As mudanças na grade curricular do ensino médio provocaram protestos de estudantes contrários à medida pelo país. Em Santa Catarina, também há mobilizações, engrossadas ainda pelo anunciado corte nas bolsas de estudos para 2023 pela Secretaria Estadual de Educação.
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O chamado Novo Ensino Médio (NEM) está sendo implantado gradativamente nas escolas desde o ano passado. O modelo criado por Medida Provisória no governo de Michel Temer (MDB), convertido ...
O chamado Novo Ensino Médio (NEM) está sendo implantado gradativamente nas escolas desde o ano passado. O modelo criado por Medida Provisória no governo de Michel Temer (MDB), convertido em lei em 2017, prevê a redução de aulas de disciplinas como matemática, português, história e química, e a criação de novas matérias divididas por áreas do conhecimento.
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Neste mês, manifestações de estudantes secundaristas aconteceram em mais de 50 cidades pelo país. Na semana passada, alunos do Grêmio Estudantil da escola Maria da Glória Pereira, no centro de Balneário Camboriú, protestaram contra o NEM. O ato foi marcado pela recusa em entrar na sala de aula, manifestação com cartazes e distribuição de panfletos.
Cerca de 150 alunos participaram e mais de 300 panfletos foram entregues. A presidente do Grêmio Estudantil, Maria Eduarda Ramos Rodrigueiro, diz que a redução de aulas de disciplinas científicas pra criação de novas matérias não ajuda os alunos na prática. Além disso, ela observa que o modelo não mudou a estrutura das escolas, que seguem com problemas básicos de manutenção.
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“A exemplo da EEB Prof. Maria da Glória, que tem queda de energia quando são ligados os aparelhos de ar-condicionado da escola, não tem laboratório de matemática e muito menos de química e ou física. Para piorar, a amplificação da carga horária tem trazido dificuldades para os alunos que trabalham”, relata.
Os alunos seguem mobilizados pela revogação do Novo Ensino Médio e novas manifestações podem acontecer. “Estamos tentando juntar outras escolas, pois assim teremos mais força e voz”, destacou Maria Eduarda.
O movimento aponta que o modelo foi aprovado sem discussão com a sociedade. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que vai debater a reforma do ensino médio. O modelo não deve ser revogado, mas o governo pretende não deixar “do jeito que está”. Uma consulta pública está prevista pra ser aberta até junho.
Pela lei, as escolas têm até 2024 pra implantar o novo modelo. O NEM aumenta de 800 pra 1400 horas o tempo mínimo das aulas, com um currículo diferente, voltado para a formação técnica profissional.
As matérias foram divididas em quatro áreas – linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas – que representarão 60% da carga horária. Os outros 40% serão de matérias complementares, definidas conforme a área de especialização escolhida pelo aluno.