ITAJAÍ

Itajaiense adotada e levada pra Israel busca família biológica após 37 anos

Karine e irmão foram acolhidos por família estrangeira. Moça acredita que pode ter sido traficada por quadrilha que agia na época

Karinor e o suposto irmão Chem nasceram em Itajaí e podem ter sido traficados para Israel (Fotos: Arquivo pessoal)
Karinor e o suposto irmão Chem nasceram em Itajaí e podem ter sido traficados para Israel (Fotos: Arquivo pessoal)
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Karine Ruimi tem hoje 37 anos e um sonho: encontrar sua família biológica. Ela foi adotada por uma família israelense com pouco mais de um mês de vida, junto com um menino que supostamente é seu irmão gêmeo, e as únicas informações que tem sobre seu passado são que é filha de Maristela de Macedo Lima Gomes e que teria nascido em Itajaí em 3 de janeiro de 1986.

Karine cresceu acreditando que era filha de uma empregada doméstica, que a teria entregue para adoção por ser mãe solteira e não ter condições financeiras para criá-la.

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Karine cresceu acreditando que era filha de uma empregada doméstica, que a teria entregue para adoção por ser mãe solteira e não ter condições financeiras para criá-la.

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No entanto, Karine pode ter sido uma das milhares de crianças brasileiras traficadas para Israel na década de 1980 por uma quadrilha que agia em todo o Brasil e com ramificação na cidade. Segundo informações divulgadas pela polícia na época, a quadrilha vendeu cerca de 500 crianças nascidas na cidade na década de 1980, a maioria foi levada para Israel, a preços que iam de US$ 5 mil a US$ 50 mil.

“Sempre soube que era filha adotiva e que minha mãe teria me doado porque era muito pobre. Soube há pouco tempo da atuação dessa quadrilha e acredito que minha mãe biológica pode ter sido vítima dessas pessoas”, diz. Ela vive hoje na cidade de Haifa, no litoral de Israel, mas cresceu em Kiryat Yan. “Preciso saber da minha origem. Com a publicação da minha história pode ser que alguém tenha alguma informação com relação a minha família", analisa.

 

Quadrilha usava anúncio em jornais

Casal cuidou da adoção para israelenses

Casal cuidou da adoção para israelenses

 

A história de Karine é muito parecida com a de milhares de brasileiros que nos anos de 1980 foram adotados por famílias estrangeiras. Ela conta que sua família adotiva tinha excelente padrão de vida em Israel e, portanto, condições financeiras de supostamente pagar pela adoção. Outro fato que chama a atenção é que seus pais adotivos souberam de crianças para adoção no Brasil por meio de um anúncio de jornal na época. “Eles estavam casados há 26 anos, haviam feito diversos tratamentos para fertilidade, mas não conseguiam engravidar. A adoção seria a única alternativa", explica.

Karinor, como é conhecida em Israel, conta que os pais fizeram contato com o Brasil e logo depois viajaram para o Rio de Janeiro, em dezembro de 1985. “Eles estavam na época com 47 anos e diante da impossibilidade de uma gravidez, optaram por um casal de gêmeos brasileiros”, diz. No Rio, o casal ficou hospedado num hotel onde receberia as crianças. Só que antes de Karinor e seu suposto irmão, o casal teria recebido um casal de gêmeos com “pele escura” e teria recusado as crianças.

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“Minha mãe disse que não aceitaria os bebês e os devolveu, porque ela queria que seus filhos se parecessem com ela. Depois de alguns dias uma mulher levou meu irmão para o hotel [...].  Uma semana depois eles me entregaram. Há inclusive uma foto da mulher comigo e com meu irmão”.

Ela conta que os pais permaneceram com as crianças no hotel até que fosse concluído o processo de adoção. “Nesse período, uma mulher teria ficado hospedada no mesmo quarto com minha mãe para cuidar de nós”. Todo o processo de adoção foi feito no Rio de Janeiro e após a conclusão a itajaiense Karine Gomes, com pouco mais de um mês de idade, recebeu uma nova certidão de nascimento e passou a se chamar Karine Ruimi. Inclusive, no documento de adoção expedido pelo 4º Ofício de Notas da Comarca do Rio de Janeiro, há a assinatura da mãe biológica.

 

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"Lacuna precisa ser preenchida"

A assinatura de Maristela de Macedo Lima Gomes no documento gera dúvidas para Karinor, uma vez que, segundo ela sempre soube, a mãe biológica vivia em Itajaí em situação de extrema pobreza. Isso, acredita, reforça a possibilidade de fraude, assim como de falsificação do nome da mãe. Inclusive, falsidade ideológica foi um dos crimes imputados a Arlete Hilu, que chefiava a quadrilha na época.

Também existe a possibilidade de Karinor e seu suposto irmão gêmeo Chem não serem sequer parentes. No entanto, essa é uma dúvida que os dois ainda não elucidaram porque a realização de exames de DNA em Israel é um procedimento incomum. “Independentemente de qualquer coisa somos muito próximos e isso importa muito pra gente”, garante.

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A adoção pela família israelense de classe média alta possibilitou que Karinor cursasse duas graduações (Administração e Economia) e vivesse em vários locais do mundo. Hoje ela é executiva de uma empresa ligada ao Google, está casada há 10 anos e tem três filhos, com oito, quatro e dois anos.

Seu pai adotivo morreu há 20 anos e sua mãe tem hoje 81 anos. “Ela não gosta de falar no assunto e, pelo que soube, foi meu pai que cuidou de todas as tratativas. Portanto, ele levou os segredos com ele”, diz. Ela convive bem com o irmão, que é casado, tem três filhos e vive na mesma cidade.

Karenor diz que vive bem, tem tudo o que precisa e é feliz. No entanto, a incerteza sobre suas origens é uma lacuna que precisa ser preenchida. “Não pensarei duas vezes se precisar embarcar num voo para o Brasil em busca do meu passado, da minha família biológica”, disse.

 

Polícia Federal descobriu quadrilha em 1986

Mulher levou crianças para o Rio de Janeiro

Mulher levou crianças para o Rio de Janeiro

 

Em junho de 1986, seis meses depois da adoção de Karinor, a Polícia Federal chegou a um advogado de Itajaí que pertencia à quadrilha comandada por Arlete. Ele teria um verdadeiro exército a seu serviço, formado por médicos, enfermeiros, parteiras, funcionários do judiciário e da imigração e pessoas pagas para se aproximarem das mães.

Inclusive, em sua defesa, o advogado itajaiense teria dito na época que “se essas crianças ficassem em seu habitat não completariam o primeiro mês de vida”, tamanha a pobreza de suas famílias biológicas. Uma maternidade local também chegou a ser investigada na época, assim como um hospital de Blumenau, do qual foi comprovada a participação de algumas religiosas que estariam ligadas à quadrilha.

 

 






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