A família de Emerson Francisco de Medeiros, de 37 anos, portador de deficiência mental e visual que frequenta a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) desde pequeno, está revoltada com a situação vivida na manhã desta sexta-feira. O homem, que não tem qualquer autonomia, foi esquecido por quatro horas dentro do ônibus da Apae, na avenida Joca Brandão, no centro de Itajaí, trancado no veículo fechado enquanto os termômetros marcavam quase 30 graus.
O caso foi denunciado à Polícia Civil e a família pede uma investigação do Ministério Público. A mãe de Emerson, Laudelina Sagaz de Medeiros, 65 anos, contou que todos os dias o ônibus ...
O caso foi denunciado à Polícia Civil e a família pede uma investigação do Ministério Público. A mãe de Emerson, Laudelina Sagaz de Medeiros, 65 anos, contou que todos os dias o ônibus da Apae busca o filho na rua Marcelino Machado, no Cidade Nova, antes das 7h da manhã, e o leva pra casa novamente antes das 13h.
Não foi diferente nesta sexta-feira. O ônibus pegou Emerson logo cedo, mas ele acabou esquecido no veículo estacionado em frente à instituição.
Emerson, que é portador de microcefalia, ficou trancado dentro do ônibus por cerca de quatro horas. Os funcionários da Apae só perceberam o incidente perto do meio-dia, quando os alunos voltaram para o transporte e Emerson ainda estava lá.
O aluno da entidade foi acolhido, recebeu água e o atendimento da equipe, antes de seguir para casa. Foram a secretária e a diretora da Apae que informaram o ocorrido e pediram desculpas à família.
O irmão de Emerson, assim como a mãe e o pai ficaram revoltados. “Meu irmão poderia ter morrido. Poderia ter voltado dentro de um caixão. Isso mostra que eles não têm qualquer tipo de controle e fiscalização. Como que um aluno assíduo, que não falta um dia, é esquecido dentro do ônibus?”, questiona o irmão Anderson Francisco de Medeiros, 43 anos.
Polícia vai investigar
Anderson registrou um boletim de ocorrência na delegacia e, na segunda-feira, irá solicitar à Apae as imagens das câmeras mostrando o irmão esquecido no ônibus. Ele diz que só está acionando a polícia e a imprensa porque não quer que isso aconteça com outros alunos. “Não quero dinheiro, não quero um centavo, quero que instaurem um procedimento para que isso não aconteça mais”, alegou.
Anderson contou que a monitora que fazia a linha da Apae saiu há pouco tempo e não foi substituída. Com isso, a direção teria deslocado uma colaboradora de outro setor provisoriamente para trabalhar no ônibus.
O DIARINHO fez contato com a Apae, mas a entidade disse que só irá se manifestar sobre o assunto na próxima segunda-feira.