Saúde
Terapias integrativas ganham espaço no tratamento de pets
Procedimentos como acupuntura e homeopatia não apresentam efeitos colaterais e são indicados para animais idosos ou com intolerância à medicação
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



Purga, uma dachshund (popular salsicha), completou 10 anos em janeiro. Com a idade e o aumento de peso, vieram os problemas de coluna, que são bens comuns à raça. Ela foi ficando mais parada, triste e com dificuldades de fazer muitas coisas que fazia antes, até que um determinado dia travou.
Exames de imagem mostraram que ela tinha os famosos “bicos de papagaio” e uma hérnia de disco. A primeira recomendação foi uma cirurgia ortopédica, só que o procedimento teria uma recuperação demorada, dores no pós-operatório, a ingestão de muitos medicamentos (que poderiam inclusive alterar sua função hepática), além de risco de perder os movimentos das patas dianteiras.
“Minha irmã já tinha enfrentado um problema semelhante com a cachorrinha dela, só que mais grave que o da Purga, e curou com acupuntura, optei também pela veterinária integrativa”, conta o tutor César Ricardo Ortiga, de Navegantes. “Houve melhora a partir da primeira sessão, e após as 10 recomendadas, a Purga está totalmente recuperada. Corre, brinca, pula”, relata César. Hoje a doguinha faz uma sessão de 15 em 15 dias e mantém o uso de dois medicamentos homeopáticos, o que, segundo o tutor, não deve acontecer por muito mais tempo.
Assim como para César, para muitos outros tutores a medicina veterinária integrativa passou a ser uma alternativa na garantia da qualidade de vida dos pets. Ela reforça a importância da relação entre o paciente e o profissional de saúde, a partir de abordagens terapêuticas adequadas, com profissionais de saúde e disciplinas para obter o melhor da saúde e cura (health and healing).
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina Veterinária Integrativa (ABMVI), essa área da veterinária leva em conta uma abordagem orientada para um sentido mais amplo de cura, que visa tratar o paciente em seu todo.
“Trabalhamos com ações integradas, aliando as práticas da medicina veterinária convencional com a integrativa, buscando o equilíbrio do corpo (físico, mental, emocional e espiritual), sem efeitos colaterais”, explica a veterinária Michelle Cordeiro, da Terapiasvet Veterinária Integrativa.
Qualidade de vida
A especialista Deisi Cristiani Alves, da Bicho da Terra, defende que a medicina veterinária integrativa veio para complementar o que faltava na medicina tradicional. “Existem muitos meios de tratamento, sejam convencionais ou não, na prevenção e qualidade de vida”, diz Deisi.
Ela faz uso de diversas abordagens terapêuticas, com a associação de tratamentos convencionais com terapias complementares como dietas nutricionais, massagens, fisioterapia, ozonioterapia, uso de florais, acupuntura, reiki, homeopatia, ayurveda, entre outras. Isso inclui a medicina tradicional chinesa (MTC), cromoterapia, aromaterapia, fitoterapia, massagem, meditação e imposição de mãos.
“Há 10 anos pouco se falava dessas terapias. Esse assunto não era abordado nas faculdades e, inclusive, elas eram motivo de riso para muitos profissionais. Hoje elas entram como matéria optativa em muitas universidades”, conta Deisi.
Já Michelle Cordeiro trabalha há 15 anos com a veterinária integrativa e conta que hoje recebe de cinco a seis novos pacientes por dia. “Há 15 anos a gente precisava ser indicado pelo veterinário clínico. Hoje as indicações dos clínicos aumentaram e os próprios tutores têm buscado essas alternativas por iniciativa própria”, conta.
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Conheça as principais técnicas da medicina veterinária integrativa
Homeopatia
Reconhecida como especialidade médica há décadas, a homeopatia é uma forma de terapia alternativa baseada no princípio de que o suposto tratamento se dá a partir da diluição e dinamização da mesma substância que produz o sintoma num indivíduo saudável. Os princípios ativos são oriundos dos reinos animal, vegetal ou mineral.
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Cromoterapia
Também chamada de terapia das cores, a cromoterapia é um tipo de terapia complementar, em que são utilizadas cores para auxiliar no tratamento de doenças, trabalhando o nível físico e os níveis mais sutis do ser vivo. É uma técnica muito suave, mas intensa, que reequilibra a dinâmica natural da energia do organismo.
Ozonioterapia
Na área medicinal, o ozônio age como um antisséptico, anti-inflamatório, analgésico, modula o estresse oxidativo, melhora a circulação periférica, modula o sistema imunológico, a oxigenação, estimula a cicatrização e a epitelização. Possui ainda propriedades bactericidas, fungicidas e antivirais.
Nutrição funcional
É uma parte da nutrição que preza pelo cuidado da saúde a partir das possibilidades que a genética do indivíduo tem de manifestar determinadas doenças devido à sua alimentação e seu estilo de vida.
Reiki
É uma técnica de imposição de mãos com intenção de cura. É definida como a energia cósmica que está dentro e fora de todos nós e o terapeuta reikiano nada mais é do que um canal por onde essa energia cósmica passa para chegar ao indivíduo que está recebendo o tratamento.
Acupuntura
A técnica milenar é usada para dar qualidade de vida e para a cura de doenças, principalmente para o alívio da dor em substituição a utilização de medicamentos por longos períodos, trazendo malefícios para órgãos como o fígado e os rins. A técnica propicia um efeito analgésico muitas vezes melhor, mais intenso, muito mais duradouro e sem nenhum efeito colateral.
Fitoterapia
Os fitoterápicos são utilizados para tratar patologias de forma mais saudável e sem agredir o organismo, além de aumentar a qualidade de vida dos animais. A ação biológica das plantas medicinais é eficaz, com baixa toxicidade e efeitos colaterais e deve ser aproveitada, uma vez que a natureza oferece gratuitamente a cura para as doenças.
Floral
Os florais são capazes de tratar além do físico, considerando o ambiente, a mente, o comportamento e a espiritualidade como promotores de saúde e bem-estar. As principais formas de administração utilizadas para animais são via oral (no alimento, na água ou direto na boca) ou tópica, borrifando no corpo.
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