TRADIÇÃO

Pesca artesanal em BC resiste ao tempo

A pesca artesanal envolve cerca de 300 famílias e mantém viva a cultura local em meio ao cenário urbano mais valorizado do país

Pesca artesanal da tainha é atração turística e atividade de subsistência (Foto: Joca Baggio)
Pesca artesanal da tainha é atração turística e atividade de subsistência (Foto: Joca Baggio)
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A pesca artesanal, reconhecida por lei como patrimônio imaterial de Balneário Camboriú, é uma atividade profundamente enraizada na história e na cultura local. Apesar da rápida urbanização e do alto valor imobiliário da região — que hoje tem o metro quadrado mais caro do Brasil —, a tradição resiste sob a sombra dos maiores arranha-céus da América do Sul, transformando-se também em atração turística.

Registros históricos indicam que a pesca teve início na região por volta de 1870. Já nas primeiras décadas do século 20, a atividade tornou-se uma das principais fontes de renda da população local, ao lado da extração de granito numa pedreira que não existe mais.

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Atualmente, o município conta com 10 ranchos de pesca artesanal: três na praia Central, dois em Taquaras e um em cada uma das praias de Laranjeiras, Taquarinhas, Pinho, Estaleiro e Estaleirinho. Segundo o presidente da Colônia de Pescadores Z-7, Valdelir Manoel da Silva, cerca de 300 famílias se dedicam à pesca artesanal no município, sendo a praia de Taquaras a principal em volume de capturas.

Entre os personagens que mantêm viva essa tradição está o mestre Eládio Euflorzino, de 79 anos, o pescador mais antigo de Taquaras. Ele cresceu entre redes e canoas, aprendendo a arte da pesca com o pai e os irmãos. Aos 16 anos, já atuava profissionalmente na atividade, que hoje não exerce mais por questões de saúde. Ele tem problemas cardíacos e já passou por duas cirurgias. Ainda assim, Eládio se mantém presente na praia e ajuda os familiares com as embarcações e a organização dos materiais.

 “Ninguém gosta tanto da pesca quanto eu. Embora a saúde não permita mais que eu vá ao mar, às seis da manhã já estou na praia, acompanhando tudo”, conta. A paixão é partilhada pelos também veteranos José Alexandri, de 65 anos, e Paulo Rocha, discípulo de Eládio, ambos com longa história de ligação com o mar.

“Pescar é a melhor coisa da vida. Aprendi com meu pai e tios, que me ensinaram desde a pesca de cerco no mar até o arrasto na praia. Hoje sou olheiro”, explica José. Já Paulo lembra com emoção dos tempos em que acompanhava o pai e o avô nas jornadas de pesca.

Tradição que corre nas veias

A tradição também se perpetua nas gerações seguintes. Jair Euflorzino, filho do mestre Eládio, tem 55 anos e cresceu envolvido com a atividade. “Falar de pesca em Taquaras é voltar no tempo. A gente carrega no sangue esse amor pelo mar”, afirma Jair que atua na construção civil, mas sempre encontra tempo para ajudar os pescadores locais.

Segundo ele, os meses de maior rendimento são os da safra da tainha, mas outras espécies também são capturadas ao longo do ano, como anchova, peixe-galo, pixirica, pescadinha e palombeta. Jair destaca ainda que, hoje, os pescadores da região adotam práticas sustentáveis, como a pesca de cerco com o peixe vivo, o que permite a devolução ao mar dos exemplares ainda pequenos. “São feitas três coletas por dia e os peixes que não atingem o tamanho ideal são devolvidos, para que continuem crescendo”.

A tradição da pesca artesanal também serve como elo entre gerações, unindo avós, filhos e netos em torno de um mesmo ofício. Além de sustentar famílias, ela promove um senso de pertencimento e fortalece o vínculo da comunidade com o ambiente natural. Muitos pescadores também se tornaram guardiões da memória local, repassando histórias, técnicas e ensinamentos que não se aprendem em livros, apenas na convivência com o mar.

Entre o mar e os edifícios que moldam o horizonte da cidade, a pesca artesanal segue viva, sustentando famílias, preservando tradições e encantando visitantes com a autenticidade de um modo de vida que desafia o tempo.

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