o povo precisa saber o que é discutido aí, nos corredores e nas salas”, afirma. O presidente do sindicato apontou que o exemplo poderia começar pelo gabinete do vereador Victor, com a instalação de câmera dentro da sala do parlamentar.
“O senhor não tem segredos com o povo, não é? Porque mandar filmar o professor é fácil, agora comece aí por vossa excelência”, completou ao finalizar o vídeo. Ao DIARINHO, Francisco já havia criticado o projeto de lei, apontado que a proposta vai contra leis federal e estadual que proíbem o uso de celulares e outros aparelhos em sala de aula e que a medida ataca direitos dos trabalhadores da educação.
*Contra “doutrinação”*
No projeto, o vereador Victor defende o direito dos alunos de gravarem as aulas como medida para combater a “doutrinação” e “politicagem”, entre outros “males”, como bullying, linguagem imprópria e assédio moral. As filmagens também seriam uma ferramenta de transparência e ajudariam no aprendizado dos alunos e permitiria aos pais saberem o que acontece nas salas de aula, acompanhando o trabalho dos professores.
“Trata-se de um projeto de lei que expressa o direito dos estudantes de gravar suas aulas, a fim de que os professores, sabendo que poderão ser ouvidos e vistos pelos pais dos alunos e por seus superiores hierárquicos, adotem uma postura mais profissional e responsável em sala de aula”, justifica o parlamentar na proposta. O DIARINHO pediu um posicionamento do vereador sobre a manifestação do Sindifoz e aguarda resposta que não tinha chegado até o fechamento desta matéria.
João Batista
João Batista; jornalista no DIARINHO, formado pela Faculdade Ielusc (Joinville), com atuação em midia impressa e jornalismo digital, focado em notícias locais e matérias especiais.