ITAJAÍ

Dragagem do canal portuário de Itajaí pode parar por falta de pagamento

Dívida chegou a R$ 28 milhões em julho; empresa ainda cobra o reajuste

Porto aguarda ajuda de R$ 50 milhões do governo federal que foi prometida e não paga
(foto: FRAN MARCON)
Porto aguarda ajuda de R$ 50 milhões do governo federal que foi prometida e não paga (foto: FRAN MARCON)

A dragagem do canal portuário do rio Itajaí-Açu está novamente sob risco de interrupção por falta de pagamento à empresa Van Oord, responsável pelo serviço. Em julho, a empresa cobrou uma dívida de R$ 28 milhões da Superintendência do Porto de Itajaí. O município ainda aguarda o repasse de R$ 50 milhões prometidos pelo governo federal. Dos recursos aprovados na Câmara de Vereadores, apenas R$ 10 milhões foram repassados para quitar parte da dívida.

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) já foi informada oficialmente de que, caso a dívida não seja quitada, há risco de interrupção do serviço. Uma reunião realizada na semana passada tentou buscar um acordo, mas a definição segue pendente até que o governo federal decida liberar o dinheiro anunciado.

Continua depois da publicidade

A empresa também anunciou que, a partir de setembro, haverá um reajuste de 4,87% no contrato. A Van Oord alegou ainda um “desequilíbrio econômico do contrato” devido ao aumento da demanda de dragagem nos últimos dois anos. A quantidade de material dragado foi muito superior à cota estabelecida em contrato, que é de cerca de três milhões de m³ por ano.

Com isso, seria necessária uma revisão de custo, que atualmente é de R$ 7,1 milhões mensais para o porto. O rombo nas contas do porto para 2024, conforme relatório da superintendência, é de R$ 72,5 milhões, incluindo as parcelas da dragagem para janeiro e fevereiro de 2025. O saldo considera a receita de R$ 89 milhões prevista para 2024, descontando os custos com despesas gerais (R$ 60 milhões) e com a dragagem (R$ 100,9 milhões).

Continua depois da publicidade

Para equilibrar as contas, o porto espera receber os R$ 21,8 milhões aprovados pela Câmara de Vereadores para custeio da dragagem e o aporte de R$ 50 milhões do governo federal, que ainda não foi formalizado. “O Governo Federal (MPor/SNP) confirmou a intenção de aportar R$ 50 milhões, mas há dificuldades para formalizar o repasse do recurso, o que segue sendo analisado pela Cojur [Consultoria Jurídica]”, informou a Antaq no processo.

O governo federal, por meio da Secretaria Nacional de Portos do Ministério de Portos e Aerportos, também solicitou manifestação da Superintendência do Porto de Itajaí sobre a renovação do contrato de dragagem e as condições de prestação do serviço. O atual contrato vai até dezembro, e uma nova licitação precisa ser realizada para garantir a continuidade da dragagem no ano que vem, sob risco de o canal portuário ficar sem o serviço.

 

Arrendamento  definitivo sem prazo

A superintendência quer a elaboração do edital do arrendamento definitivo, mas confirma a indefinição pelo governo federal, o que dificulta o lançamento da licitação, “pois não há certeza sobre qual seria o prazo”. Outro ponto é se a dragagem ficará mesmo sob encargo da futura arrendatária após o leilão, como prevê a proposta federal. Segundo o porto, a nova lei de licitações (14.133/21) e a “Lei dos Portos” (12.815/13) permitiriam a renovação do contrato por até 10 anos.

A prorrogação foi vista pela superintendência como solução para a continuidade dos serviços de dragagem, mas dependeria do pagamento da dívida com a Van Oord. A princípio, o contrato seria renovado nos valores atuais, mas a empresa já anunciou que precisa de um reajuste. A equipe de fiscalização da Antaq solicitou um parecer jurídico sobre a viabilidade da renovação do contrato, pois há um entendimento de que ele não poderia ser renovado na mesma fórmula jurídica do atual.

 

Continua depois da publicidade

Tarifa portuária mais cara e incerteza sobre a dragagem

Clientes que operam no Complexo Portuário de Itajaí tiveram reajuste de 38% (foto: João Batista)

Tarifas de operação no complexo portuário de Itajaí tiveram reajuste de 38% (foto: João Batista)

 

O custo de operação portuária cobrado dos clientes que utilizam o complexo portuário de Itajaí sofreu um reajuste de 38%. O aumento foi solicitado pela superintendência do Porto à Antaq em 2023, apontando um déficit na cobrança desde 2021. O reajuste é referente ao período de 4 de dezembro de 2021 a 31 de dezembro de 2023, sobre as tarifas do Porto de Itajaí.

Ainda assim, o porto segue com as contas no vermelho, e os armadores estão descontentes com os riscos e a oscilação no serviço de dragagem, o que compromete a atracação de navios com mais carga. A arrecadação, comprometida pelo esvaziamento do terminal de contêineres, que aguarda a retomada das operações após a JBS/Seara assumir o contrato transitório, não cobre os custos administrativos, a folha de pagamento e a dragagem. Para 2024, o custo com a folha é de R$ 37 milhões. Hoje, o porto tem 89 funcionários – eram 167 até 2017. O programa de demissão voluntária teve adesão de 53 pessoas até 2022. A queda na arrecadação minou a capacidade de investimentos do porto, que está sem previsão de novos projetos para este ano.

