Edital lançado na última sexta-feira pelo governo estadual traz uma redução de 83% no número de bolsas de estudo para estudantes de Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) de escolas públicas do estado. O programa que visa reduzir a evasão escolar teve queda de 60 mil bolsas em 2022 pra 10 mil neste ano, no primeiro edital do governo de Jorginho Mello (PL).

O corte afeta famílias com a da diarista Kely Cristina de Assunção, de 50 anos, moradora do bairro Nova Brasília, em Itajaí. Ela tem filho e sobrinhas que estudam na escola Básica Henrique Midon, no bairro São João, e tiveram o benefício cortado. O filho dela tem 17 anos e tá no último ano do ensino médio.

Desde fevereiro, ele não conta mais com R$ 568 mensal da bolsa, que ajudava no orçamento familiar. “A escola avisou que o governo simplesmente cortou a bolsa dos alunos, a qual no outro governo os pais assinaram um papel que receberiam até 2024”, disse. Kely é separada, mora com dois filhos – o mais novo de seis anos – e com o pai que sofre com demência e com a mãe que tem câncer.

Ela comenta que muitos alunos fizeram dívidas contando com a bolsa estudantil e poderão ter que largar os estudos pra trabalhar ou ter que trabalhar e estudar à noite. “Meu filho foi um deles. Agora vai ter que arrumar serviço e estudar à noite”, lamentou. “Mas eu preciso dele pra me ajudar”, destaca, preocupada que o filho não possa nem ter condições de concluir o ensino médio.

A gerência regional de Educação conversou com as famílias da escola, explicando os motivos do corte, ligados à falta de recursos. Segundo a Secretaria de Estado da Educação, as bolsas do ensino médio em 2023 serão dadas aos estudantes com maior necessidade, com base no Cadastro Único do governo federal.

O estado defende que a distribuição do benefício está em conformidade com as finanças do governo. Os valores previstos no edital seguem os mesmos, com até R$ 6250 anuais, divididos em 11 parcelas, para cada aluno. A aprovação do benefício leva em conta vários critérios, entre eles a renda familiar e classificação da fila única. Tanto a família quanto o aluno devem estar inscritos no Cadastro Único.