BALNEÁRIO CAMBORIÚ

“Degraus” voltam a aparecer na faixa de areia alargada de BC

Efeito é mais visível na Barra Sul, onde erosão é mais intensa; trecho foi o que recebeu mais areia

Degraus viraram obstáculos para quem caminha na Barra Sul da praia Central
(fotos: João Batista)
Degraus viraram obstáculos para quem caminha na Barra Sul da praia Central (fotos: João Batista)
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Mesmo após um ano do alargamento da praia Central de Balneário Camboriú, o aparecimento de desníveis e “degraus” na nova faixa de areia ainda chama a atenção e alimenta a polêmica de que “o mar está voltando pra tomar o que é dele”. O município e especialistas atestam que se trata de um processo natural, visto também em outras praias, alargadas ou não.

Com o mar agitado nos últimos dias, com ocorrência de maré alta que provocou alagamentos costeiros em cidades como Itajaí, a areia da praia Central voltou a ser movimentada pela força das ondas. A ação da maré alta fica mais evidente no trecho da Barra Sul, junto ao molhe, onde se formou um paredão de areia, que seguia menos acentuado nesta semana.

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Tecnicamente, esses “degraus” são chamados de escarpas de praia, formadas pela erosão costeira e que podem se estender em linha reta ou em curvas. A secretária municipal de Meio Ambiente, Maria Heloísa Furtado Lenzi, explica que a ação das ondas e maré alta é mais evidente na Barra Sul porque no local a erosão é mais intensa.

“Por isso mesmo foi a região que recebeu um aporte maior de areia”, lembra. “Também o fato de as ondas ali não terem tanta energia, acaba demorando mais para voltar ao aspecto plano”, considera. Antes do alargamento, o trecho na Barra Sul praticamente não tinha faixa de areia e a maré alta atingia diretamente o calçadão, provocando alagamentos na avenida Atlântica.

A formação de escarpas também acontece na região do Pontal Norte, principalmente quando há ocorrência de ressacas, que atingem frontalmente a orla. Mas na região, conforme observa a secretária, as escarpas desaparecem rapidamente porque as ondas são mais intensas.

“Após a obra do molhe, a Barra Norte teve uma deposição natural de areia. Essa sobra de areia que a Barra Norte não precisou foi depositada na Barra Sul, pois é nesta região que temos problemas erosivos”, esclareceu. Maria Heloísa informa que a areia não está sendo perdida, seguindo na praia, mas na parte submersa, que se estende por cerca de 350 metros mar adentro.

“Já era esperada essa diminuição de areia na Barra Sul pois há excesso além do projeto, mas ela permanece na praia, só que está na parte submersa. Para retenção deste “excesso”, somente com contenção”, completa.

Processo natural

A professora Débora Ortiz Lugli Bernardes, oceanógrafa e pesquisadora do Grupo de Estudo dos Ecossistemas Costeiros da Univali, destaca que os processos erosivos são naturais e acontecem quando se tem eventos de maré alta ou de ressaca, mais comuns na nossa região durante o inverno.

“Esse sedimento é retirado das praias, dessa parte que o pessoal toma banho e dos sistemas de dunas, e ele é carregado para uma área submersa. Quando a gente tem esse evento de maior energia hidrodinâmica, essa praia, esse sistema de dunas, serve de anteparo para essa onda com maior energia”, explica.

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Débora frisa que esse processo não se observava antes na Barra Sul, porque a região, na prática, não tinha praia. “Então, essa maré ia bater lá no calçadão. Como não tinha sedimentos pra retirar, começava a alagar as ruas da orla. Hoje, como você tem essa areia, fica mais fácil de observar essa dinâmica, mas que ela é natural, sim”, considera.

Para o restabelecimento da praia, a professora ressalta que é preciso esperar baixar esse período de maré alta e ressacas, com o próprio mar depositando novamente, aos poucos, o sedimento da praia. Débora avalia que esse processo é o papel real do engordamento da praia, comprovando a efetiva proteção costeira.

Projeto de restinga monitora mudas

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Restinga faz parte do projeto das chamadas dunas embrionárias que vão proteger a orla das ressacas

Restinga faz parte do projeto das chamadas dunas embrionárias que vão proteger a orla das ressacas

 

Uma das condicionantes ambientais do projeto de alargamento da faixa de areia, o plantio de mudas do plano piloto pra recuperação da restinga da praia Central foi finalizado pelo município, conforme acordo com o Instituto de Meio Ambiente (IMA) e Ministério Público Federal (MPF).

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Os canteiros com as mudas de vegetação de restinga estão num trecho da Barra Sul. Nos locais, as plantas terão o desenvolvimento monitorado até que seja feito o plantio ao longo de toda a orla, previsto em paralelo às obras da reurbanização da avenida Atlântica. “Estamos agora só na fase de monitoramento e reposição das mudas nestas áreas”, informa a secretária de Meio Ambiente.

A restinga faz parte do projeto das chamadas dunas embrionárias que vão proteger a orla das ressacas e evitar a perda de material pela ação dos ventos, criando um “cinturão” de proteção natural da praia. Ao longo da orla, serão 61 canteiros com 33 mil mudas de espécies nativas de restinga, do tipo rasteira.

O acordo com os órgãos ambientais prevê o plantio com as obras de revitalização da orla, ainda a ser licitada. O projeto que pretende transformar a avenida Atlântica num grande parque linear em toda extensão da praia Central foi apresentado e passou por audiência pública em julho.

O próximo passo é a finalização do projeto executivo, que trará o orçamento pra execução da obra. Segundo o gestor do Fundo de Outorga Onerosa de Balneário, Rubens Spernau, a previsão é de o município receber os documentos ainda neste mês. Adaptações e ajustes, considerando sugestões da comunidade, vão manter o conceito urbanístico do projeto, adianta Rubens.

Frente fria agita o mar

Após dias de calmaria, o mar volta a ficar agitado na região por influência da passagem de uma frente fria no oceano, cujo núcleo na costa do Rio Grande do Sul se afasta no sábado para o Rio de Janeiro. Esse deslocamento aumenta a agitação marítima no litoral catarinense no fim de semana e é o motivo das chances de chuva isolada.

Conforme o laboratório de Climatologia da Univali, a partir de sábado a tendência é de ondas maiores que um metro nas praias da região, com pico até dois metros entre sábado e terça-feira, dependendo do local. Fora da costa, a agitação persiste até terça, com ondas que podem chegar a 4,5 metros, com risco a pequenas embarcações.

O fim de semana será com sol entre nuvens em grande parte do estado, com o tempo mais aberto no domingo. Na região, o sol deve predominar, com condições de chuva fraca e rápida no sábado e no domingo. As temperaturas serão amenas, com mínimas entre 11/13°C e as máximas entre 20/22°C.



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