Edison d’Ávila

"O DIARINHO serve como uma chamada à consciência da cidade”

Historiador

Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

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historiador Edison d’Ávila nasceu em Itajaí e pautou sua vida pessoal e profissional na cidade. Ele acompanhou o surgimento do jornal DIARINHO, quando o fundador, Dalmo Vieira, apresentou a ideia ao amigo João Américo Watzko e ao então prefeito Amilcar Gazaniga, antes da edição de estreia, em 12 de janeiro de 1979. Passados 45 anos da fundação do jornal, o professor segue acompanhando a trajetória do único diário a circular ininterruptamente no litoral norte catarinense há quase meio século. Mérito também da sucessora, neta de Dalmo Vieira, a jornalista e advogada Samara Toth Vieira, que assumiu para si a missão de seguir o legado do avô na comunicação, após a sua morte repentina em 2004. Nesta entrevista à jornalista Franciele Marcon, o historiador lembra o início do diário, na época da Ditadura Militar, conta histórias engraçadas, como a das “Irmãs Cajazeiras”, como eram conhecidas três vereadoras de Itajaí, recorda uma das passagens mais polêmicas de Dalmo Vieira, quando foi preso arbitrariamente por determinação de uma juíza, e elogia como Samara, com a maestria que é latente na família Vieira, transformou o DIARINHO sem nunca perder a essência de falar da “aldeia” onde está inserido e como isso influencia e auxilia na construção social da região. Ainda revela a notícia que não gostou de ler e aquela que para ele é marcante até hoje. Edison também adianta qual a reportagem que ainda espera ver estampada na capa do DIARINHO.  As imagens desta entrevista são de Fabrício Pitella. O material completo, em áudio e vídeo, você confere no portal DIARINHO.net e em nossas redes sociais.

 

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DIARINHO – O DIARINHO completou 45 anos no dia 12 de janeiro. Qual era o cenário quando surgiu o primeiro diário da região, no auge da Ditadura Militar, em 1979?

Edison: O que marcava a década em que o DIARINHO surgiu, o final da década de 70, era, no plano nacional, o regime militar. Governo militar, toda aquela cobrança, toda aquela pressão sobre os meios de comunicação. Os jornais buscavam se policiar. Não se excediam. Exceder no sentido de fazer cobranças, fazer críticas. Porque se sabia que era um regime de força, era um regime militar e isso tolhia muito. A grande surpresa foi surgir o DIARINHO. Não no começo, mas logo no ano seguinte, foi a linguagem aberta, digamos, “sem censura”, em que ele apontava tudo que devia ser apontado e criticava tudo que deveria ser criticado. Eu até costumo dizer assim: ele dizia tudo que devia ser dito e mais um pouco do que não devia ser dito. Era a marca do DIARINHO! De certa maneira, o DIARINHO foi como que um grito, um alerta de autonomia, de independência da imprensa. Aqui em Itajaí se vivia aquele período do governo que se abriu, se inovou pela primeira vez. Era um governo de inovação, um governo de Beira Rio, terminal de ônibus, novo sistema de coletivo, educação, cultura, Casa da Cultura. O DIARINHO se associou a isso tudo. Porque uma questão que se deve colocar, apesar de às vezes a gente ter algumas divergências com o doutor Dalmo, ele sempre apoiou, integralmente, a cultura. [O senhor tem uma história antes do surgimento do jornal...] Eu era secretário da Educação e o doutor João Américo Watzko, muito amigo do doutor Dalmo, era o chefe de gabinete do prefeito. Um dia, coincidência feliz, eu entrei no gabinete do doutor João Américo para conversar com ele, estava o doutor Dalmo. O doutor João Américo disse: “olha, professor, o senhor que é da área da cultura, o doutor Dalmo está criando a partir da semana que vem, coisa assim, um novo jornal em Itajaí.” Eu digo: “oh, que beleza”. Um jornal diário, que nós, na época, não tínhamos, a não ser o jornal A Nação, que era uma edição para Itajaí, mas feita pelos Diários Associados em Blumenau, embora tivesse uma equipe de jornalistas aqui. Foi algo auspicioso.

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DIARINHO – Qual a importância histórica de uma região contar com um jornal impresso e diário há quase meio século?

