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Vereadores declaram Carnaval como “patrimônio do Município”
Votação ocorreu nesta quinta e projeto de Gabriel dos Anjos (Podemos) foi aprovado por unanimidade
Juvan Neto [editores@diarinho.com.br]

Por unanimidade, os vereadores de Navegantes aprovaram nesta quinta-feira, 6 de março, o projeto de lei que declarou o carnaval local como patrimônio do Município. A proposta, de autoria do vereador Gabriel dos Anjos (Podemos), tramitou rapidamente na Casa de Leis, como uma forma de resposta à decisão do prefeito Liba Fronza (PSD) em cancelar o tradicional carnaval da cidade – um dos maiores do Estado.
Em plenário, marcaram presença integrantes de blocos tradicionais da cidade – entre eles, o Estrela do Mar, com 43 anos de existência e que na noite de terça-feira, dia 4, organizou e promoveu um desfile carnavalesco de última hora – o qual seus organizadores negaram ser um “protesto” contra Liba, mas que acabou se tornando símbolo da resistência do carnaval navegantino.
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Em plenário, Gabriel dos Anjos defendem enfaticamente sua proposta. Assim que o prefeito tomou a decisão, nosso gabinete prontamente pensou e encabeçou esse projeto de tornar o Carnaval de Navegantes patrimônio cultural. Foi uma resposta a essa decisão”, reforçou o vereador ao DIARINHO. “Ele deu entrada no mês passado mesmo e tramitou nas comissões”.
Havia expectativa de que vereadores evangélicos eventualmente se posicionassem contra a medida, mas a presença dos carnavalescos em plenário tornou o placar irremediável. Na terça, sem divulgação e sem estrutura, a festa programada pelo Estrela do Mar, reuniu foliões do bloco e de outros – como o Lambarulho, o Cara e Coroa e o Navegay – este, o primeiro a ser extinto logo que Liba assumiu a gestão de Navegantes, em 2021.
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“O Carnaval é cultura, está nas nossas raízes. Em todo o Brasil é assim, e aqui não é diferente. Com os blocos de rua, os desfiles, e até mesmo o Navegay, a proporção que a festa chegou”, considerou Gabriel. “Acredito que organizando esse evento anual, Navegantes continuaria se destacando como sempre foi, principalmente como nos anos 2000, até meados dos anos 2010”.
Cauê Rebello, presidente do Estrela do Mar, comemorou a decisão, lembrando da tradição da família, que fundou o bloco, no bairro São Pedro, o Pontal, em 1982. Optando por não “bater de frente” com a decisão do prefeito, Cauê frisou que recebeu apoio da Casa Civil do Estado e da Liga das Escolas de Samba.
“Estávamos esperando que não houvesse o desfile da forma como queríamos, mas fomos atrás de verbas, e a partir de 3 de fevereiro, conseguimos fazer ajustes no desfile”, revela o presidente. Em tempo recorde, houve todas a autorizações – Navetran, polícia e bombeiros – e por isso não houve uma divulgação ampla, com medo de que muito público pudesse gerar problemas ou brigas.
“Um desfile por si só é um protesto; só que o prefeito Liba cancelou, mas não proibiu o carnaval”. A mobilização deu certo: cerca de 3000 pessoas, com a força das redes sociais e também o impacto do vídeo do influenciador Professor Tatuado, ou Tiago Moretti, do Instagram, que teve mais de 110.000 reações ao vídeo em que criticou a decisão da prefeitura. O desfile terminou pontualmente às 21h e não teve incidentes – “nem mesmo lixo foi gerado”, celebrou.
“Essa provocação de que carnaval é promíscuo e não é de família, caiu por terra”, observou o presidente. Ao DIARINHO, o prefeito confirmou que não iria se posicionar sobre as cobranças do Professor Tatuado, mas reafirmou a ideia de fazer de Navegantes um “carnaval do sossego”, para desfrute das belezas naturais e sem a festa de momo.