Após apelo desesperado do prefeito de Taió, Horst Alexandre Purnhagen (MDB), na noite de terça-feira, o governador Jorginho Mello (PL) determinou a abertura gradativa das comportas da Barragem Oeste. A estrutura, ainda com água vertendo, ficou com cinco das sete comportas abertas na manhã de quarta-feira. Também houve a abertura de duas das cinco comportas da barragem de Ituporanga. Pela manhã, apenas uma seguia aberta.
O governo estadual informou que a melhora no tempo e no nível dos rios baixando permitiram a abertura gradativa e controlada das barragens. Mas na noite de quarta-feira iniciou a chuva ...
O governo estadual informou que a melhora no tempo e no nível dos rios baixando permitiram a abertura gradativa e controlada das barragens. Mas na noite de quarta-feira iniciou a chuva novamente e Ituporanga teve sete comportas fechadas e Taió cinco, na atualização das 21 horas - quando o rio de Itajaí Açu estava com alerta de 6,22 metros.
A tentativa de abertura das barragens visava dar vazão às águas represadas desde o fim de semana, abrindo espaço nas barragens pra receber novos volumes de chuva intensa, conforme indica a previsão até esta quinta.
Em vídeo, o governador disse que determinou a abertura da barragem de Taió após receber ligações da cidade e falar com o prefeito. “Eu liguei para ele. Determinei a abertura das comportas da barragem de Taió de forma gradativa. Já está autorizado e já fizeram o comando para isso acontecer. Estamos trabalhando para preservar, acima de tudo, a vida dos catarinenses”, disse na noite desta terça.
A decisão de Jorginho na terça, só veio com a pressão da população, mobilização dos procuradores do município e um apelo desesperado do prefeito. Em vídeo postado nas redes sociais, Horst Alexandre Purnhagen criticou que a Defesa Civil de Santa Catarina não estava abrindo a barragem pra garantir a retomada da Oktoberfest, que reabriu em Blumenau, sob a chuva.
O desabafo do prefeito foi em conversa por telefone com o coordenador estadual de monitoramento da Defesa Civil, Frederico Rudorff. No momento da gravação, o prefeito estava em reunião com o secretariado. “Fred, nós estamos aqui tudo no limite. O povo taioense tá no limite. Então, nós precisamos esvaziar a barragem. Revejam isso aí ainda hoje, por favor”, pedia.
Na conversa, Frederico informava que o cenário pra abertura das comportas seria avaliado. “Se a gente fizer isso, o nível do rio em Taió vai subir”, alertava. O prefeito defendia que o rio poderia subir até 12,4 metros, considerando que a cidade já estava debaixo d’água e que a barragem não poderia estar cheia com a chegada de mais chuva.
“Blumenau não precisa ficar com o sapatinho seco. Nós estamos molhando a cabeça aqui, Fred. Nós estamos com água na cabeça”, criticou. O prefeito concordou que a abertura teria que ser controlada, com as comportas sendo abertas uma após a outra e analisando o reflexo rio abaixo. “Se nós tivéssemos feito isso desde hoje de manhã [ontem], nós já tínhamos largado um monte de água do nosso município pra baixo”, acredita.
Repercussão
O pedido de socorro do prefeito ganhou repercussão nas redes sociais, com apoio de muitos catarinenses. “Taió também faz parte de Santa Catarina! Não queremos Oktoberfest em cima de uma tragédia em Taió! Deus abençoe o povo taioense”, comentou uma moradora de Rio do Sul. Já perto da meia-noite, o prefeito postou outro vídeo, anunciando a decisão do governador em abrir a barragem.
Taió segue com o rio cheio. Na manhã desta quarta-feira, o nível está em 10,33 metros, ainda mantendo a área central da cidade alagada. A barragem, no interior do município, segue com água passando pelo vertedouro. Durante a madrugada, duas comportas foram abertas. Pela manhã, outras duas foram liberadas.
Em postagem na manhã de terça-feira, o governador Jorginho Mello disse que o estado passa por um momento difícil “que gera muita insegurança na nossa gente”. Ele refletiu que o momento é de “união” e não de “disputas e guerras de narrativas”. Ainda defendeu que as decisões do governo são técnicas e tomadas com responsabilidade e transparência. “Temos que estender a mão, ajudar o vizinho, dar suporte para os que passam por dificuldades”, comentou.