Edison: Você coloca uma questão que muita gente discute: se o jornal impresso, o físico, vai se acabar e os jornais digitais vão preponderar. Pode ser, pode ser. Mas eu digo assim, o jornal físico é muito mais democrático. Porque não é todo mundo que acessa a informática, a internet, e com isso fica limitada aquela pessoa. O DIARINHO não, o povão passa pelas mercearias, pelos bares e compra um DIARINHO. Eu penso que ele é mais democrático em termos de disseminar a notícia. Para mim, que sou historiador, o jornal físico é tudo que a gente quer. O DIARINHO é a grande fonte de pesquisa para estudantes, professores, estudiosos, historiadores, jornalistas desse período de quase 50 anos. Eu sei porque eu vivo pesquisando também lá no Arquivo Público de Itajaí e vejo a grande fluência de pesquisadores em termos de consulta de fato.

"O DIARINHO serve como uma chamada à consciência da cidade”

DIARINHO – Por decisão da diretora Samara Toth Vieira, o acervo impresso do DIARINHO será doado, gradualmente, ao Arquivo Histórico da Fundação Genésio Miranda Lins, estando mais acessível para pesquisas públicas. Qual a importância dos jornais enquanto documentos históricos?

Edison: Penso que é um gesto altamente histórico, de amor à cidade, praticado pela diretora do jornal, a Samara, e toda a equipe, que certamente também a aconselhou e aprovou esse encaminhamento. Os documentos oficiais para o pesquisador trazem importantes informações, mas é sempre uma leitura feita através de um viés político-administrativo daquela ocasião. O jornal, e principalmente o DIARINHO, já traz uma visão do jornalista, que já é alguém que tem um campo, uma mundivisão, uma visão de mundo diferenciada. Ele já aborda ou escolhe os temas de forma diferente. O DIARINHO principalmente, porque ele noticia tudo. Esses dias eu estava pesquisando, estava lá uma moça, que é filha de alguém que sofreu um atentado e veio a falecer durante um assalto, e ela estava querendo reconstituir a biografia do pai, e foi atrás do DIARINHO. E ela encontrou. O DIARINHO dava atenção a tudo, e ainda dá, a tudo que acontece na cidade.

DIARINHO – Quais outros jornais Itajaí teve e que servem como documentos históricos da nossa cidade que já tem mais de 163 anos?

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Edison: O século 20 foi coberto de vários jornais em Itajaí. De alguma duração, como o Jornal do Povo, de 35 até 80, que era semanário. E outros jornais. Como falei, diários mesmo só o Diário de Itajaí de 1914, mas que durou pouco tempo. O DIARINHO em 1979. O jornal A Nação vai de 62 até também 80 e poucos. Nós temos, do final do século 19, a coleção do jornal Progresso. Também durou alguns anos, não muitos. Agora, dois outros jornais que se equiparam ao DIARINHO e ao Jornal a Nação são dois do começo do século: Novidades, do jornalista cearense Tibúrcio de Freitas, que morou em Itajaí, e o jornal O Pharol, que foi criado pelo Joca Miranda e depois o Juventino Linhares levou até 36. Ele durou de 1904 a 1936, 32 anos. São esses os jornais básicos da pesquisa histórica de Itajaí.

DIARINHO - O fundador do DIARINHO, Dalmo Vieira, deu início ao jornal quando decidiu deixar a carreira de advogado aos 50 anos. Ele queria produzir um jornal diário com foco no hiperlocal. Essa visão estratégica de quase meio século atrás continua sendo um grande diferencial do DIARINHO, mesmo em tempos de mídia digital: seja em qual plataforma for, o foco da produção é o conteúdo local. Como historiador, o que o senhor pensa desse diferencial? As pessoas estão mais interessadas no que acontece em suas próprias cidades do que no Brasil e no mundo?

Edison: O diferencial criado pelo doutor Dalmo no seu jornal foi exatamente isso. Entender que tudo que acontecia na cidade era do interesse das pessoas, que não precisava fazer um filtro, não precisava se preocupar com notícias estaduais, notícias nacionais, como alguns jornais publicavam. Não! É tudo que é do interesse da cidade. Isso é o diferencial, felizmente mantido até hoje pela Samara, neta e sucessora do doutor Dalmo, que tem bem conduzido. É comum as pessoas estarem conversando: “você soube disso?”, “mas deu no DIARINHO?”, “o DIARINHO publicou?”, “eu vou procurar no DIARINHO”. As pessoas correm pro DIARINHO. O jornal é hoje um referencial de informação da cidade. Não fica só com a questão política, não fica só com a questão empresarial, não fica só com a policial, nem só com esportivo, mas tem tudo. Isso é excelente!

