COMPLEXO DA CANHANDUBA
Terceirizados reclamam de salários atrasados
Além do atraso, terceirizados denunciam desvio de funções
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Mais uma vez a empresa Soluções, terceirizada responsável pela gestão do presídio de Canhanduba, em Itajaí, é acusada de atrasar o pagamento de seus funcionários. Segundo os denunciantes, o salário está atrasado há cinco dias úteis, situação que ocorre todos os meses desde dezembro de 2020, quando a empresa assumiu o complexo.
Uma das denunciantes diz, em choro, que a situação é desesperadora e que não é a única a sofrer na pele as consequências do atraso. Ela diz ainda que a empresa não cumpre aquilo que é previsto em contrato. A começar pelo vale-alimentação, que, apesar de acordado, é substituído por refeições fornecidas pela terceirizada. “Quando entramos, estava acertado que pagariam vale-alimentação, mas eles não pagam o vale. A comida ofertada é horrível, azeda, com bicho. É um total desrespeito com o funcionário. E nós não temos uma resposta pois o nosso gestor diz que não comunicam nada a ele", lasca.
Tanto ela quanto outros funcionários alegam que o problema também se estende ao desvio de função. Relatos dos denunciantes, cujos nomes não serão citados pela reportagem, dizem que, apesar de contratualmente serem registrados como monitores de ressocialização, desempenham trabalho de agentes penitenciários. O maior salário que um monitor de ressocialização pode ganhar no Brasil é de R$ 2200, enquanto o agente prisional, que deve ser concursado, chega a R$ 10 mil em Santa Catarina.
O advogado João Martins, que representa alguns dos terceirizados, tomará medidas ainda nesta semana. “Estou entrando com uma denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho a fim de que providências sejam tomadas para que seja feito um ajuste de conduta e para que a empresa seja multada”, diz.
O Estado, através do Departamento de Administração Prisional (DEAP), disse que os repasses à terceirizada estão em dia e que foi comunicado pela empresa de que o pagamento seria feito a partir da última sexta-feira. Questionado sobre a razão da baixa não ter sido feita até esta segunda, o DEAP disse que, uma vez que repassa o montante à empresa, é dela a responsabilidade.
A empresa foi procurada pela reportagem durante esta segunda-feira, mas não deu sua versão dos fatos até o fechamento desta matéria.