Robison: Depende da pesquisa. A pesquisa do Mapa apontou uma diferença grande para nós, acho que muito parecida com o resultado da eleição. Foram 45 dias muito intensos, internamente a gente tinha números que apontavam uma vitória, mas nós trabalhamos com muita humildade, com os pés no chão. [A visita do Bolsonaro a Itajaí teve impacto decisivo?] A vinda do Bolsonaro foi muito importante. Nós já tivemos outras oportunidades com o presidente, em Brasília, em Balneário Camboriú e em São José. Ele sempre expressou o seu apoio e a vinda dele para Itajaí foi marcante. Não só a vinda dele, como do Nikolas Ferreira [deputado mineiro], uma grande liderança jovem do país.
Quais nomes já estão definidos para a equipe de transição?
Robison: Os nomes que participaram desse processo são pessoas técnicas; pessoas com histórico no mercado, uns vindos da universidade. A transição oficialmente será iniciada no dia 1º de novembro. [Tem uma receptividade do atual governo?] Eu vejo, de certa forma, os secretários dispostos a colaborar. Acredito que vai ser uma transição bastante amistosa, colocando Itajaí acima de qualquer diferença política ou partidária. [Quem vai fazer a coordenação da transição?] Eu. O coordenador da transição é o prefeito eleito. Eu quero estar por dentro de tudo, coordenando já. [Esses nomes que estão participando da transição já ficam para o governo?] Não tem esse compromisso. Acredito que a grande maioria não deva participar do governo.
PM Tadeu ou Mocelin na Segurança, Eclesio no porto, Zanelato em Obras, Pegorini na presidência da Câmara, além de Anna Carolina no Bem-Estar Social. Algum nome está confirmado?
Robison: A Anna Carolina já fizemos o convite, estamos conversando. O Tarcísio também. O Tarcísio contribuiu muito conosco do ponto de vista da experiência. Ele já foi secretário de Obras e é um perfil adequado para a cidade. A grande parte dos nomes já deve ser anunciada em meados de novembro. [Não tem nenhum nome confirmado já?] O Tarcísio deve ser o secretário de Obras da nossa gestão. Com relação ao Tadeu, nós temos conversado, é um nome que nos agrada bastante. [A Lei da Ficha Limpa não prevê a condenação como um excludente para alguém ocupar um cargo comissionado?] A condenação dele não está transitada em julgado. É algo que a gente está discutindo, não tem nenhuma oficialização, mas é um perfil que nós queremos para a segurança pública em Itajaí. [Que perfil é esse, prefeito?] Perfil de segurança pública, de atuação, presente. Nós queremos empoderar cada vez mais os profissionais da segurança pública. O perfil do Tadeu nos agrada bastante. Mocelin é um bom nome, talvez não para a Segurança Pública, mas em outra área de governo.
O senhor pretende realizar uma reforma administrativa no início do seu governo?
Robison: É uma possibilidade fazer uma reforma administrativa e, se possível, ser enviada para a Câmara pelo atual grupo. Eu gostaria de entrar no dia 1º de janeiro já com o enxugamento das estruturas de governo. Vou dar um exemplo: a Feap. Eu vejo com muito bons olhos a política da formação profissional, mas entendo que essa política tem que ser de forma terceirizada, com as parcerias Sesc/Senai e Univali. Provavelmente, a Feap vai estar dentro do Desenvolvimento Econômico, mas num contexto diferente. Nós estudamos fazer a junção das secretarias de Assistência Social e Promoção da Cidadania. [Como está a situação financeira da prefeitura?] O panorama é preocupante. Itajaí, dentre as 20 maiores cidades do Estado, é a que apresenta a menor capacidade de investimento em termos percentuais. Nós temos cidades, por exemplo, que têm esse percentual de capacidade de investimento próximo de 15%. A de Itajaí é menor de 5%. Itajaí arrecada muito bem, mas de certa forma, gasta mal. Esse é o grande desafio: enxugar a máquina. A questão dos aluguéis, por exemplo, em quatro anos foram R$ 50 milhões. Nós vamos rever isso. [Quantos cargos comissionados tem hoje?] Cerca de 750. Estamos trabalhando nesse primeiro momento com uma de redução entre 20% e 25%. A gente tem estudado pasta por pasta. [O senhor não tem compromisso com os partidos da coligação?] Os partidos vão participar do processo, mas a cidade está acima das questões partidárias. Vamos reduzir e enxugar a máquina, vai sobrar mais dinheiro e vamos conseguir honrar os compromissos que assumimos na campanha.
Existe a possibilidade de cargos de primeiro escalão no seu governo serem ocupados por políticos de Balneário Camboriú ou Navegantes, onde o PL não conquistou as prefeituras?
Robison: Não, não tem nenhuma conversa nesse sentido. Qualquer coisa fora disso é especulação. Nós não conversamos com absolutamente ninguém ligado aos partidos de outras cidades.
O senhor anunciou a intenção de interromper o contrato do programa “Escola da Inteligência”. Com relação ao contrato da vigilância armada nas escolas, que terá consumido R$ 17 milhões até o fim deste ano, e considerando os problemas de segurança, incluindo o roubo de armas, qual será a sua decisão sobre esse contrato?
