Tragédia do Caetano 1
Armadores mortos em incêndio são velados no Araçá
Vítimas saíram de Porto Belo pra ajudar amigo com barco encalhado e morreram
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
As vítimas do incêndio que atingiu o barco Caetano 1, que estava encalhado na praia do Cassino, no litoral do Rio Grande do Sul, foram identificadas como João Carlos dos Santos, de 53 anos, e Carlos Argino Monteiro Junior, de 45.
Os dois eram primos, associados ao Sindipi e donos barcos de pesca - eles eram também pescadores experientes e viajaram de carro ao Rio Grande do Sul pra ajudar o amigo com o pesqueiro encalhado.
Segundo a família, o velório será na Igreja Santa Terezinha, na comunidade do Araçá, a partir das 8h desta quarta-feira. Às 15h, ocorrerá a missa de corpo presente e às 16h os caixões seguem para o cemitério Municipal de Porto Belo, onde os amigos serão sepultados.
João Carlos deixou a esposa e um filho, além da mãe, duas irmãs e dois irmãos. Todos vivem da pesca. Carlos Júnior deixa a esposa, um casal de filhos e dois netos, além do pai, mãe e uma irmã.
Os armadores faleceram na tarde de segunda-feira durante incêndio na casa de máquinas da embarcação Caetano 1, que havia encalhado na praia do Cassino no sábado. Eles foram ajudar o amigo Henrique, o popular Janga, no desencalhe da embarcação. Eles acabaram morrendo no incêndio que começou na casa de máquinas. Familiares contaram que eles não conseguiram deixar a casaria por conta das chamas e acabaram morrendo queimados.
Os dois armadores trabalham com a pesca de emalhe de corvina. O Sindipi lamentou a perda e desejou força a todos os familiares e amigos.
O barco Caetano 1 segue encalhado na praia do Cassino. Na manhã de terça-feira, populares que foram até a praia para ver a embarcação de perto se depararam com a fumaça saindo do pesqueiro.
Inquérito apura caso
A Marinha do Brasil informou em nota que o incêndio começou por volta das 15h45, quando acontecia a retirada do óleo da embarcação para prevenção da poluição hídrica.
As causa do encalhe e do incêndio serão apuradas no inquérito administrativo instaurado pela Capitania, com prazo de 90 dias para ser concluído.
“Durante o acidente, dois pescadores, ainda por motivos desconhecidos, não conseguiram desembarcar e vieram a óbito. A Marinha do Brasil lamenta o ocorrido e se solidariza com os familiares das vítimas”, disse a Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul. A Capitania não informou como e quando será a retirada do Caetano 1 da orla do Cassino.
Comunidade do Araçá está em luto
O vereador Willian Ismael dos Santos, o Zé do Araça, era parente dos dois pescadores mortos. Ele conta que a comunidade do Araçá, que é uma vila de pescadores bastante unida, está toda em luto. João e Junior eram primos. Júnior ainda era casado com uma sobrinha de Janga. “Eles também eram primos de longe do Janga. A bisavó de Júnior é irmã da avó do Janga. O avô paterno do tio João é irmão da avó do Janga ,que são irmãos da bisavó do tio João”, conta, explicando que as três famílias têm laços.
Quem também lamentou a perda dos amigos foi Nilson José, que por mais de uma década apresentou o programa Pesca e Notícia, nas rádios Band e Camboriú. Nilson lembra que por várias vezes mandou alô, atendeu pedido de música e falou ao vivo com os dois pescadores enquanto eles estavam em alto-mar.
“João Carlos era um pai de família dedicado, experiente. O Júnior eu vi crescer na pesca. Batalhou bastante para ter várias conquistas. Tive muita amizade e companheirismo com eles. Estou muito triste, imagina a dor e sofrimento da família”, comenta Nilson, sensibilizado com a perda dos amigos. Ele lembra que, além de pescadores experientes, eles tinham conseguido comprar os seus barcos de emalhe.