Há cerca de três semanas os artistas plásticos Marcelo Ferreira de Almeida, de 47 anos, e Rafael Meira, de 30, tiveram suas esculturas de areia destruídas na orla de Balneário Camboriú. As obras tinham temática marinha, figuras humanas e até um carro de Fórmula 1, que estava em fase de acabamento.
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As esculturas de Marcelo chamavam a atenção de quem passava pela praia e também pelo calçadão, em frente à praça Almirante Tamandaré. Já as obras de Rafael estavam nas imediações da rua ...
As esculturas de Marcelo chamavam a atenção de quem passava pela praia e também pelo calçadão, em frente à praça Almirante Tamandaré. Já as obras de Rafael estavam nas imediações da rua 3700.
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“Chegamos na praia uma manhã e tudo estava no chão. Foram trabalhos de meses arrastados pelos tratores da prefeitura”, denuncia Marcelo.
Rafael teria retornado para São Paulo, de onde veio há cinco anos, porque se entristeceu com o que passou. “Ele chorou muito e disse que iria embora. Não conseguiu nem ficar até o verão”, conta o amigo.
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Já Marcelo seguiu em frente. A destruição das esculturas de areia que havia levado mais de um mês para executar não o desanimou. Ele continua fazendo arte, apenas mudou o endereço. Se instalou de frente para a rua 1600, também na orla de BC.
No novo ponto, em menos de 15 dias, já esculpiu um tubarão, uma sereia, um siri e um jacaré. Os corantes usados são as anilinas comestíveis e, segundo ele, não prejudicam o meio ambiente.
Marcelo está agora trabalhando em um dragão que terá mais de 8 metros.
Prefeitura explica
A explicação da prefeitura para a derrubada das esculturas dos dois artistas de rua é que eles utilizaram tintas, esmaltes, resinas e substâncias tóxicas ao meio ambiente, além de elementos decorativos em vidro e plástico, e de sustentação como madeira, pedras e tijolos que podem ferir as pessoas na areia da praia.
“Laudo da secretaria do Meio ambiente apontou a utilização desses elementos, que são considerados poluentes e nocivos”, explica a diretora de arte da Fundação Cultural de Balneário Camboriú, Lilian Martins.
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Ela conta que os artistas chegaram a ser notificados várias vezes, mas não atenderam às solicitações dos fiscais. “Não somos contra a arte. O município tem um programa para incentivar a arte de rua. Mas existe um regramento que precisa ser cumprido”, completa Lilian.
Atritos com "vizinhos"
Trabalhadores de quiosques e moradores das imediações da rua 1600 com a Atlântica reclamam de alguns transtornos que a obra de Marcelo está trazendo para a região. “Ele vive em situação de rua e geralmente passa a noite aqui e reúne uma série de amigos. A praia amanhece imunda”, diz a vendedora de churros C.M.
O engenheiro Rui Machado também mora na altura da rua 1600 e conta que o aglomero de pessoas acaba impedindo a prática de esporte à noite. “Eles ficam bebendo, fumando, mexendo com as mulheres. O problema não é o artista, mas as pessoas que se reúnem”, diz.
Marcelo confirma que muitas vezes passa a noite no local e reúne amigos, mas nega qualquer assédio. “Ficamos aqui, mas sempre na nossa, sem incomodar ninguém”, garante.
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