Os estudos pro projeto foram iniciados ainda na gestão do governador Carlos Moisés (Republicanos). Em 2023, o secretário de Infraestrutura, Jerry Comper, disse em reunião com empresários que a proposta seguiria nos planos do governo. Desde janeiro, o DIARINHO cobra uma resposta da secretaria sobre o projeto, mas sem retorno.
Para a Fetrancesc, a obra é prioritária pra resolver o problema de saturação no trecho norte da BR 101, entre Florianópolis e Joinville, segmento vital para a economia do estado. O trecho possui os menores níveis de serviço da rodovia, ou seja, as piores avaliações de fluidez do trânsito, com 80% a 100% de chance de o motorista se atrasar.
O traçado do Corredor Litorâneo abrange a ligação de Joinville e até o Contorno Viário da Grande Floripa, em Biguaçu, passando pelo interior de cidades do litoral e aproveitando trechos de rodovias estaduais já existentes. O estudo prevê a construção em cinco lotes e está com a secretaria de Infraestrutura. Os investimentos estimados são de quase R$ 10 milhões.
Conforme a Fetrancesc, o projeto precisa ganhar agilidade. “Essa é uma obra essencial para salvar o estado do iminente colapso da BR 101. Se levarmos em conta o tempo necessário para a construção de uma nova rodovia deste porte, veremos que já estamos atrasados em relação às graves consequências a que estaremos expostos num futuro próximo”, alerta o presidente da entidade, Dagnor Schneider.
Ele lembra que a BR 101 é a única rodovia federal duplicada no estado e deveria ser a melhor. No entanto, os congestionamentos fazem com que a velocidade média fique em 30 ou 40 km/h, quando não está tudo parado. “A realidade atual é igual ou até pior em comparação a 20 anos atrás, quando a BR 101 tinha pista simples. É um caos”, avalia.
O ofício ao governo foi elaborado a partir das conclusões do Fórum CNT de Debates, da Confederação Nacional de Transportes, evento que reuniu autoridades, especialistas e empresários no início do mês, em Joinville. O documento também foi enviado ao presidente da Alesc, Mauro De Nadal (MDB), entre outras autoridades, para ampliar o apoio à causa.
Tranqueira gera prejuízo de R$ 550 milhões
No documento, a Fetrancesc informa que cerca de 90 mil veículos passam diariamente no trecho de 245 quilômetros da BR 101 entre Garuva e Palhoça. “Somadas, as três regiões que se encontram nesta área – Norte, Vale do Itajaí e Grande Florianópolis – representam 68% do PIB catarinense”, destaca o ofício sobre a importância da rodovia e de um novo corredor.
No trecho entre Floripa e Joinville, a entidade avalia que a tranqueira gera R$ 550 milhões por ano em custo extra para as empresas de transporte. O valor leva em conta o aumento do consumo de combustível e a redução da velocidade média dos caminhões. “O prejuízo se estende às demais atividades econômicas, especialmente as que dependem da rodovia para escoamento da produção e do acesso aos portos e aeroportos para exportação”, aponta.
A situação caótica da 101 também foi discutida neste mês na Alesc, em encontro da Frente Parlamentar Mista de Infraestrutura e Logística, com representantes do Ministério da Infraestrutura, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O projeto da rodovia paralela entrou na discussão.
Para a ANTT, a solução para melhorar as condições das estradas catarinenses passa pela concessão de novas rodovias porque os recursos públicos são insuficientes para investir em infraestrutura. Segundo o órgão, o governo tem a meta de fazer 35 leilões pra concessões até o fim de 2026.