Casal dono de clube de tiro já forneceu armas pra bandidos e pra polícia de BC
Fuzis usados em assaltos a cooperativas de crédito entre 2021 e 2022 teriam sido comprados legalmente da empresa
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Armas apreendidas eram legalizadas e foram usadas por assaltantes de cooperativas de crédito
(Foto: Arquivo/Franciele Marcon)
Operação em 2023 recolheu armas após clube fechar em Camboriú (Foto: Arquivo/Divulgação/Polícia Civil)
Além de acusado de golpes contra clientes, o casal de atiradores preso em um restaurante famoso na Praia dos Amores, em Balneário Camboriú, na tarde de domingo, também estaria metido no fornecimento de armas pros bandidos que assaltaram cooperativas de crédito em Itajaí entre 2021 e 2022. Os fuzis usados nos roubos foram comprados no Clube de Caça & Tiro (CCTC), fundado pelo casal que fez disparos contra pessoas na confusão no domingo.
Em 2022, uma operação conjunta da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Itajaí com a Polícia Militar prendeu três envolvidos nos roubos contra a Sicredi, no bairro São Vicente, ocorrido ...
Em 2022, uma operação conjunta da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Itajaí com a Polícia Militar prendeu três envolvidos nos roubos contra a Sicredi, no bairro São Vicente, ocorrido em outubro de 2021, e contra a Viacredi, na Itaipava, em fevereiro de 2022. Nas ocorrências, os bandidos tinham fugido com R$ 230 mil em dinheiro das agências.
Na casa dos envolvidos, a polícia encontrou armamento pesado usado nos crimes: dois fuzis, uma carabina e duas pistolas. As armas apreendidas eram legalizadas e estavam em nome de um dos detidos, que era responsável pelo armamento do bando e não tinha passagens policiais. As armas teriam sido compradas legalmente para o ataque às agências.
Bandidos do mesmo grupo também teriam assaltado a agência do CredCrea, na praia Brava, em julho de 2021. Em 2023, uma nova operação prendeu outros seis membros da quadrilha, incluindo o homem considerado líder do bando, e mais armas, entre rifle, revólver e duas pistolas. Um dia depois, mais um suspeito de envolvimento também foi preso.
O clube de Camboriú também já forneceu armas para a segurança pública de Balneário Camboriú. Em 2021, sete fuzis de última geração foram entregues em ato no próprio clube para a Polícia Militar (três fuzis), Guarda Municipal (três fuzis) e Polícia Civil (um fuzil), com representantes das forças de segurança. As armas foram doadas pelo grupo Almeida Júnior, por meio de parceria com o Conselho Comunitário de Segurança e Cidadania (Conseg) e o CCTC.
Apreensão de 218 armas em 2023 e calote em clientes
O CCTC está fechado desde agosto de 2023, “devido ao novo decreto [para o registro de armas] e a uma diminuição no movimento ao longo deste ano”, segundo consta em comunicado no perfil do clube. Em 2023, dois decretos federais definiram novas regras, reduzindo o limite de armas e munições e retomando exigências que tinham sido derrubadas. Sob a nova legislação, o número de registros de armas caiu.
Em setembro de 2023, uma operação da Polícia Civil apreendeu 218 armas no clube de tiro de Camboriú. O motivo foi que as armas estavam mantidas em situação precária e não havia câmeras de monitoramento e nem energia elétrica no local, que já estava desativado. Pela lei, esse tipo de estabelecimento deve ter segurança 24 horas.
A maior parte das armas recolhidas foi comprada por pessoas físicas para registro como CAC (Colecionador, Atirador ou Caçador) e ainda tinha pendências no Exército para emissão da autorização individual. Segundo a Polícia Civil, os donos do clube foram alvo de denúncias de estelionato por não terem entregado as armas aos clientes e ainda por porte ilegal de arma de fogo.
Justiça decide que casal fica preso
E.C., de 50 anos, o conhecido Portuga, que teve o rosto desfigurado durante a confusão com tiros na praia dos Amores, não vai tão cedo andar livremente. Assim que receber alta hospitalar seguirá diretamente para a prisão junto com a esposa.
Nesta segunda-feira, Portuga e a esposa A. tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva. “A mulher passou por audiência de custódia nesta segunda-feira e assim que o custodiado estiver em condições - ele encontra-se hospitalizado neste momento - será apresentado ao juízo para a realização da respectiva audiência”, informou o Tribunal de Justiça. Portuga está internado no hospital Marieta com escolta policial.
Portuga já foi sócio do Rosseto Clube de Tiro e posteriormente abriu o Clube de Caça e Tiro (CCTT) com sede em Camboriú, e filiais em Itapema e Tijucas. “Ele vendeu armas para várias pessoas e não entregou. Ele lesou muita gente em Tijucas, Camboriú e Itapema. Por isso, muitos queriam matá-lo”, contou um policial ao DIARINHO.
No domingo, um cliente que pagou por armas que nunca recebeu e seu irmão foram cobrar a dívida de Portuga e de sua esposa que estavam na área externa do restaurante Distretto. Durante a briga, a mulher de Portuga sacou uma arma e tentou atirar, mas foi impedida pelo irmão do homem. Portuga mordeu a sobrancelha do homem que segurou ele e a esposa. Com a ajuda de um policial Civil que estava no local, o casal acusado de estelionato acabou detido até a chegada da polícia Militar. Portuga e A. agora também vão responder por tentativa de homicídio e porte ilegal de arma.
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