Desmatamento da Mata Atlântica cai em áreas de Santa Catarina
Levantamento mostra uma redução de 86% em 2023 na comparação com 2022
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Área devastada foi a menor já registrada desde 2011 no estado
(Foto: Arquivo/João Batista)
Brasil teve queda de 27%, mas números ainda são preocupantes (Foto: Thomas Bauer / SOS Mata Atlântica)
Estado com o maior remanescente de Mata Atlântica do país, Santa Catarina registrou queda 86% no desmatamento em 2023, na comparação com 2022, conforme dados do Atlas da Mata Atlântica divulgado nesta semana pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Segundo a pesquisa, Santa Catarina foi o segundo estado que mais reduziu o desmatamento do bioma, seguido pelo Paraná (78%) e Minas Gerais (57%). Os três estados costumavam liderar o ranking ...
Segundo a pesquisa, Santa Catarina foi o segundo estado que mais reduziu o desmatamento do bioma, seguido pelo Paraná (78%) e Minas Gerais (57%). Os três estados costumavam liderar o ranking de derrubadas, mas agora tiveram dados positivos. Pelo levantamento, foram 149 hectares de Mata Atlântica devastadas no estado em 2023, representando área equivalente a 208 campos de futebol.
O total foi o menor desmatamento registrado desde 2011, quando o levantamento passou a ser anual. O estudo aponta que Santa Catarina tem 22,8% do território com cobertura de Mata Atlântica.
O Atlas da Mata Atlântica monitora áreas acima de três hectares (30 mil m²) de florestas contínuas, que respondem por 12,4% do bioma, onde estão as matas maduras, mais conservadas e os maiores remanescentes. Mas regiões em recuperação ou em estágios de desenvolvimento também fazem parte da floresta, ampliando a cobertura vegetal para 24%.
Considerando desmatamentos detectados em áreas maiores que 0,3 hectare (três mil m²), os dados mostram que as ocorrências também caíram no estado. Foram 734 hectares desmatados em 2023, ante 2.320 hectares em 2022. Já no Brasil houve aumento, passando de 74.556 para 81.356 hectares desmatados.
A diferença se dá, segundo o diretor da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, pela alta de derrubadas em áreas da floresta no cerrado e na caatinga, principalmente na Bahia, Piauí e no Mato Grosso do Sul. No geral, a tendência é de queda do desmatamento em áreas contínuas da Mata Atlântica e de aumento em áreas encravadas em outros biomas.
No resultado específico sobre desmatamento de restinga, que abrange a vegetação na zona costeira, Santa Catarina tem duas cidades entre 20 municípios que mais desmataram as áreas. Tijucas aparece no 9º lugar, com nove hectares desmatados, enquanto Araquari figura na 16ª posição, com oito hectares afetados. A lista é formada na maioria por cidades do Ceará, com 12 municípios incluídos.
Valores ainda são altos
Em todo o país, o desmatamento caiu 27% nas florestas de Mata Atlântica, passando de 20.075 hectares em 2022 para 14.697 em 2023. Santa Catarina integra lista com 12 estados que registraram queda na derrubada de árvores. Em quatro estados houve aumento na devastação: Piauí, Mato Grosso do Sul, Ceará e Pernambuco.
O resultado ainda é 29% maior que o registrado entre 2017 e 2018, quando houve o menor desmatamento da série histórica de monitoramento, que tem meta de zerar as ocorrências até 2030. Apesar da queda em áreas contínuas da Mata Atlântica, o estudo identificou alta no desmatamento em áreas de encraves e de transição da floresta com outros biomas, como o cerrado e a caatinga.
“Isso tem a ver com a aplicação da Lei da Mata Atlântica, que protege toda a vegetação nativa desse bioma, mas ela tem sido contestada, atacada e não aplicada de maneira rigorosa nessas regiões de transição e de encraves”, explica o diretor executivo da SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto. Nessas áreas, o desmatamento é na maioria das vezes pra expansão agrícola.
Fiscalização mais efetiva em SC
Para o diretor da Fundação SOS Mata Atlântica, a queda do desmatamento em florestas contínuas é um “sinal encorajador” de que as políticas de conservação e de monitoramento estão dando resultados positivos. Os maiores desafios são na caatinga e no cerrado, além de preocupação com a região do pampa, onde estão cidades atualmente afetadas com as enchentes no Rio Grande do Sul.
Em SC, a presidente do Instituto de Meio Ambiente, Sheila Meirelles, acredita que os bons resultados estão ligados ao aumento das fiscalizações e investimento em tecnologias como o Sistema Integrado de Monitoramento e Alertas de Desmatamento, criado pelo órgão.
“O fato da fiscalização estar mais efetiva contribui para esse resultado expressivo em relação à preservação da Mata Atlântica em nosso território, e o Simad, um dos programas mais inovadores do país, tem contribuído através dos seus alertas para que o serviço de fiscalização possa combater de forma efetiva os crimes de desmatamento ilegal no estado”, relata Sheila.
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