Continua depois da publicidade

Atualmente, a dragagem no canal portuário está sendo realizada pela draga Njord, que elimina os sedimentos do fundo do rio por meio de jatos de água. Em maio, o porto reforçou o trabalho com a draga Utrecht, que suga o material do canal para descarte em alto-mar. O canal portuário precisa operar com profundidades mínimas de 13,5 e 14 metros para as manobras dos navios.

Reunião não teve acerto

No dia 25 de julho ocorreu a segunda reunião do mês – a primeira foi em 12 de julho – para definir o plano de trabalho e chegar a um acordo financeiro que garantisse a manutenção da dragagem. Além de representantes do Porto de Itajaí, da Antaq, do Ministério dos Portos e da Van Oord, participaram da discussão diretores da Secretaria Estadual de Portos, da Portonave, que é o maior operador de contêineres do sul do Brasil, e da JBS/Seara.

A assessoria da superintendência do porto informou que a prorrogação do contrato foi discutida, mas que ainda não houve acerto. A espera seria por uma definição do Ministério dos Portos quanto à ajuda financeira. O valor devido pelo porto à empresa em julho era de R$ 28 milhões. Neste ano, foram pagos R$ 15 milhões, com repasses em fevereiro e maio. Valores vencidos em junho e julho estão pendentes. São R$ 7,1 milhões por mês até fevereiro de 2025 do atual contrato.

Segundo o porto, foram pagos R$ 10 milhões de recursos da prefeitura aprovados pela Câmara em abril. Em julho, o Legislativo liberou mais R$ 26 milhões para o porto, sendo R$ 21 milhões destinados para a dragagem. Desse valor, um novo repasse de R$ 10 milhões deve ser feito à empresa. Enquanto isso, o porto aguarda a ajuda do governo federal. A verba, porém, só poderá ser liberada após o período eleitoral.

Continua depois da publicidade

O DIARINHO questionou a Secretaria Nacional de Portos do Ministério de Portos e Aeroportos sobre o motivo de o valor, anunciado em maio como “certo”, ainda não ter sido liberado. O órgão prometeu responder “assim que possível”.




Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






3.141.192.51

TV DIARINHO


😷🚨 ALARME LIGADO! UTIs lotadas e baixa vacinação contra a gripe preocupam autoridades! Em Itajaí, só ...





Especiais

Autorização de limpeza de pasto mascara e 'legaliza' desmatamento ilegal

meio ambiente

Autorização de limpeza de pasto mascara e 'legaliza' desmatamento ilegal

O recomeço de Muçum, a cidade que foi três vezes levada pelas águas

RESILIÊNCIA

O recomeço de Muçum, a cidade que foi três vezes levada pelas águas

Minoria dos promotores acha que fiscalizar a polícia é prioridade do Ministério Público

PESQUISA

Minoria dos promotores acha que fiscalizar a polícia é prioridade do Ministério Público

Como a guerra entre grupos criminosos fez a violência explodir na Zona Oeste do Rio

SEGURANÇA

Como a guerra entre grupos criminosos fez a violência explodir na Zona Oeste do Rio

“Países estão com pé no acelerador das renováveis, mas também dos combustíveis fósseis”

entrevista

“Países estão com pé no acelerador das renováveis, mas também dos combustíveis fósseis”



Blogs

Resumo da entrevista que fiz com o Paulo Sérgio, ídolo do Bayer Leverkusen

A bordo do esporte

Resumo da entrevista que fiz com o Paulo Sérgio, ídolo do Bayer Leverkusen

Renatinho Júnior irá presidir o Manda Brasa de Camboriú

Blog do JC

Renatinho Júnior irá presidir o Manda Brasa de Camboriú

Cuidado! Os metais pesados nos intoxicam, saiba o que fazer.

Espaço Saúde

Cuidado! Os metais pesados nos intoxicam, saiba o que fazer.



Diz aí

“Eu acho que isso pode acontecer. Pode acontecer do PSD estar com o PL”

DIZ AÍ, FABRÍCIO OLIVEIRA

“Eu acho que isso pode acontecer. Pode acontecer do PSD estar com o PL”

“Não sou favorável a golpe, e também não acredito que houve tentativa do golpe”, diz Fabrício Oliveira

DIZ Aí!

“Não sou favorável a golpe, e também não acredito que houve tentativa do golpe”, diz Fabrício Oliveira

Ex-prefeito de BC participa do programa “Diz aí!”

BALNEÁRIO

Ex-prefeito de BC participa do programa “Diz aí!”

"A gente praticamente dobrou o número de serviços semanais"

Diz aí, Aristides!

"A gente praticamente dobrou o número de serviços semanais"

Chefão da JBS Terminais participa do “Diz aí!” nesta quarta-feira

AO VIVO

Chefão da JBS Terminais participa do “Diz aí!” nesta quarta-feira



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.