Robison: Nós estamos analisando esse contrato. Eu acredito que precisamos trabalhar muito na questão da capacitação e da formação. Eu vejo com bons olhos a necessidade de ter um profissional de segurança nas escolas. Em relação à segurança pública, precisamos mais efetivo da PM e essa é uma conversa que estou tendo com o governador Jorginho Mello frequentemente. [O senhor vai cortar a Escola da Inteligência ?] Sim, vai deixar de existir já no começo do governo. Eu não estou desqualificando a importância da causa, que é a questão da inteligência emocional para as nossas crianças, mas nós vamos buscar outras alternativas mais viáveis e economicamente mais baratas. [O fim do contrato com a empresa que prestava manutenção e limpeza trouxe problemas. O senhor está tomando pé dessa situação?] Eu estive no Balcão do Emprego para acompanhar esse processo, a empresa que está assumindo temporariamente ainda estava em fase de contratação. É uma situação preocupante, por isso a transição é tão importante, para que serviços essenciais não sofram paralisação. Existem muitos contratos que precisam ser realizados nesse governo e que terão continuidade nossa. [Por exemplo?] A questão da merenda, uniforme escolar, agência de publicidade. São contratos que precisam ser feitos agora para que não sofram paralisação no início do nosso governo e comprometam a população.
O convênio de delegação do Porto termina em 31 de dezembro de 2024, e não há garantia de renovação por parte do governo federal. A criação de uma empresa pública, exigência da Antaq para a renovação, ainda não foi executada. O senhor teme que o Porto deixe de ser municipal?
Robison: Seria traumático para Itajaí. Nós estamos trabalhando para que isso não aconteça. Nós já tivemos essa experiência de um porto federalizado até 1995, quando na época o prefeito Arnaldo Schmitt tomou essa iniciativa, depois confirmada em 1997 pelo prefeito Jandir Bellini com o contrato de 25 anos. Tem decisões importantes que cabem à cidade. Tem a questão da construção de um píer de passageiros. Nós vamos dividir locais para navios de carga geral, de contêineres e de transatlânticos. Nós precisamos ter um terminal exclusivo para os passageiros. Como prefeito de Itajaí, eu vou defender os interesses da nossa cidade. Eu trabalho e tenho um bom relacionamento com a equipe técnica da Antaq, do próprio ministério, nós conversamos frequentemente a respeito desses temas. Nós temos o compromisso de tornar a máquina mais eficiente. Hoje, temos 25 cargos no porto, temos o compromisso de reduzir 50% dos cargos. O porto ficou um ano e meio sem movimentação de cargas e esses cargos permaneceram. Nós vamos ter cargos estratégicos e necessários. Vai sobrar mais recurso para fazer investimento. Hoje, o porto Itajaí deve R$ 35 milhões em dragagem. Arrecadou através da tabela 1 e não pagou! É uma conta que vai ficar para a nossa gestão. A questão da empresa pública é uma exigência. Nós somos o único porto do Brasil que não se transformou ainda em empresa pública. É uma necessidade e o projeto está na Câmara. [Existe alguma preocupação que Itajaí deixe de operar a carga geral?] Nesse um ano e meio de ausência da movimentação de contêiner, o que colocou comida na mesa do trabalhador e do caminhoneiro foram as operações de carga geral. Eu sempre digo que o contêiner paga a conta da cidade e a carga geral bota comida na mesa do trabalhador. Nosso objetivo é conciliar as operações. Precisamos da expansão do porto e precisamos ter a caneta na mão pra tomar esse tipo de decisão.
Como será a relação com a Câmara de Vereadores? O PL pretende articular a presidência da Casa? Existem três nomes cogitados: Fernando Pegorini (PL), Anna Carolina (PSDB) e Beto Cunha. Quem o senhor apoiará?
Robison: As urnas foram bastante gentis comigo e com o Rubens. Nós elegemos oito vereadores, seis do PL, um do PSDB, que é a Anna Carolina, o Maurílio pelo PP e mais o Beto Cunha, que todo mundo sabe sempre foi alinhado com a gente. Nós já tivemos uma reunião com todos os nove, e existe um consenso que nós estaremos trabalhando em conjunto. Os vereadores terão autonomia para escolher a sua composição, mas sempre conciliando os interesses, logicamente, do Poder Executivo. Estou trabalhando, e nós vamos ter a presidência da Câmara, sim. O Pegorini colocou o nome à disposição e o nosso time viu com bons olhos. Beto é um nome bom, Adão Bittencourt é um nome muito bom, o próprio Pedro, mas ele tem a questão de estar no final de carreira na Celesc.
Itajaí é um dos municípios-âncoras do Promobis, ao lado de Balneário e Navegantes. O senhor pretende dar continuidade ao projeto, incluindo a construção do túnel entre Itajaí e Navegantes?
Robison: Sim, pretendo. É uma conta que se paga. Esse é o tipo de investimento que traz retorno ao município. Outros investimentos vêm atrelados. O governador é um entusiasta desse processo. O governo é avalista do processo, são 28 milhões de dólares que serão custeados pelo governo.
Sobre a pastora Paula, que era chefe de gabinete do governo Morastoni e foi candidata derrotada pelo PL, ela retornou ao governo e foi demitida novamente. Ela fará parte do seu governo?
Robison: A Paula disputou a eleição, foi a segunda suplente. E, logicamente, o Rubens teve uma conversa com ela sobre essa decisão de voltar ao governo, que logicamente contrariou os interesses do partido. Hoje, ela faz parte do partido, é filiada. Houve um descumprimento, mas é uma questão que a gente está tratando internamente.
Na campanha, o senhor e o vice, Rubens Angioletti, mencionaram que governariam juntos. Como será essa divisão? Ele terá um espaço no gabinete e vocês tomarão decisões em conjunto?
Robison: O Robison vai ficar mais responsável pela gestão, pelo contato com as empresas, com a gestão do dia a dia. O Rubens vai fazer o trabalho de fiscalização, de dentro pra fora da prefeitura. [Como vice ele vai ter algum cargo?] Não, o Rubens vai continuar como vice-prefeito e não assume uma secretaria. [Vai ter um gabinete junto?] Não, vai ter um gabinete pra ele, mas ele vai estar participando do dia a dia das reuniões, não tem nada para esconder um do outro.