Plano Diretor
Itajaí, Balneário Camboriú e Navegantes preparam nova legislação urbanística
Expectativa é que projeto de Itajaí chegue ao legislativo este ano
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



As três cidades mais populosas da região estão em processo de revisão do Plano Diretor, conjunto de regras urbanísticas que estabelece as diretrizes para o desenvolvimento das cidades. Itajaí está com o plano mais avançado, prestes a ser encaminhado à Câmara, enquanto Balneário Camboriú está em fase de conferências e Navegantes ainda está no início das discussões.
O projeto de revisão do Plano Diretor de Itajaí foi finalizado no ano passado após o encerramento das discussões públicas e votação das propostas pelo colégio de delegados. Neste ano, a proposta passou por ajustes técnicos no texto e análise da Procuradoria-Geral do município para formatação final.
De acordo com o arquiteto Dalmo Vieira Filho, coordenador do processo de revisão do Plano Diretor, a ideia é encaminhar o projeto de lei ainda em novembro para a Câmara de Vereadores. No Legislativo, a atualização do plano poderá receber emendas parlamentares e deve passar por audiências públicas antes de ser votada em plenário.
Dalmo destaca que o plano está sintonizado com os desafios do crescimento social e econômico de Itajaí. O projeto considera a estimativa do município de que a população da cidade vai praticamente duplicar até 2040, chegando perto dos 400 mil habitantes.
Grande parte desse crescimento é previsto nos bairros da Fazenda e Praia Brava, região que deve se consolidar como o principal núcleo urbano entre Itajaí e Balneário Camboriú. Foi nessa região que a revisão do Plano Diretor definiu as principais mudanças dos padrões urbanísticos.
As regras nos lados sul e norte da Brava ficaram com parâmetros diferentes. Na Brava Sul, o limite baixou dos atuais seis para até cinco andares na primeira quadra. Na Brava Norte, as construções serão permitidas a partir de 50 metros da beira-mar, com até seis pavimentos na primeira faixa.
Em Cabeçudas, foi mantido o padrão de até três andares nas duas primeiras quadras da orla, barrando a pressão pela verticalização no bairro. Também foram aprovadas propostas para que a região central volte a ser atrativa, com expansão portuária e crescimento industrial, e a integração da cidade ao desenvolvimento regional.
“O plano procura sintonizar o desenvolvimento urbano com a proteção do meio ambiente e com a requalificação do núcleo histórico da cidade. Garante áreas para o crescimento portuário, a indústria e a logística, protege a insolação da Praia Brava e garante a paisagem cultural de Cabeçudas”, analisa o coordenador.
Dalmo ainda comenta que o projeto estimula o adensamento urbano, especialmente ao longo dos eixos estruturais do município, como a avenida Osvaldo Reis. As propostas trabalharam com a noção da conurbação de Itajaí com os municípios da região metropolitana, em especial Navegantes, Balneário Camboriú, Camboriú, Brusque e Ilhota, levando em conta o crescimento também nas cidades vizinhas.
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Balneário faz conferências públicas
Em Balneário Camboriú, o processo de revisão do Plano Diretor está na fase de conferências públicas, que ocorrem na Câmara de Vereadores. O cronograma prevê mais cinco reuniões entre 28 de novembro e 19 de dezembro. Quatro encontros já foram realizados.
Participam das reuniões o colégio de delegados do Plano Diretor, membros do Conselho da Cidade e da Comissão de Acompanhamento do Plano Diretor e a comunidade. A população pode opinar sobre as propostas em discussão, mas apenas os delegados podem votar.
O processo de revisão foi retomado neste ano após o projeto não avançar em 2016 por falta de estudos complementares. O Plano Diretor de Balneário está sem atualização há 13 anos. Diversos estudos serão base para a definição de propostas. Um dos principais documentos é o Masterplan, elaborado pelo escritório Jaime Lerner, que conta com as diretrizes urbanísticas conforme a realidade e característica de cada bairro.
De acordo com o secretário de Planejamento de Balneário Camboriú, Fabiano Mello, o trabalho no momento visa concluir os artigos mais estratégicos do Plano Diretor. Depois, a revisão vai entrar na análise de zoneamento e macrozoneamento e, numa fase seguinte, na discussão de índices urbanísticos, taxas de ocupação, gabarito e recuos.
É essa etapa que, conforme o secretário, vai concentrar a maior parte das demandas da comunidade, por envolver os padrões construtivos. “Exatamente aqui está o maior debate sobre mudanças. Existem áreas que possuem estrutura e oportunidades para verticalizar e adensar estrategicamente um pouco mais. Em outras, [para] incentivar atividades vocacionadas”, comenta.
Para a região central, já consolidada, Fabiano destaca que a tendência é de manutenção do potencial atual, com discussões voltadas para questões técnicas que permitam uma variedade maior de produtos. Com as conferências ainda pela frente, o secretário informa que a conclusão do projeto não deve ocorrer antes do início de fevereiro de 2023.
“Mas o prazo está aberto. Só vamos concluir quando esgotados todos os debates e deliberações”, ressalta. “Após, o texto final deverá estar revisado em no máximo 30 dias, uma vez que, conforme evoluímos, a revisão já vai acompanhando”, completa.
"O plano deve sintonizar desenvolvimento urbano, proteção do meio ambiente e a requalificação do núcleo histórico da cidade”
Dalmo Vieira Filho
Coordenador da revisão do Plano Diretor de Itajaí
Redação DIARINHO
Reportagens produzidas de forma colaborativa pela equipe de jornalistas do DIARINHO, com apuração interna e acompanhamento editorial da redação do jornal.