"O DIARINHO é a grande fonte de pesquisa para estudantes, professores, estudiosos, historiadores, jornalistas desse período de quase 50 anos”

DIARINHO – O jornal acompanhou o crescimento econômico e a mudança da paisagem de Itajaí e BC. Nossas cidades estão sendo verticalizadas e o poder público foi omisso em proteger parte da história da cidade que estava representada em dezenas de casarões históricos. O que houve com nossas cidades? Não sobrou mais nada a ser preservado?

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Edison: Outro assunto de interesse comunitário, interesse histórico e cultural que o DIARINHO sempre assumiu e apoiou. Eu me lembro quando nós todos estávamos em campanha pela preservação da Casa Asseburg, que afinal não foi uma campanha feliz para nós, porque o proprietário, que o doutor Dalmo fustigava taxando em termos das atividades que ele fazia, ganhou na justiça e a casa foi derrubada. O doutor Dalmo esteve conosco o tempo todo. São inúmeras as reportagens em que ele defendeu a Casa Asseburg. E continua agora. O DIARINHO fez uma matéria recente sobre essa questão de mudar o Plano Diretor para verticalizar a Beira Rio. Tem a notícia da demolição da casa da doutora Jenny e do doutor Afonso Liberato. O DIARINHO serve assim como uma chamada à consciência da cidade. Infelizmente, sem tanto sucesso como deveria ter. A cidade realmente está perdendo as suas características. A casa do doutor Afonso Celso Liberato, da doutora Jenny, era um dos poucos exemplares de residência familiar no estilo neocaliforniano. Nós estamos agora com três exemplares ainda na cidade, que temos que cuidar para que sejam preservados. Porque as gerações do futuro vão olhar para os espigões e não vão saber como moravam os avós, os bisavós, que tipo de construção... As pessoas pagam em dólar para viajar para o exterior, para conhecer um castelo medieval, uma igreja românica, vão a Ouro Preto conhecer as residências coloniais portuguesas, mas não têm o cuidado, não têm atenção para isso: Itajaí já teve residências de arquitetura colonial portuguesa, hoje não temos mais um exemplar. A rua Pedro Ferreira e a rua Lauro Müller eram cheias desses exemplares. Não se preservou. É uma tomada de consciência que os governantes da cidade precisam ter, para não cairmos em situações esdrúxulas como Balneário Camboriú, que verticalizou toda a orla da praia Central e, quando percebeu, não se tinha mais sol.

DIARINHO - Dalmo Vieira foi preso por decisão de uma juíza local através de um processo movido por um ex-prefeito da cidade na década de 90. Ele respondeu perante a famigerada lei de imprensa editada na Ditadura Militar. O senhor lembra desse episódio?

Edison: Eu era vereador nessa época. O novo prefeito era alguém bastante incisivo, mandão, o prefeito Arnaldo Schmidt Júnior. O doutor Dalmo começou a cobrar. A forma como ele encontrou de, vamos dizer assim, cutucar o prefeito, tirá-lo do sério, foi chamá-lo de Rebeca. Ele tirou essa inspiração de um livro da escritora britânica Daphne du Maurier, que tem um título Rebeca, que é um personagem que está num quadro na sala. Tem essa questão: era uma assombração, não era uma assombração? Também foi um filme. Claro, a gente sabe que não foi, com certeza, a melhor forma dele fazer as críticas. O prefeito ficou muito incomodado e entrou com um processo. A juíza, que também era uma senhora dura, de atitudes rompantes, decretou a prisão. Eu era vereador. Na primeira sessão depois da prisão circulou proposta de moção de aplausos à juíza. Nós, imediatamente, eu digo nós, quem era oposição, nos posicionamos totalmente contra, porque jornalista não é para ser preso. Pode processar, aplicar uma multa, mas prender, não há razão. E eles recuaram. Foi uma questão lamentável, mas depois a prisão foi revogada. O doutor Dalmo se excedeu no sentido de passar a chamar o prefeito com um nome feminino, o que era totalmente desagradável, e o prefeito era uma autoridade. Mas a juíza também se excedeu.

