Briga política
Governador Jorginho vetou a chapa da região à Fecam, afirma prefeito de Penha
Pelo menos cinco prefeitos teriam desistido da chapa de Aquiles por pressão política e ameaças; governo de SC desmente
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

O presidente da Amfri e prefeito de Penha, Aquiles da Costa (MDB), acusa o governo de Jorginho Mello (PL) de interferir de forma “imoral” na disputa eleitoral pelo comando da Federação Catarinense de Municípios (Fecam). Segundo Aquiles, a Casa Civil do governo estadual teria feito contato com diversos prefeitos da chapa montada por ele para exigir as desistências.
A medida, que contaria com ameaças de isolamento e corte de verbas, teve resultado imediato: pelo menos cinco nomes da chapa de Aquiles deram pra trás. Através da sua assessoria de imprensa, o governador Jorginho Mello desmentiu a versão do prefeito de Penha e diz que de modo nenhum quis ou pretende interferir na eleição da Fecam. “O governador não quer e não irá interferir na eleição da Fecam, afinal é um órgão independente”, disse a assessoria de imprensa do governador.
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A eleição para a gestão da Fecam está marcada para o próximo dia 30 de janeiro e duas chapas tentaram a inscrição: a liderada por Aquiles, com costura entre MDB, PSDB, PSD e outros partidos, e a liderada por Milena Lopes (PL), prefeita de Vargem, com nomes do PL, PP e PSD, entre outras siglas. A prefeita Milena tem o apoio de Jorginho e há anos é ligada ao governador.
“Houve ligação da Casa Civil para os prefeitos e prefeitas da minha chapa com a intenção de desmobilizar o nosso movimento, fazendo assédio e até mesmo ameaças para induzir a desistência dos nossos integrantes, sob pena de um isolamento do município em relação aos recursos do estado. Isso fez com que pelo menos cinco prefeitos desistissem da chapa”, afirmou Aquiles ao DIARINHO. O prefeito opina dizendo que a atitude ultrapassou “as barreiras do bom senso e os limites da linha moral”.
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A situação continua indefinida porque a chapa do prefeito de Penha acabou por não ser homologada assim como a da concorrência. Segundo a Fecam, o prefeito de Urupema, Evandro Frigo, constava na chapa como 2º secretário, mas enviou um e-mail à entidade comunicando que “não compõe a chapa apresentada a registro”.
A chapa apoiada pelo governo estadual, liderada pela prefeita Milena, também não foi homologada pela comissão eleitoral. Isso porque um dos prefeitos da nominata, Clézio José Fortunato, representa São João do Itaperiú, município que deve mensalidades à federação e, portanto, não pode concorrer.
Aquiles não abre mão
A comissão eleitoral da Fecam sugeriu a formação de uma chapa de consenso, que deverá conter exclusivamente nomes já indicados. A nova composição, se for do interesse das chapas concorrentes, deve ser apresentada até as 12h desta terça-feira.
“Desde o início me mantive aberto para conversa. Sempre achei que uma boa conversa pode resolver muitas coisas”, disse o prefeito Aquile, mas frisando que não abre mão de ser o cabeça de chapa. Segundo ele, haverá contato com a prefeita Milena, de Vargem, para formação de uma chapa única.
“Existem alguns pontos importantes aos quais não estou disposto a ceder. A presidência está entre eles. Sem demérito a nenhuma outra iniciativa, o nosso movimento foi mais intenso, articulado e bem distribuído no estado. Essa é a única razão pela qual ainda nos mantivemos até aqui, suportando várias intervenções, inclusive da própria Casa Civil, que foi instrumento de direcionamento político, ultrapassando as barreiras do bom senso e os limites da linha moral e legal para tentar definir o resultado das eleições da federação dos municípios”, acrescentou.
Com a impugnação das duas chapas, Aquiles diz que o momento é de se formar um consenso desde que seja ele o escolhido na presidência da Fecam. “Vamos discutir projetos, não podemos resumir à escolha de nomes. A Fecam é uma instituição muito importante e que deve nortear as gestões em cada município. É justo que esse movimento democrático e pluralista, encabeçado por mim, permaneça no comando da instituição que deve ter, acima de tudo, independência de qualquer outro poder constituído”, completou.
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A eleição e a posse da nova diretoria acontecem no dia 30 de janeiro. Estão aptos a votar os prefeitos filiados e com as obrigações em dia.