BLOQUEIOS
Corregedoria apura atuação de ex-chefe da PRF em SC
Suspeita é de que André Saul Nascimento facilitou o caos nas rodovias
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Uma investigação aberta pela corregedoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai apurar se a superintendência da corporação em Santa Catarina agiu pra facilitar o bloqueio de rodovias federais no estado por bolsonaristas após o resultado do segundo turno das eleições de 2022. Na ocasião, entre outubro e novembro, as BRs sofreram com barricadas de apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro (PL).
A abertura da investigação foi divulgada pelo Portal G1. De acordo com o site, o superintendente da PRF de Santa Catarina na época dos bloqueios, André Saul Nascimento, havia publicado um ofício determinando o “comparecimento presencial de todos os servidores” em 31 de outubro e 1º de novembro. O documento, porém, foi anulado horas depois pelo chefe da PRF, em medida que teria facilitado os bloqueios.
Sem reforço policial, Santa Catarina registrou mais de 40 trechos de estradas federais com bloqueios já na manhã da segunda-feira após as eleições. Além de ter voltado atrás na convocação de policiais na ocasião, na semana passada o ex-superintendente da PRF postou mensagens de apoio ao ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, preso por suspeita por blitze em rodovias do Nordeste no dia das eleições para prejudicar eleitores de Lula (PT).
À NSC TV, André Saul Nascimento disse que soube da investigação da corregedoria pela imprensa. Ele negou que tenha atuado pra facilitar os bloqueios, destacando que nas primeiras horas pós-eleições foram tomadas as medidas necessárias para restabelecer a normalidade, inclusive com o uso da tropa de choque em diversas vezes. Ele disse que decisões judiciais foram respeitadas e que a PRF agiu com outros órgãos pra desbloquear as estradas.
A direção da PRF em Santa Catarina e em todo o Brasil foi trocada logo em janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A corporação ficou com comando substituto até a nomeação de Manoel Fernandes Bitencourt como novo superintendente, em junho. Policial rodoviário federal de carreira, ele assumiu com a proposta de uma “polícia cidadã”.
“Vamos consolidar a PRF como polícia de elite, não só no combate ao crime, mas também no atendimento de acidentes, fiscalização, educação para o trânsito e garantia do direito de ir e vir nas rodovias”, afirmou. A universidade corporativa da PRF (UniPRF), que faz a capacitação de agentes, também está sob novo comando desde junho, com a posse do diretor Diego Brandão.