OPERAÇÃO
PF faz batida na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília
Ele, familiares e auxiliares teriam falsificado certificado de vacinação pra viajar aos Estados Unidos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

A Polícia Federal (PF) fez buscas na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília (DF), na manhã desta quarta-feira, em operação que apura dados falsos de vacinação contra a covid-19. Buscas também foram feitas no Rio de Janeiro (RJ), em cumprimento a 16 ordens judiciais de busca e seis ordens de prisão. Entre os detidos está o coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
O ex-presidente não é alvo das ordens de prisão, mas deve prestar depoimento durante o dia na PF em Brasília. No condomínio que Bolsonaro mora desde que voltou ao Brasil, em março, os policiais apreenderam os celulares dele e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A operação investiga um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde.
Conforme a PF, esse grupo teria fraudado cartões de vacinação de Bolsonaro, parentes e ajudantes. De acordo com a TV Globo, teriam sido falsificados os cartões de vacinação do ex-presidente; da filha dele, Laura Bolsonaro, e do coronel Mauro Cid, da mulher e da filha dele. A suposta fraude seria pra garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e auxiliares nos Estados Unidos, onde a vacinação era obrigatória.
"Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid", informou a PF.
A investigação ainda apura se outras pessoas que viajaram com o ex-presidente, como Michelle Bolsonaro, também usaram dados falsos. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito das “milícias digitais” em andamento no órgão.
Todas as ordens de prisão foram cumpridas no início da manhã. Além do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foram confirmadas as prisões do policial militar Max Guilherme e do militar do Exército Sérgio Cordeiro, que faziam parte da equipe de segurança pessoal do então presidente, e do secretário municipal de governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.
Crimes apurados
A PF investiga os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores no caso. A apuração aponta que a inclusão de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde ocorreu entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.
Os beneficiados pelo esquema obtinham certificados de vacinação pra burlar regras sanitárias impostas pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos, conforme a investigação. A PF não divulgou quem fazia a inserção dos dados, mas afirmou que o grupo tinha objetivo de "manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas" e "sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a covid-19".