Depois de quase uma década, a Sociedade Guarani, em Itajaí, vai ter eleições disputadas sem aclamação. A chapa de situação terá concorrência, com um grupo de oposição na disputa.

Nas últimas eleições, o comando do clube se revezou entre representantes de um mesmo grupo. A expectativa é de uma eleição acirrada, como foi a do clube Itamirim, em 2022, envolvendo duas das mais tradicionais famílias da cidade.

As eleições da nova diretoria da Sociedade Guarani estão marcadas para a próxima quinta-feira, dia 23, das 13h às 21h. O local de votação será na sede social da rua Hercílio Luz, no centro de Itajaí.

O clube tem 725 sócios, estando aptos a votar os que estiverem em dia com as mensalidades e sendo proibido o voto por procuração. A votação vai definir o presidente, vice-presidente, diretores e conselheiros. O mandato é de dois anos.

A chapa 2, “Guarani em evolução”, é a da situação, encabeçada pelo atual vice-presidente, o empresário e corretor de imóveis Rubem Bado. Na vice-presidência da chapa está o atual presidente, o empresário Marcelo de Almeida Heusi.

Nas últimas eleições, a dupla Marcelo e Bado formou a chapa única que assumiu o comando e foi indicada pelo presidente anterior, Alexandre Machado Kleis.

Desta vez, o grupo terá oposição da chapa 1, “Somos todos Guarani”, liderada pelo candidato à presidência Emerson Pereira, empresário que é presidente da Itajaí Participações e diretor-executivo do Elume Parque Tecnológico (Centro Regional de Inovação). Na vice-presidência da chapa está o empresário e economista Abdon Foes Finardi, sócio e diretor do grupo Kia Power Imports.

Gestão atual quer continuidade

As chapas estão em plena campanha para ganhar os votos dos associados. Sócio do clube há nove anos, Rubem Bado disse que colocou o nome à disposição como presidente para continuar os projetos desenvolvidos pelo atual comando do clube. Os desafios envolvem as obras do Plano Diretor da entidade, que prevê melhorias e ampliação na estrutura da sede da Praia Brava até 2035.

“Os últimos anos foram de muito trabalho e de muitas conquistas, onde conseguimos resolver problemas históricos e projetar o futuro do Guarani para os próximos anos”, comentou em vídeo da campanha nas redes sociais. Entre as melhorias anunciadas, há uma nova quadra de basquete, novos quiosques e calçadas, e um bar e salão de festas.

O atual presidente, Marcelo Heusi, destacou como legado de sua gestão a entrega do plano estratégico para o andamento das obras de ampliação do clube. “Isso era uma coisa muito importante que a gente gostaria de fazer na nossa gestão e fizemos. Estamos entregando aos associados um planejamento estratégico completo que vai permitir um crescimento ordenado do clube”, afirmou.

A diretoria diz que quer retomar em breve as obras do projeto Guarani 2035, que já foi discutido e aprovado pelos sócios. O plano de propostas da chapa 2 para o próximo mandato não foi encaminhado até o fechamento da matéria, mas segundo Marcelo isso seria feito ainda na segunda-feira.

Oposição defende transparência e participação feminina

A chapa de oposição nasceu a partir de um grupo de insatisfeitos com o que chamam "de inércia e falta de transparência da atual gestão". Com histórico de voluntariado no clube, Emerson Pereira colocou o nome à disposição e foi o indicado pra liderar a chapa. O grupo critica a atual diretoria por "falta de transparência nas prestações de contas e chamadas de capital". O grupo ainda diz que a diretoria ignorou pedidos de informações e deixou de atender solicitações de associados. Uma pesquisa que coletava sugestões dos sócios,  promovida pela atual diretoria, nunca teve o resultado divulgado, alegam.

“A gente tem percebido nos últimos anos pouquíssimo espaço pra transparência, no que diz respeito à prestação de contas”, aponta Emerson. Para ele, a comunicação sobre os principais assuntos do clube também tem falhado. “Essa insatisfação, que era minha, também é de muitos outros sócios de todos os esportes do clube”, observa.

A participação feminina é outro compromisso do grupo pra tornar o comando do clube plural. A proposta está retratada na composição da chapa, com sete mulheres presentes. Na chapa da situação não havia mulheres inicialmente, mas houve uma mudança e passaram a participar do grupo duas associadas. “Pela primeira vez, o Guarani, de fato, vai ter presença feminina dentro da administração do clube”, frisa Emerson.

Entre as propostas, o candidato destaca a abertura de canais de comunicação, retomada de grandes eventos da sede social e a busca de recursos pra execução da segunda fase do projeto Guarani 2035, começando por destravar os valores da chamada de capital parados há anos. “A gente ainda tem ativos que podem viabilizar a sustentação financeira tanto dos projetos de ampliação quanto da própria manutenção do clube”, considera.

Clube tem 126 anos de história

A Sociedade Guarani foi fundada em 21 de março de 1897, com a primeira sede na rua Manoel Vieira Garção. A sede na Hercílio Luz foi inaugurada em 1953, sendo palco de grandes eventos carnavalescos. Desde 2014, a entidade conta com a sede esportiva na Praia Brava. O espaço da Brava representa o futuro do clube e hoje é o principal espaço de convivência dos sócios e convidados.

A área na Brava conta com quadras esportivas, restaurante, espaços de eventos, lazer e recreação. O plano Guarani 2035 projeta uma série de novas áreas e atividades, como piscinas cobertas e abertas, quadras de beach tennis e padel, centro comercial, parque infantil e mirantes. O projeto de expansão tem sido discutido e defendido pelas duas chapas nas eleições deste ano.

A disputa se dá em meio ao novo Plano Diretor de Itajaí que será discutido na Câmara e às propostas de novos acessos e parques na Brava com impactos em áreas de terra de expansão do clube. Na semana passada, o Guarani conseguiu na justiça a suspensão do embargo da polícia Ambiental  às obras de ampliação de quadras cobertas. Outra ação do ministério público requer a recuperação de uma área degradada pelas obras do clube, mas ela foi julgada improcedente. Da decisão ainda cabe recurso