Um mecânico industrial de 27 anos foi condenado a oito anos, três meses e 15 dias de prisão pelo Tribunal do Júri. Ele foi condenado por tentar matar a ex-companheira, uma mulher transexual, em abril de 2021, em Navegantes. O homem invadiu a boate onde a vítima trabalhava com a ajuda de um machado. Ele só não matou a mulher porque os colegas de trabalho a socorreram.
Segundo a ocorrência, em abril de 2021 o mecânico industrial escalou uma parede até o segundo andar da boate, onde a vítima trabalhava e morava. Ele se escondeu embaixo da cama e armou ...
Segundo a ocorrência, em abril de 2021 o mecânico industrial escalou uma parede até o segundo andar da boate, onde a vítima trabalhava e morava. Ele se escondeu embaixo da cama e armou uma armadilha. Quando ela chegou para se deitar, o homem tentou matá-la com um machado, porém deixou o objeto cair.
O homem passou a dar chutes e socos na vítima. Ela teve ferimentos na cabeça e no rosto e só escapou da morte porque pediu socorro e os colegas de trabalho conseguiram deter o assassino. O mecânico foi trancado no banheiro até a chegada da Polícia Militar.
O acusado foi preso em flagrante também por descumprir as medidas protetivas concedidas à vítima. Ele está preso desde 25 de abril de 2021.
Na terça-feira, o mecânico foi condenado por tentativa de homicídio qualificado por emboscada, com o agravante do feminicídio, e por violência doméstica e familiar. Como ele é reincidente, vai cumprir a sentença em regime fechado.
Pelo descumprimento das medidas protetivas, ele foi condenado a mais três meses e 15 dias de detenção em regime semiaberto. “Eu não denunciava antes porque tinha vergonha e também porque há muito preconceito na sociedade”, explicou a vítima durante o julgamento.
Brasil é o país que mais mata mulheres trans
A promotora Bianca Andrighetti Coelho, que fez a acusação no julgamento, destacou que se tratava de um caso de feminicídio, porque a tentativa de homicídio foi cometida por conta da condição de mulher da vítima. Ela ainda destacou que as medidas de proteção da Lei Maria da Penha são aplicadas a pessoas transexuais com reconhecimentos dos tribunais superiores para tentar reprimir a violência contra essas mulheres.
“O Brasil é o quinto país que mais mata mulheres, segundo dados do Mapa da Violência do Conselho Nacional de Justiça, e figura pelo 14º ano consecutivo como o país que mais mata pessoas trans, segundo pesquisa realizada entre 2017 e 2022 pela Agência Nacional de Travestis e Transexuais. No período, foram 912 pessoas trans assassinadas”, destacou a promotora.
Segundo dados do Observatório de Violência contra a Mulher de Santa Catarina, 23.308 medidas protetivas foram deferidas em 2022 e 56 feminicídios foram cometidos ano passado. Dados de janeiro a maio deste ano, mostram que 12.111 medidas protetivas foram autorizadas e houve 24 feminicídios.