A retomada das operações é anunciada entre os dias 6 e 7 de julho, com um navio carregado de 710 contêineres com carros da BYD. A visita do presidente para marcar o novo momento do porto deve ser acompanhada por ministros, incluindo o titular do Ministério dos Portos, Silvio Costa. Será a primeira vez que Lula virá a Santa Catarina neste terceiro mandato. A agenda no estado poderá incluir visita às obras do Contorno Viário de Florianópolis.
Em Itajaí, Lula deve assinar o convênio de delegação da autoridade portuária por mais 25 anos, medida confirmada pelo governo federal ainda em 2023, bem como falar do processo do arrendamento definitivo do porto pelo prazo de 35 anos. O edital para o leilão, em elaboração pela Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), tem previsão de ser lançado no segundo semestre.
“Durante quatro anos, vimos o descaso e o abandono com o porto de Itajaí, mas agora, com o governo Lula, o governo da reconstrução, estamos ativando ele de volta. Vamos acompanhar de perto esta visita que promete trazer grandes novidades para o nosso estado”, comentou Ana Paula Lima. Ela e Décio Lima, presidente do Sebrae, estão por trás das conversas pra definição da agenda de Lula em Santa Catarina.
Décio ressaltou que essa é terceira vez que Lula “salva” o porto, lembrando as obras de recuperação do molhe e reconstrução após a enchente. Para ele, foi o descaso no governo Bolsonaro que deixou o terminal parado. “Agora, o Porto de Itajaí voltará a operar 100%. Isso vai significar o crescimento do PIB no nosso estado e no Brasil. Isto vai significar geração de emprego e renda. Isto vai significar devolver a Itajaí o seu “Porto Seguro”, disse.
Processo de retomada
Em reunião no porto na sexta-feira, o diretor-executivo da Seara Operações Portuárias, Aristides Russi Júnior, ex-diretor superintendente da APM Terminals, ex-arrendatária do terminal peixeiro, confirmou a data da primeira atracação nesse processo de retomada. Será um navio com 710 contêineres de carros da BYD Auto.
“Ainda não se trata de uma operação forte, ou seja, com número expressivo de cargas, não é uma linha regular, sendo uma carga projetada por um agente, a BYD Auto, e que deve acontecer entre os dias 6 e 7 de julho. Estamos apenas aguardando a informação do armador e já estamos preparando todos os equipamentos”, comentou.
A retomada aguarda no momento apenas o processo de alfandegamento do terminal, em fase final junto à Receita Federal, segundo a Superintendência do Porto de Itajaí. Depois de receber o primeiro navio, a expectativa é de uma retomada gradual das operações de contêineres, com linhas regulares.
“Após esta primeira atracação, já estamos prevendo e podemos considerar uma sequência de operações com cargas de contêineres e, assim, voltamos ativamente com a retomada do porto na área arrendada”, destacou Aristides.
A Seara, do grupo JBS, assumiu em maio as operações do terminal de contêineres, após a Mada Araújo, vencedora do arrendamento transitório, transferir 70% das cotas da empresa para a gigante do setor de alimentos. A negociação teve o aval da Antaq. Este mês, o ex-diretor da APM Terminals voltou a Itajaí pra conduzir a retomada do porto pela Seara.
“Estou muito feliz de poder retornar a Itajaí, ainda mais com o apoio de todos. De antemão, quero agradecer a diretoria da SC Portos [arrendatária de carga geral], onde estaremos juntos nesta primeira atracação, e também agradecer a diretoria da Superintendência do Porto de Itajaí que, assim como toda a classe portuária local, em especial os trabalhadores portuários, me receberam de braços abertos para este novo desafio”, comentou.
Carros em contêineres
Embora existam navios especiais pra transporte de carros, em operações chamadas de “RoRo”, a demanda na importação de carros da China para o Brasil tem feito as empresas adotarem outras estratégias, como o transporte dentro de contêineres. A BYD já fez esse tipo de operação no Brasil. Em março, a empresa desembarcou o novo BYD Tan no porto de Cariacica (ES).
Num contêiner cabem dois carros do modelo. No caso do Dolphin Mini, seriam quatro. Os veículos ficam presos em pranchas empilháveis, que permitem serem movimentadas na operação de desembarque com o uso de empilhadeira. Após liberados, os carros ficam enfileirados no pátio de cargas para os processos de inspeção e tropicalização, que são as modificações em um carro importado pra se adaptar ao uso no Brasil.