Seu Luiz e dona Iraci Muchenski, e depois a filha Eliane, não tiveram só clientes durante os mais de 40 anos que se dedicaram à gastronomia em Balneário Camboriú. Eles tiveram um grande grupo de amigos que o fundador conquistou ainda no seu primeiro estabelecimento e que só aumentou no decorrer das décadas em que o Catuto Restaurante ficou aberto em Balneário Camboriú.
Na semana passada, a casa fechou as portas na 3ª avenida após 40 anos, deixando “órfãos” três gerações de clientes mais do que fiéis. Além de fazerem as refeições no local, os frequentadores ...
Na semana passada, a casa fechou as portas na 3ª avenida após 40 anos, deixando “órfãos” três gerações de clientes mais do que fiéis. Além de fazerem as refeições no local, os frequentadores jamais abriram mão de dar um “dedinho de prosa” com os donos. Foi essa amizade e carinho duradouros da grande família Catuto que Eliane diz ser um dos principais legados do restaurante.
“Embora eu convivesse com os clientes desde criança, quando ajudava meu pai a servir a mesa ou acompanhava minha mãe na cozinha, jamais imaginei receber tanto carinho e afeto das pessoas que foram almoçar no dia 22 de julho, quando abrimos o restaurante pela última vez”, narra Eliane, emocionada, e em meio a algumas das muitas flores que recebeu por ocasião do fechamento do estabelecimento. “O Catuto era mais do que um restaurante. Era a casa de amigos na qual eu parava diariamente quando vinha conversar com seu Luiz e dar um beijo um beijo na dona Iraci e na Eliane,”, explica a esteticista Cecília Elisbao, que foi frequentadora da casa nos últimos 18 anos.
“Eu amava a comida, deliciosa, assim como amo a família”, acrescenta Cecília. Tanto é que quando soube do fechamento, que coincidiu com outro compromisso que teria naquele sábado, ela fez que o marido viesse de Itajaí, onde trabalha, para almoçar no Catuto e levar flores para Eliane.
Marcelo Martins foi um dos muitos clientes que frequentou a casa no dia 22 e saiu bastante emocionado. “Foi marcante. Muitas pessoas fazendo fotos, chorando e lamentando o fechamento de um estabelecimento icônico”, disse ao DIARINHO. Ele conta que mora nas imediações da rua 3000 [onde o restaurante operou desde 1983, na esquina com a 3ª avenida] e diz ter ótimas recordações. “Era um dos restaurantes mais antigos da cidade, sempre com uma ótima comida e um excelente atendimento do casal fundador e da filha Eliane, que aos 14 anos já servia as mesas do restaurante recém inaugurado.”
Tem também aqueles clientes que comemoraram datas especiais no restaurante. Foram muitas reuniões de amigos, festas de aniversários, casamentos e até bodas de prata.
“Fim de um ciclo”
Parte do restaurante vai sobreviver nas mãos de Valdete, que trabalhou na casa por cerca de seis anos e aprendeu muito do que sabe com a família. Ela já trabalhava nas horas de folga com delivery de lanches, mas pensa em montar também um negócio com foco na comercialização de marmitas. E o primeiro impulso recebeu de Eliane. Ela lhe deu parte dos móveis e equipamentos do restaurante. Foram anos maravilhosos, de muito trabalho, muita luta, mas também de grande aprendizado.”
Eliane conta que o fechamento do Catuto Restaurante não foi por questões econômicas e garante que o negócio se manteve rentável até o fim. “Tínhamos uma equipe enxuta e fomos nos adequando as muitas realidades da cidade nestes 40 anos. O encerramento das atividades foi o fim de um ciclo que se iniciou com meus pais e que eu fiz questão de dar continuidade enquanto eles viveram”, explica. Seu Luiz faleceu em 31 de dezembro do ano passado, aos 86 anos, e dona Iraci em junho de 2023.
História de Luiz e Iraci iniciou na década de 70
Luiz e Iraci vieram de Joinville para tentar a vida em Balneário Camboriú com Eliane ainda criança, no início da década de 1970. Ele começou trabalhando como garçom e ela como auxiliar de cozinha. Mas o casal, de origem polonesa, sonhava em ter o próprio negócio, o que aconteceu pouco tempo depois: eles abriram a casa na avenida Central com a rua 700.
“Era um ambiente pequeno que servia comida caseira, onde minha mãe cozinhava, meu pai administrava e atendia o salão, e eu criança ajudava a servir as mesas”, lembra Eliane. O local ficou aberto por cerca de seis anos, até que a família optou por um negócio maior na avenida Brasil, em frente ao antigo Cinerama, a lanchonete e restaurante Chilu. Foi no ano de 1983 que Luís, com a ajuda de seu irmão e amigos, construiu com as próprias mãos o local que meses depois veio a ser o Catuto Restaurante.
O carro chefe era o filé duplo grelhado que Luiz preparava na churrasqueira, acompanhdo de maionese, salada, arroz, batatas fritas e o feijãozinho caseiro com o tempero diferenciado de Iraci.
No começo dos anos 2000 Luiz teve um infarto e precisou abandonar a churrasqueira. A casa se reinventou e passou a oferecer o serviço de bufê. Alguns anos depois optou pelo prato executivo e pelo tradicional PF, o prato feito, e de alguns anos para cá voltou a oferecer o bufê e marmitas.
Já o nome não poderia ser mais inusitado. É alusivo a um Catuto [ou cabaça] com mais de um metro de comprimento que Luiz ganhou do sogro quando migrou para Camboriú. Eliane conta que seu avô o deu para o genro já com a finalidade do objeto decorar o estabelecimento que ele sonhava na época montar em Balneário Camboriú. Agora o catuto de medidas incomuns saiu da parede, acima do caixa, e foi para o apartamento de Eliane junto com outros objetos deixados pelos pais.
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