Luto
Morre em Penha o popular pescador Chiquinho do Passo Triste, aos 85 anos
Francisco João Pereira, que trabalhou na lendária pescados Krause, era considerado o mais ágil pescador de camarão de Penha
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
![Chiquinho ao centro, com o filho e o neto: tradição pesqueira em Armação do Itapocoróy / Divulgação.](/fotos/202408/700_66b94935303a3.jpg)
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A comunidade de Penha perdeu neste sábado, dia 10 agosto, parte da história da sua pesca industrial, por conta do falecimento do pescador Francisco João Pereira, o Chiquinho do Passo Triste, 85 anos. Ele vinha sofrendo complicações do quadro de saúde desde um AVC que sofreu havia 12 anos, e faleceu no pronto atendimento 24h de Penha, no centro da cidade.
Vô Chiquinho, como era conhecido, deixou cinco filhos, nove netos, sete bisnetos, e segundo familiares e moradores de Armação do Itapocoróy, era um grande penhense e exímio pescador. Chiquinho também era pai da saudosa pastora Maria das Neves Pereira Bittencourt, de Armação do Itapocoróy, falecida em 2016 e vinculada à Igreja do Evangelho Quadrangular de Penha.
“Ele construiu todo seu legado profissional, familiar e pessoal na pesca, contribuindo para o crescimento e valorização dessa profissão. Foi o chefe de frota da antiga Pescados Krause a maior empresa de pescados da região, situada entre a Praia Alegre e o Rio Iriri”, lembra o neto, Luizinho Américo, cuja família seguiu na atividade pesqueira.
O termo “Passo Triste” já vinha de família; era o apelido do saudoso Georgino Reis, pai de Chiquinho, que também se tornou figura histórica de Armação do Itapocoroy, onde estabeleceu uma barbearia.
Segundo os familiares, ele foi uma das maiores referências da pesca do camarão no litoral sul e sudeste do Brasil, devido à habilidade que tinha na captura do pescado. Além dos barcos da Krause, trabalhou ainda para embarcações como a Elisa, Dona Ivonete, Águia Dourada, Voga e outras.
“Foi um exemplo de amigo, homem, pai e avô. Tenho certeza de que eterniza seu nome com uma história de força, dedicação e coragem”, reforçou Luizinho ao DIARINHO. Ele esteve ainda no pronto-atendimento de Penha, com o avô momentos antes do agravamento do quadro, que levou a uma parada cardíaca. O velório ocorreu na Igreja do Evangelho Quadrangular em Armação da rua Oliveira, também em Armação, e ele foi sepultado nesta tarde de domingo, no cemitério do centro.
Nas redes sociais da internet, também houve grande repercussão. Vera Mafra, afilhada de Chiquinho, sentiu muito a notícia. Ela expressou seus sentimentos a toda a família e também à dona Celina, madrinha de Vera e viúva de Passo Triste, com quem tinha completado 60 anos de casamento em janeiro deste ano.
O amigo pescador Wilson Cordeiro foi outro que usou as redes sociais para lamentar a partida de Chiquinho.
Bajara: "era um pescador abençoado"
Já para o professor Eduardo de Souza, o Bajara, a perda não tem como ser mensurada para a história da pesca. "Seu Chiquinho foi um dos grandes mestres da arte de pescar, de um tempo que não tinha motor nem aparelhos ou previsão; a pesca era feita a remo e vela, e o tempo era adivinhado observando a natureza", relatou
ao DIARINHO.
Bajara, historiador popular e presidente da Fundação de Cultura Picucho Santos, lembra que o pescado "governado" (preparado) por Chiquinho, tanto peixe como camarão, era "salgado" - daí o termo "salgas", abundantes no litoral catarinense. "Não havia refrigeração nem muito menos gelo", e além de pescar, ele preparava o que era capturado. "O meu saudoso avô Vitor se referia a ele sempre com muito respeito, falando que 'o irmão Chiquinho é um abençoado'", finaliza.