Balneário Camboriú
Princesinha do Atlântico, Maravilha do Atlântico Sul ou Dubai Brasileira?
BC muda de slogan a cada reinvenção
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
São quase seis décadas de história da concorrida Balneário Camboriú que chega ao seu 59º aniversário mais em forma do que nunca. O município está entre os 10 com maior Produto Interno Bruto (PIB) de Santa Catarina, segundo dados de 2020. A arrecadação de R$ 1,7 bilhão está prevista para 2023, mais do que o dobro do registrado há três anos. Realidade que impressiona ainda mais se o valor for comparado ao tamanho do município, que é um dos menores em extensão territorial do estado e país. Isso concentra riqueza e agrega qualidade de vida à população. E também rendeu vários slogans ao município: de praia presidencial a, talvez, a Luxemburgo Brasileira.
"Princesinha do Mar"
BC ganhou a denominação de praia presidencial no final da década de 1950, antes mesmo de sua emancipação política e administrativa. Isso porque o casal João "Jango" Goulart e Maria Thereza teve uma casa de veraneio na avenida Atlântica, antes de ele se tornar presidente, com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Naquele tempo, Balneário Camboriú ainda era a praia de Camboriú, local que recebia visitantes de diversas partes do Brasil para as temporadas de verão.
E além da residência da família Goulart, o presidente Jango teve um quarto privativo no hotel Fischer, que foi um ícone na rede hoteleira da região. Jango interferiu para o traçado da BR-101 contornando o litoral catarinense e também costumava passear em um charmoso conversível pela avenida Atlântica. Até hoje, uma estátua de Jango com os dois filhos no calçadão mostra onde foi sua casa de praia.
Na época, Balneário Camboriú já era vista como uma praia diferenciada. “O mar tranquilo, seguro e muito bom para banho fazia do balneário um lugar bom de se veranear. A cidade recebeu visitantes de muitas partes do Brasil, inclusive artistas e celebridades”, conta o hoteleiro Osmar Nunes Filho, o Mazoca. Ele ainda está à frente do hotel Marambaia, inaugurado em 1964. Essa época de glamour fez com que a cidade fosse denominada “Princesinha do Mar” no início da década de 1970. Porém, o epíteto não durou muito.
O escritor e pesquisador Isaque Borba Correia lembra que o traçado da avenida Atlântica, onde desde os anos de 1970 pulsa o coração da cidade, não era linear e parecia um serrote, entrecortado pelos muros das casas. Foi uma atitude ousada do então prefeito Gilberto Meirinho, na década de 1970, que sancionou uma lei que determinou que novos muros na avenida Atlântica deveriam ter calçada. Ele também regulamentou o recuo.
Os muros foram derrubados da noite para o dia e os moradores tiveram que reconstruir as cercas e muros de acordo com as novas regras. Foi assim que a avenida ganhou a forma que se mantém por quase 50 anos.
"Miami Brasileira"
Mas a cidade baixada sendo a Maravilha do Atlântico até a virada do século, quando passou a ser chamada de “Miami Brasileira”. Mazoca conta que a denominação surgiu quando a cidade começou a ganhar ares cosmopolitas com investimentos pesados em infraestrutura urbana e turística, com a qualidade dos serviços e o crescimento e qualificação do comércio. No entanto, em poucos anos o avanço da construção civil agregou à cidade mais um epíteto: “Dubai Brasileira”.
“A denominação de Dubai teve início com o lançamento do edifício Yachthouse Residence Club, que está entre as torres mais altas da América Latina, e depois veio outros arranha-céus na avenida Atlântica que funcionou o município no topo de diversos rankings da construção civil” , acrescenta Mazoca.
"Dubai Brasileira"
As semelhanças do horizonte de Balneário Camboriú com o da principal cidade dos Emirados Árabes garantiram ao Balneário Camboriú a designação de Dubai Brasileira e, agora, o transporte público gratuito pode mudar esse apelido para “Luxemburgo Brasileira”. O rico e pequeno país europeu foi o primeiro no mundo a apostar na tarifa zero em todo o território nacional, em 2020.
No entanto, há outras semelhanças entre Balneário Camboriú e o país que faz fronteira com a França, Alemanha e Bélgica. O município catarinense tem pequeno território, alta arrecadação, excelente qualidade de vida, imóveis de altíssimo valor (o que faz com que o valor do metro quadrado seja o mais alto do Brasil) e falta espaço para que as ruas e avenidas sejam ampliadas. Consequentemente, faltam vagas para estacionar veículos durante o ano inteiro. Um problema que se agrava na temporada de verão.
“É comum que destinos como Balneário Camboriú sejam comparados com municípios, também turísticos, com similaridades”, diz Mazoca. No entanto, ele acredita, assim como Tigrão, que a cidade será sempre a Maravilha do Atlântico Sul.
"Maravilha do Atlântico Sul"
Com o novo traçado, a avenida Atlântica ganhou suas primeiras obras de urbanização. Entre elas, o calçadão em petit pavet com mosaicos de pedras pretas e brancas, semelhante ao calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro. Era meados da década de 1970 e a praia carioca estava em plena ebulição. E justamente nessa época Balneário começa a ganhar projeção, inclusive com a vinda de celebridades do eixo Rio-São Paulo. E bastou a mídia se referir ao balneário como “Copacabana do Sul” que a denominação ganhou força dentro e fora do estado.
Foi nos anos de 1980 que o radialista Luiz Carlos Tigrão e o hoteleiro Mazoca sugeriram um concurso, que foi lançado pela Rádio Camboriú, para a criação de um slogan para a cidade. “Quem ganhou foi o morador Ademir Noveletto, que tinha uma sapataria, com o slogan Balneário Camboriú, a Maravilha do Atlântico Sul”, lembra Tigrão. Inclusive, desde então o radialista nunca se referiu à cidade de outra forma. “Balneário Camboriú é e sempre será a Maravilha do Atlântico Sul.”
Com o passar dos anos, novas denominações para a cidade, mas que não chegaram a pegar. O município lançou no final dos anos de 1990 uma campanha de divulgação nacional com o slogan “Balneário Camboriú – terra de lazer e alegria todo dia”. Na mesma época se falou em “Balneário Camboriú, destino para quem quer lazer o ano inteiro”, “Balneário Camboriú, muito mais que uma praia” e “Balneário Camboriú, o paraíso é aqui”.