L.G.S., de 29 anos, foi encontrado sem vida no início da tarde desta sexta-feira na rua Martin Luther King, no bairro Rio do Meio, em Camboriú. A causa do suicídio ainda não foi confirmada oficialmente, mas vizinhos acreditam que há indícios de que o episódio possa estar relacionado ao linchamento virtual que ele sofreu dias atrás, quando foi injustamente acusado de abandonar um animal.

No domingo passado, um vídeo circulou nas redes sociais mostrando um cachorro correndo atrás do carro vermelho da vítima em Camboriú. Rapidamente, internautas passaram a acusar L. de ter abandonado o animal, gerando grande repercussão. O homem foi alvo de diversos xingamentos, teve seus dados pessoais divulgados em perfis nas redes sociais e também em grupos de WhatsApp.

Após o linchamento virtual, surgiram esclarecimentos de que o cachorro não era dele e que ele não havia cometido abandono. O animal vivia nas redondezas e era conhecido por seguir carros que passavam pela rua. Segundo moradores, o cachorro pertencia a um vizinho de L. e costumava entrar no sítio dele para brincar e correr atrás das galinhas.

A morte de L. revoltou os vizinhos. Um morador que conversou com o DIARINHO contou que, após o vídeo feito de forma equivocada e postado inclusive por uma ONG de defesa animal da região, ele mesmo saiu em defesa de L., diante do tamanho da injustiça que estava sendo cometida.

“A gente mora no interior, aqui os cachorros têm mania de ir correndo atrás dos carros até a cidade e voltar. Alguém filmou afirmando que ele abandonou o cachorro, a tal de ONG postou, um vereador de Camboriú também, falando que queria chamar ele para multar”, contou.

O vizinho informou que o cachorro, que após a morte de L. permaneceu perto do carro, vive na rua e é conhecido por correr atrás de carros. “Eu entrei em defesa do cara. Um portal que tinha feito a postagem apagou depois que expliquei que o cachorro sempre corria atrás, mas a ONG não, e ainda falou que os moradores estavam ameaçando a ONG, apoiando o cara que largou o cachorro na rua", completou.

Com a exposição nas redes sociais, muitas pessoas ameaçaram L. com violência extrema, falando que iam amarrar ele atrás do carro e puxar, que iam arrastar a cara dele no asfalto. “Fizeram print com os dados pessoais, envolveram o pai e a mãe dele, fizeram um horror”, narrou o vizinho.

“Ele já estava passando por alguns problemas e ontem [quinta] reclamou com outro vizinho, que arrumaram mais um problema pra ele agora... Hoje o rapaz tirou a sua vida”, completou o vizinho.

Após a morte de L., o clima é de comoção e tristeza na localidade do Rio do Meio. Até o fechamento desta edição não havia informações sobre o local do velório.

Procure ajuda

Se você estiver enfrentando dificuldades emocionais, procure ajuda. Em Balneário Camboriú, o programa Abraço à vida oferece atendimento gratuito e disponível 24 horas pelo telefone ou WhatsApp: (47) 99982-2322, exclusivo para moradores da cidade. Outra opção é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que presta apoio emocional gratuito 24 horas por dia em todo o Brasil. Ligue 188 ou acesse o site do CVV.