DIARINHO – O polêmico Dalmo Vieira faleceu prestes a completar 75 anos na primeira viagem de férias, num cruzeiro à Europa, chegando a Barcelona. O ano era 2004. O corpo foi cremado e as cinzas trazidas ao Brasil. Muita gente chegou a duvidar da morte, por causa do desaparecimento repentino do Dalmo. O que o senhor pensa dessa lenda urbana?

Edison: Quando veio a notícia do falecimento do doutor Dalmo vários comentavam: “essa é mais uma do Dalmo, pode esperar que essa é mais uma do Dalmo, daqui a pouco ele ressurge, vivo”. Mas depois se confirmou. As pessoas falavam com a dona Aderci [esposa do Dalmo] e ela veio a confirmar. Mas ainda sobraram alguns que achavam que não. “Ah, porque o Dalmo tem muito processo...”. Não sei se tinha ou não tinha, mas essas pessoas diziam “ele tem muito processo, ele tá é se escapando para não responder...”. Ficou essa história: primeiro se pensou que ele estivesse aplicando uma peça para enganar as pessoas, alguma gozação, e depois ficaram aqueles que achavam que foi um jeito dele se escapulir de processos...

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DIARINHO – O senhor, quando secretário de Educação de Itajaí, foi um grande incentivador para que as creches e escolas municipais virassem assinantes de jornais para que as crianças e professores tivessem acesso à leitura. O que o fez tomar essa iniciativa?

Edison: A gente tinha uma preocupação, na equipe, de estimular a leitura. Salas de leitura, biblioteca, comprando livro, essa coisa toda... Foi nesse período que se criou a Biblioteca Pública Silveira Júnior. O DIARINHO era o jornal que todos da escola, professores, alunos, todos se referiam a ele. As famílias da maioria dos alunos também falavam do DIARINHO. A gente teve essa ideia de assinar o DIARINHO porque já era uma leitura para saber o que aconteceu, quem morreu, quem viajou, quem chegou, o que está acontecendo. Foi essa particularidade, essa peculiaridade do DIARINHO, de ser muito conhecido, e as pessoas se interessarem por ler, que nos levou a esse trabalho, além da questão de incentivar a leitura.

"O DIARINHO foi como que um grito, um alerta de autonomia, de independência da imprensa”

DIARINHO – No governo do ex-presidente Bolsonaro houve muita perseguição às instituições da República e também à imprensa, ou seja, à liberdade de imprensa. O Brasil está consolidado como democracia para que resista a qualquer arroubo autoritário ou ainda corremos o risco de voltarmos a alguma ditadura militar?

Edison: Eu penso que a democracia no Brasil está consolidada. Apenas uma minoria, até dentro da própria corrente política do ex-presidente, tinha essa ideia de se dar um golpe. Porque não havia apoio algum, não havia apoio popular. Eu vivi o episódio de 31 de março de 64. Na época, eu já tinha 17 anos. A gente sentia e via que realmente a população estava incomodada com aquele tipo de administração que existia. Também por causa da Guerra Fria que acirrava os ânimos, a questão comunista e tal. Havia realmente, na maioria da população, aquela expectativa que fosse acontecer alguma coisa, se desse uma solução para aquela crise que o governo vivia, na época o governo [João] Goulart. Mas agora não, de jeito nenhum, o povo não apoiava golpe, as Forças Armadas não apoiaram, a igreja e outras entidades também não apoiavam. Aquilo que hoje se chama de golpe de 8 de janeiro, eu considero aquilo uma manifestação descontrolada, sem objetivo, que redundou em depredação. Uma das coisas que me surpreendia muito era o ex-presidente estar, volta e meia, se engalfinhando com a imprensa, com jornais, com jornalistas, com a televisão. Eu penso que não é produtivo. Cada um no seu papel. Se você quer se contrapor ao DIARINHO, você cria um outro jornal e passa a divulgar as suas ideias. Use as armas da ideia. As armas da comunicação. Agora, mandar prender, censurar, boicotar não é o papel. Nós sabemos que a imprensa é um dos pilares da democracia. Como a gente pode querer democracia se a gente não vai ter a imprensa livre?! Não tem cabimento.

