Denúncia
Transporte clandestino cresce em meio à falta de fiscalização
Motoristas "de aplicativo" oferecem corridas a R$ 5 em pontos de ônibus
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Usuários do transporte coletivo e motoristas da Viação Praiana denunciam pessoas que se passam por motoristas de aplicativo para fazerem o transporte clandestino de passageiros na região. Os condutores são acusados de pegar passageiros nos pontos de ônibus de Itajaí e Balneário Camboriú e dificultar os trabalhos das empresas de transporte coletivo. Segundo os denunciantes, o problema sempre aconteceu na avenida Marcos Konder, em Itajaí, passando pelas avenidas Osvaldo Reis e do Estado Jornalista Dalmo Vieira, nas imediações do Balneário Shopping. Porém, vem se agravando nos últimos anos. A falta de fiscalização é outro problema apontado.
“Na semana passada eu estava em um ponto de ônibus em Balneário Camboriú e um motorista de Uber clandestino parou na frente para oferecer condução para os passageiros pelo preço do passe de ônibus. O veículo da Praiana vinha atrás, buzinou e o condutor do carro começou a xingar o motorista e ainda queria brigar”, conta Inês, que utiliza a Viação Praiana para se deslocar entre as duas cidades. Segundo a passageira, esse tipo de problema é muito mais comum do que parece. “Eles xingam até usuários que deixam de entrar no carro deles para usar os ônibus”, acrescenta.
As denúncias de Inês foram confirmadas pela Viação Praiana. O supervisor de tráfego Juarez Maciel diz que o problema existe há bastante tempo, mas se intensificou com a chegada do transporte por aplicativo. “Os motoristas param nos pontos exclusivos para os ônibus, fazendo com que nossos motoristas tenham que parar fora dos pontos, cortam a frente dos ônibus, ameaçam os condutores. A situação está bem difícil nas principais avenidas de Itajaí e Balneário”, diz Juarez.
O supervisor de trafego da Praiana diz que a empresa já reclamou do problema para as prefeituras, para o governo do estado, e até para a polícia, mas destaca que a falta de fiscalização agrava ainda mais o problema. “Eles param nos pontos a qualquer hora e oferecem o transporte por R$ 5, que é praticamente o que as pessoas pagam pela passagem, e colocam quatro ou até mais passageiros dentro de um carro”, acrescenta.
Falta conscientização
Magali Nunes Inácio, diretora da autarquia BC Trânsito, de Balneário Camboriú, diz que o município tem o dever de fiscalizar, já fez várias operações de fiscalização, inclusive com aplicação de multas, e também campanhas educativas. Mesmo assim, continua alertando a população que somente entre em veículos identificados: “ou do transporte coletivo, taxis ou veículos de aplicativos, os quais tenha solicitado.”
No entanto, ela diz que só existe demanda porque existe usuário. “Enquanto as pessoas não se conscientizarem dos riscos, o problema vai continuar existindo”, diz. Magali conta que há cerca de três meses uma usuária idosa teve sua bolsa furtada em um carro particular que fazia transporte coletivo na cidade e alerta que a falta de segurança é um dos muitos problemas aos que os passageiros se expõem. “As pessoas entram nos carros sem saber quem é o motorista e quem são as outras pessoas que estão lá dentro, colocando em risco sua integridade física e financeira.”
O diretor de mobilidade urbana de Itajaí, Samir Pereira, diz que teve conhecimento do fato por meio da reportagem do DIARINHO e prometeu organizar uma ação de fiscalização, junto ao setor de auditoria fiscal e a Codetran, para que sejam tomadas as medidas cabíveis.