A ação foi denunciada à imprensa pelo serviço de Abordagem Social de BC que encontrou pessoas em situação de rua feridas chegando ao município. Homens e mulheres relataram que foram vítimas de espancamentos durante a expulsão de Itajaí.
A ação foi menos de 12 horas após o Centro de Direitos Humanos de Itajaí ter denunciado à corregedoria da PM 13 casos de agressões sofridas por andarilhos desde o final do ano passado em Itajaí. O relato das denúncias foi feito a agentes de postos de saúde da cidade que atenderam as vítimas em diferentes ocasiões.
Policial voltou às ruas
Segundo as denúncias, o comandante da PM de Itajaí realocou o sargento Tadeu para trabalhar nas ruas mesmo após ele e outros três PMs terem sido condenados por tortura em 2020. Até janeiro de 2023, ele estava afastado do serviço externo.
No comando anterior, até dezembro de 2022, Tadeu foi mantido fora do trabalho operacional. “O atual comando tratou a decisão do comandante anterior como “arbitrária” e ainda destacou que o sargento Tadeu era uma “lenda” para a cidade e que deveria estar na função de sargento externo para “ensinar” os novos policiais a trabalhar”, denunciaram ao DIARINHO.
Na tropa, além de comandar operações irregulares e apreensões ilegais, Tadeu aconselharia os novos policiais a “bater o suficiente pra impedir que as pessoas tenham condições de chegar à corregedoria da Polícia Militar para reclamar”, revelaram as fontes ao DIARINHO.
Tadeu posta as ações violentas nas redes sociais, como a da noite da expulsão dos andarilhos. O policial postou em seu Instagram uma foto na comunidade do Matadouro, ao lado dos comandados da PM, com a frase: “Bom descanso Itajaí. 02h40 Matadouro Itajaí”, escreveu. Todos os policiais que aparecem na imagem empunham armas numa foto posada.
Em outra foto, os moradores de rua aparecem sentados, olhando para os policiais. “Para que o mal triunfe basta que os bons não façam nada!”, dizia a legenda da foto do policial Tadeu. Na imagem um policial segura uma pá de construção civil.
Mais acusados
Outro policial que teria sido realocado para trabalhar nas ruas de Itajaí, mesmo respondendo processos sob acusação de furto de dinheiro e furto de outros pertences de envolvidos em ocorrências policiais, é o soldado M. Ele também é investigado por mortes em confronto onde há suspeita de execuções.
Outra denúncia é sobre a volta ao trabalho de um sargento que teria sido afastado das ruas por ter problemas com o alcoolismo. Esse policial tinha tido o porte de arma suspenso duramte a investigação. Desde janeiro, contudo, quando o novo comandante de Itajaí assumiu, o cabo acabou ganhando do comando o direito de voltar a andar armado.
Também há denúncias de que os crimes que são denunciados à Corregedoria da PM são “vazados” para os policiais investigados. O aviso ocorre para que, no decorrer do processo, os policiais consigam mudar condutas. Isso teria ocorrido na última segunda-feira quando a denúncia que chegou à corregedoria sobre a operação ilegal vazou imediatamente à tropa. “A pretensão dos envolvidos era tirar os moradores de ruas da cidade porque a corregedoria havia recebido a denúncia de agressões e foi montada essa operação de expulsão”, finalizaram os denunciantes.
Corregedoria Geral acompanha
Ao DIARINHO, o comandante da PM de Itajaí, Ciro Adriano da Silva, informou que a Corregedoria Geral da PM de Santa Catarina está acompanhando o procedimento. A Polícia Militar de Itajaí, segundo o coronel, está impossibilitada de prestar informações e de responder aos questionamentos do DIARINHO.
Já a PMSC informou que investiga o caso,. “A única nota OFICIAL da PMSC foi emitida pelo BPM local. Como já foi informado antes, a PMSC só voltará a se pronunciar sobre o fato com a conclusão do Inquérito Policial Militar - IPM. Sendo assim, não vamos responder nenhuma demanda, principalmente nominando policiais, já que as investigações do IPM ocorrem de forma protocolar, com sigilo, justamente para se evitar conclusões precipitadas de qualquer ato”, informou a assessoria. “O que podemos lhe garantir é que a PMSC fará a apuração necessária e justa do fato”, conclui a nota.