DIARINHO – A jornalista Samara Toth Vieira assumiu a administração do jornal em 2004 e deu uma guinada no estilo do DIARINHO. Há saudosistas que dizem que o jornal não é mais o mesmo, e é verdade que o DIARINHO passou por um intenso processo de modernização e profissionalização. Como o senhor, como leitor do jornal, avalia essa mudança de estilo?

Edison: O estilo anterior, o estilo desabrido, satírico, humorístico do jornal, do doutor Dalmo, muitas vezes me alegrava, me fazia rir, mas muitas vezes ficava contrariado, achava excessivo e tal. Citei o caso aqui do ex-prefeito. Mas aquilo também foi uma época, porque quando se vivia um regime ditatorial, havia todas aquelas amarras. O jornal era um grito de liberdade. A forma que ele encontrou foi a linguagem. A linguagem solta. E isso foi uma época. Agora, século 21, nós já estamos numa outra situação. Está aí a comunicação pelas mídias sociais. O jornal não podia ficar mantendo eternamente a mesma linguagem, o mesmo estilo. A Samara encontrou um meio inteligente, comedido, de manter aquele olhar e aquele interesse pelas coisas da cidade, da nossa “aldeia”, pelos quais a gente adquire conhecimento e desenvolturas para entender o mundo, e limitou, foi deixando de lado aquela linguagem desabrida que não era confortável para muita gente. Eu não tenho saudades daquele tempo. Eu me lembro, a gente ri. Por exemplo, achava extremamente humorístico como ele se referia às três vereadoras que nós tivemos uma época na câmara, dona Iraci Sodré da Silva, dona Terezinha Romagnoni, e dona Rosa Schulte, que aliás ele era amicíssimo delas, de “as três Cajazeiras”. Por causa da novela O Bem Amado, que eram as três irmãs que sempre andavam juntas. E, de fato, as três vereadoras, do mesmo partido, entravam de braços dados, saíam de braços dados. Doutor Dalmo observou aquilo e passou a chamar de “As Cajazeiras”. Era o estilo dele.

DIARINHO – Qual notícia que o senhor leu nas páginas do DIARINHO e que nunca esqueceu?

Edison: Uma das coisas que eu nunca me esqueço é “A Barca” [brincadeira com caricaturas dos  derrotados e vencedores de cada eleição]. A Barca dos vencidos e dos vencedores. Uma criação dele, não sei se existe alguma coisa similar em outro jornal, eu nunca encontrei, nunca soube. Ele criou. Isso enraivecia uma parte dos políticos, dos partidários. E do outro lado alegrava e gerava o riso, da outra parte, a dos vencedores. Eu também algumas vezes fiquei enraivecido e outras vezes alegre. Além de tudo que eu já falei, o que me lembro, assim, como notícia, como matéria, é “A Barca”. A cada eleição o pessoal começa a exigir se vão publicar… [E qual notícia o senhor não gostou de ler?] Não gostei de como ele [Dalmo] tratou o ex-prefeito com aquelas notícias. Eu ficava chateado com aquilo. Às vezes, claro, ele fazia colocações, por exemplo, sobre governos que eu participava, e eu ficava chateado.

DIARINHO – Qual notícia o senhor ainda espera ler na capa do DIARINHO?

Edison: Novo Plano Diretor de Itajaí: não se vai verticalizar a Beira Rio!  Eu ficaria muito contente. O caminho de Cabeçudas, a praia de Cabeçudas também. Essa questão do meio ambiente, do paisagismo, que é muito importante para nós que somos uma cidade que tem praia, que recebe turistas. Tem que ter esse verde, esse agreste. A verticalização não precisa chegar lá. A cidade tem tanto espaço. A notícia que me alegraria é nesse sentido, nessa questão do meio ambiente. Eu gostaria que o DIARINHO noticiasse: a câmara votou e não aprovou a verticalização da Beira Rio.

Raio X

Nome: Edison d’Ávila

Natural: Itajaí

Idade: 77 anos

Estado civil: casado

Filhos: três filhos; cinco netos

Formação: graduação em Letras, mestrado em História, especialização em Arquivo

Trajetória: foi professor universitário, pesquisador, ex-dirigente do Museu e do Arquivo Histórico de Itajaí, ex-vereador, ex-secretário de Educação de Itajaí em mais de uma ocasião, atuou como diretor do colégio Cenecista Pedro Antônio Fayal. É autor de vários livros.




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