Estátua do presidente Jango será retirada para obras da nova orla da Praia Central
Monumento ficará em novo ponto no futuro calçadão, com o ex-presidente “olhando” para onde ficava sua antiga casa de veraneio
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Autor do monumento espera que remoção seja com cautela, pois obra anterior deu fim ao Monumento das Sereias que ficava na Quarta avenida
(fotos João Batista)
Autor do monumento esperar que remoção seja com cautela, pois obra anterior deu fim ao Monumento das Sereias que ficava na Quarta avenida (Foto: João Batista)
Autor do monumento esperar que remoção seja com cautela, pois obra anterior deu fim ao Monumento das Sereias que ficava na Quarta avenida (Foto: João Batista)
A estátua do “presidente comunista” João Goulart, o Jango, na calçada da avenida Atlântica, em Balneário Camboriú, será retirada do local para o avanço da obra da nova orla da Praia Central. A escultura em bronze, do escultor gaúcho Jorge Schröder, vai ser realocada para um ponto mais próximo da praia, pois o atual calçadão será ampliado no projeto de reurbanização.
O monumento foi feito em bronze em 2007, retratando a figura do ex-presidente e dos dois filhos dele num momento de descontração. “Tentei colocar esta ideia de que aqui ele vinha para ...
O monumento foi feito em bronze em 2007, retratando a figura do ex-presidente e dos dois filhos dele num momento de descontração. “Tentei colocar esta ideia de que aqui ele vinha para este fim, descansar em família”, lembra o escultor. A obra fica no trecho da avenida com a rua 4600, em frente ao terreno da antiga casa de veraneio onde Jango e a família passavam férias.
As temporadas em BC fizeram a cidade ser conhecida na época como “praia presidencial”. A realocação do monumento envolve o conjunto da obra, entre a escultura em bronze, o banco de granito e a base em concreto com a frase “Balneário Camboriú – A praia do Presidente Jango”, também em bronze.
No novo local, Jango vai continuar “olhando” para a antiga casa, mas num ponto mais afastado da avenida e mais perto da faixa de areia. O plano prevê o posicionamento no novo calçadão, ao lado da área da futura restinga. O imóvel do ex-presidente chegou a ter o tombamento decretado em 1989, mas na época ele já estava descaracterizado como casa de veraneio, o que resultou na revogação do tombamento em 1994.
A casa havia tinha virado um restaurante e hoje o terreno está destinado pra construção de um novo arranha-céu. “A arquitetura já tinha sido comprometida com as adaptações para funcionar como restaurante”, explica Lilian Martins, diretora da Fundação Cultural de BC. Lilian, que é conservadora e restauradora de bens culturais, lembra que, em 2004, com a criação da FCBC, o assunto voltou à tona surgindo a ideia do monumento.
“Era uma vontade da comunidade que o local fosse marcado, tem um valor afetivo. E foi assim que foi feita a encomenda da obra, onde João Goulart está sentado com seus filhos olhando para o ponto em que ficava sua casa”, disse.
A mudança do monumento ocorre em função das obras do primeiro lote da reurbanização da orla. O trabalho está em andamento no trecho 17, entre as ruas 4400 e 4600, na Barra Sul, executado pela construtora FG desde novembro de 2023.
Político deu fama de “praia presidencial” a BC
A presença de Jango em BC durante as férias fez a cidade se tornar famosa e ganhar destaque nacional, atraindo os primeiros investidores. Antes de ser presidente, Jango já frequentava Balneário, quando foi deputado, ministro e depois vice-presidente de Juscelino Kubitscheck, em 1956.
Com a primeira fama de “praia presidencial”, BC cresceu e ganhou novos empreendimentos a partir de 1962, movimento que evoluiu até a cidade passar a ser chamada hoje de “Dubai brasileira”. Jango assumiu a presidência em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros. Ele foi derrubado do cargo pelo golpe militar em 1964 e acusado de “comunista” por corrente de radicais.
Trabalho cauteloso para evitar danos
Lilian Martins, diretora da Fundação Cultural de BC, informa que a equipe de técnicos da FCBC já realizou a prospecção pra erguer a base do monumento e, junto com a empresa que tá fazendo a obra de reurbanização, definiu como será realizada a movimentação da estátua.
Ela ressalta que o trabalho será feito de maneira “muito cautelosa” e respeitando a leitura estética e histórica do monumento. O plano teve laudos para a movimentação e sinalização da nova posição. O serviço é previsto para as próximas semanas.
“O tema deve ser tratado com a máxima diligência, já que monumentos públicos têm a função de trazer à memória fatos e acontecimentos importantes para a compreensão da nossa história”, avalia. “Assim, a estátua de João Goulart tem um propósito muito específico: a de marcar a cidade como uma destinação turística tão forte que o próprio presidente veraneava por aqui e adquiriu uma casa de veraneio”, completa.
Criador do monumento, o escultor Jorge Schröder, que é morador da cidade, disse que ficou sabendo da remoção pela imprensa. Ele afirmou que não foi comunicado pra acompanhar o processo, mas espera que a obra seja respeitada. “Espero, sinceramente, que ocorra bem, pelo menos com a integridade da obra e seu destino”, comentou.
O artista lembrou o caso da remoção do monumento As Sereias, também de sua autoria, que foi retirado para as obras do elevado da Quarta avenida e ainda espera realocação para o novo endereço, na avenida das Flores. “Foi feito algo deplorável. Retiraram sem meu conhecimento, por pessoas que não sei se entendem, e colocado em local improvisado e até o momento não deram o destino adequado”, lamenta.
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