Jorge Seif
Senador chora e xinga general em CPMI
Ex-chefe do Comando Militar do Planalto foi chamado de covarde por “prestar continência pra comunista”
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

O senador catarinense Jorge Seif Junior (PL) voltou a ganhar os holofotes na sessão de quinta-feira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de Janeiro. Ele chorou durante a audiência que ouviu o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto, investigado por suposta negligência pra evitar os ataques às sedes dos três poderes.
Seif chamou o general de “covarde” porque o militar tinha “todas as condições” de retirar os acampamentos bolsonaristas montados em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Ainda afirmou que o general “presta continência para comunista”, além de fazer outras ofensas. O parlamentar apresentou um vídeo durante a sessão, mostrando bolsonaristas presos após a invasão.
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“Eu quero repetir pro senhor: o senhor é um covarde. O senhor presta continência para comunista. E o senhor hoje serve a um ladrão, o senhor traiu o seu povo. O senhor tinha todas as condições de desmobilizar os acampamentos e não o fez”, disse, após a apresentação do vídeo. O ataque continuou.
“Vocês não desmobilizaram, mas depois que virou o governo, para adular esse governo de ladrão, de desgraçados, que arruinaram o nosso país, e vão arruinar de novo, o senhor encaminha senhoras e senhores, famílias e crianças, para serem presos e agora terem pena, general, covarde”. Seif seguiu falando, mas foi interrompido pelo deputado federal Arthur Maia (UB-BA), presidente da CPMI.
“É a segunda vez que o senhor ofende aqui o depoente e isso não é razoável. Eu vou pedir que a taquigrafia [transcrição da sessão] retire essas ofensas do texto”, interveio o presidente. O senador catarinense retomou a fala em seguida, concluindo a manifestação contra o general. Ele lembrou o 7 de Setembro de 2022, comparando com o feriado neste ano e afirmou que a esquerda “destruiu a imagem” dos militares.
“Infelizmente, vocês, mais uma vez, por falta de coragem, pra não lhe ofender, escolheram o lado errado”, completou. No inquérito sobre possível omissão diante dos atos em Brasília, o general defendeu que a tropa sob seu comando ajudou as forças de segurança na desmobilização de manifestantes pra triagem, em cumprimento a ordem judicial do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao longo da CPMI, o senador Jorge Seif já causou polêmica no depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias, em 31 de agosto, quando chamou o ministro da Justiça, Flávio Dino, de “apagador oficial de câmeras” e “desrespeitador do STJ”. Nesta semana, Seif levou correção da deputada federal Duda Salabert (PDT/MG), ao dizer que a palavra “soldada” não existe, questionando o tratamento dado para a policial militar Marcela da Silva Morais Pinno, ouvida na CPMI.
Julgamento de ação
A justiça eleitoral de Santa Catarina deve julgar em breve a ação que envolve o senador Jorge Seif Júnior, aberta a partir de denúncia dos partidos PSD, UB e Patriota, por suposto abuso de poder econômico nas eleições de 2022. Os empresários Luciano Hang, da Havan, e Almir Manoel Atanázio dos Santos, presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de São João Batista, além dos suplentes do senador, também respondem ao processo, que pode levar à cassação do mandato de Seif.
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A denúncia aponta que o então candidato a senador foi beneficiado na campanha por uso de helicóptero de empresário da construção civil, serviço que teria sido registrado de forma irregular na prestação de contas. A candidatura teria tido ajuda indevida de Hang, pessoalmente e via rede Havan, e ainda pela participação de Seif em evento do sindicato calçadista, o que se enquadraria em financiamento ilegal, segundo a denúncia.
O Ministério Público Eleitoral se manifestou após as defesas finais dos acusados, que negam as irregularidades, com parecer contrário ao pedido dos partidos. A questão do helicóptero chegou a ser apurada em investigação preliminar, sem concluir por ilegalidade. Sobre o uso da estrutura da Havan, a procuradoria apontou falta de provas. Também não foi vista ilegalidade quanto ao evento sindical, que recebeu outros políticos e empresários.
No processo, o senador e outros acusados reafirmaram a falta de provas das alegações dos denunciantes. Hang também negou abuso de poder econômico e doações irregulares de recursos. Com isso, e considerando o parecer contrário do MPE, a crença é de que a ação deverá ser julgada improcedente pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC). Mesmo que passe, ainda caberá recursos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Redação DIARINHO
Reportagens produzidas de forma colaborativa pela equipe de jornalistas do DIARINHO, com apuração interna e acompanhamento editorial da redação do jornal.