PENHA
Decisão proíbe que elefanta Baby, do parque Beto Carrero, seja levada para zoológico paulista
Medida atende pedido de ONG, que quer que animal vá para um santuário de elefantes
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Em decisão liminar, a juíza Elaine Marraschi, da 2ª Vara de Penha, proibiu que o parque Beto Carrero transfira a elefanta Baby, a mais velha do Brasil, com 32 anos, para um zoológico de São Paulo. A transferência se daria devido ao processo de encerramento do espaço Mundo Animal, o zoológico do parque, anunciado ainda em junho.
A decisão concedeu a guarda provisória da elefanta para a ONG Princípio Animal, que havia entrado com ação civil pública pra suspender a transferência de Baby para outro zoo, onde permaneceria em cativeiro. A entidade defende que o animal seja destinado para o Santuário de Elefantes Brasil, que fica numa área de 1100 hectares na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso.
A mudança de destino ainda não está confirmada, mas o santuário concordou em receber Baby. No despacho, a juíza determinou a apresentação de documento firmado pelo santuário, por meio do qual a organização se comprometeria a fazer a transferência adequada da elefanta para o local.
A ONG buscou suspender a transferência para outro zoológico pra evitar que o animal, já velhinho, passe o resto da vida num local mais digno e com garantia de bem-estar. “A decisão é um marco na construção dos direitos animais e efetiva a tutela jurisdicional defendida pela Constituição Federal”, comemorou a entidade sobre a primeira vitória na justiça.
Na ação judicial, foram apontados aspectos da dignidade animal e características dos elefantes, além de estudos que a transferência de Baby para outro zoo violaria o bem-estar animal. “Zoológicos representam modelo de "entretenimento" inconsistente com os avanços dos direitos animais e a ética ambiental. A exibição de animais como forma de “lazer” é prática arcaica, que fere os princípios de dignidade animal”, destaca a ONG.
De acordo com a Princípio Animal, o santuário se colocou à disposição pra fazer a transferência de Baby, oferecendo, além do transporte, a estrutura pra acomodar a elefanta, “garantindo-lhe um ambiente mais próximo ao seu habitat natural”. O santuário é um local de proteção dos elefantes, não aberto ao público, criado pelas organizações internacionais Global Sanctuary for Elephants (GSE) e Elephant Voices, e gerido por especialistas.
Destino incerto após fechamento do Mundo Animal
A Baby é uma elefanta de origem asiática que estava entre os diversos animais do zoo do Beto Carrero. Em 32 anos de funcionamento, o espaço Mundo Animal chegou a abrigar mais de mil animais de 237 espécies. Após o anúncio de fechamento da área, várias organizações ambientais passaram a acompanhar o caso, preocupadas com a destinação dos bichos, que não foi divulgada publicamente.
Em julho, o Ministério Público abriu um processo, questionando o parque sobre o destino dos animais e as medidas pra garantir o bem-estar deles. Na ocasião, o parque informou que as transferências estavam sendo feitas em conformidade com os órgãos ambientais e dentro das melhores práticas e que o sigilo do destino era medida de segurança para os animais e aos locais que os abrigariam.
O Beto Carrero informou, através da assessoria, que não recebeu qualquer citação da justiça. "Tão logo estiver ciente, tomará as providências que entender cabíveis," informou a nota oficial do parque.