Num vídeo filmado por uma das moradoras, uma senhora – Dona Marli – com problemas cardíacos e respiratórios, e carregando uma sacola, caminha pela marginal ao sair da rodoviária em direção ao acesso da cidade. Ela enfrenta o pó da rodovia, o perigo da exposição a caminhões pesados, acaba passando mal e tendo que usar a bombinha de inalação.
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“Dona Marli têm duas molas no coração e sérios problemas de pulmão. Imagina fazer o trajeto à noite, com chuva e com o sol escaldante do verão nestas condições. Ela mora no São Cristóvão, bem longe da rodoviária”, apontou a moradora que registrou o vídeo e pediu ao DIARINHO para não se identificar.
“Essa é a condição humana de Barra Velha; olha o trecho gigantesco que temos, olha o barulho, o perigo que é isso daqui. É assim que tratam os cidadãos aqui de Barra Velha”, completa.
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A situação demonstra o drama de moradores que pedem, há um ano e dois meses, o retorno da rodoviária ao seu prédio próprio – construído originalmente há 33 anos – e que acabou fechado por conta de problemas contratuais entre proprietários e a prefeitura.
Na ocasião, o então prefeito Douglas da Costa (PL) alegava dificuldades para renovação do contrato, e definiu a locação da nova área, distante pelo menos dois quilômetros do centro.
Na opinião de Douglas, na época o modelo de Balneário Piçarras, que também deslocou sua rodoviária do centro para a marginal da BR 101, foi a inspiração para que Barra Velha adotasse a mesma medida. A população, porém, desaprovou. Quando instalado, o estabelecimento não oferecia condições adequadas de estacionamento, venda de passagens e comodidade. A pressão da comunidade vem desde então.
Douglas acabou afastado e preso pela Justiça em 24 de fevereiro de 2024, em decorrência da Operação Travessia, do Ministério Público. A problemática da rodoviária acabou virando um grande impasse.
Também foi há um ano – em 6 de fevereiro de 2024 – que o então prefeito interino e agora prefeito titular, Daniel Cunha (PSD), prometeu na Câmara de Vereadores que iria rescindir o contrato com o estabelecimento atual, pertencente a uma rede de postos de gasolina, para realocar a rodoviária para o endereço original.
Na ocasião, Daniel apontou que o contrato de locação seria de R$ 60 mil. Ele adiantou que esperaria seu término e que já tinha avançado na negociação com os proprietários da rodoviária original, construída em 1992 pelo empresário Tito Chrostowski Gornicki, já falecido. Até agora, nada mudou. Procurada pelo DIARINHO, a prefeitura de Barra Velha não retornou para se posicionar sobre o problema
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