Surpresa gentil
Casal fabrica artesanato e deixa “free” em pontos turísticos
Quem gostar das peças pode levar na faixa ou retribuir pagando via pix
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
A enfermeira Gerusa Brum, de 47 anos, e o advogado Ronaldo Kessler, de 52, deixaram o Rio Grande do Sul para viver em Itajaí há quatro anos. O litoral catarinense foi tão generoso com o casal que eles passaram a retribuir a gentileza que receberam. Eles produzem artesanato feito com conchas, pedras, madeira e sementes que encontram na natureza.
A arte é deixada em pontos turísticos de Itajaí em expositores free. Os artistas deixam a critério das pessoas pagarem ou não pela arte adquirida.
Com um cartaz “Gostou? É seu!”, o casal coloca uma pequena banquinha com peças à mostra e um QR Code com a sugestão de pagamento de R$ 20, via pix, para cada peça adquirida. “Se a pessoa gostar e quiser, ela escolhe, pega e se possível paga quanto puder”, explica a artista.
O artesanato do projeto, que recebeu o nome de “Confiança”, fica exposto em pontos da avenida Beira Rio, e nas praias do Molhe e Cabeçudas. “Amor, confiança e respeito são as maiores joias do mundo. Deixamos as peças em algum ponto movimentado de Itajaí e buscamos à noite”, conta Gerusa.
O projeto surgiu após uma vivência de Gerusa no Itajaí Shopping. “Somos gaúchos e moramos em Itajaí há quatro anos. O que nos fez ter certeza que Itajaí era uma cidade especial foi quando eu esqueci minha bolsa no shopping e depois de algumas horas voltei para tentar reavê-la. Ela estava guardada, ninguém mexeu...”, conta.
Como Gerusa trabalha com enfermagem, ela acaba ficando esgotada do serviço na saúde. “Quase todos os dias vamos nas lindas praias de Itajaí para renovar as energias. Sempre catamos conchas, pedras, sementes e madeiras... Virou um hobby os artesanatos. Presenteamos muitos amigos e todos dizem que deveríamos expor. Foi quando tivemos a ideia de oferecer à população através do projeto...”, conta.
Expositores ficam nas praias e Beira Rio
A iniciativa saiu do papel há cerca de um mês. “Começamos com um pequeno painel e agora ampliamos porque estava dando supercerto. Coloco à tarde e vou fazer minhas coisas, recolho à noite. Não conto quantos produtos têm para não fugir do projeto... Nós confiamos. Se alguém pegar e não pagar, desejamos que aproveite”, explica.
Até agora, o casal já vendeu 30 peças e acredita que apenas cinco foram levadas sem ter sido feita a retribuição em dinheiro. “Quero mostrar para as pessoas que vale muito a pena acreditar no ser humano. Existe muita gente boa neste mundo e Itajaí é uma cidade linda onde vivem pessoas de bem”, analisou.