XOKLENG
Líder indígena é assassinado a tiros depois de sucessivas ameaças à aldeia
Casa onde Ariel morava já havia sido atacada a tiros
Laura Testoni [lauratestoni16@gmail.com]
Ariel Paliano, 26 anos, foi assassinado na noite de sexta-feira. O corpo foi encontrado às margens da estrada entre Itaiópolis e José Boiteux, que liga o norte de Santa Catarina com a região do Vale do Itajaí. O jovem era líder da comunidade indígena Bonsucesso, que pertence ao território Xokleng.
O cacique presidente da comunidade, Setembrino Camlem, relatou que Ariel foi encontrado com ferimentos na cabeça e parte do corpo queimado. O jovem teria sido morto a tiros, mas os ferimentos encontrados também podem indicar pauladas na cabeça. A casa em que Ariel morava, segundo o cacique, já havia sido alvo de um ataque a tiros recentemente, mas sem vítimas.
Suspeita de emboscada
A comunidade acredita que o jovem tenha sido vítima de uma emboscada, quando Ariel saiu para ir a uma mercearia comprar alimentos. Os criminosos também são suspeitos de terem ateado fogo no barraco onde Ariel morava com a mãe e o padrasto.
Os chefes da família não estavam no local. O casal foi a Brasília participar de uma mobilização contra o Marco Temporal, movimento que ocorre todos os anos, chamado de Abril Indígena. Após saberem do crime, a família e o cacique Setembrino voltaram para SC.
Guerra por demarcação
O território Xokleng tem vivido dias de violência e ameaças. A situação é de conflito por conta da demarcação dos limites da área indígena. A questão piorou no ano passado, quando houve o fechamento da barragem de José Boiteux, no período das enchentes. Fazendeiros são acusados de serem os autores das ameaças.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e a Juventude Indígena Xokleng pedem medidas de segurança urgentes. “A trágica morte de Ariel destaca a urgência de abordar as questões de segurança e direitos das comunidades indígenas, não só em Santa Catarina, mas em todo o país. Este evento é mais um lembrete sombrio das ameaças persistentes enfrentadas pelos povos indígenas e da necessidade contínua de proteger seus direitos e suas vidas”, diz a nota assinada pelas instituições.