Arrendamento do porto
EXCLUSIVO: “O risco do porto de Itajaí ficar ocioso não existe”, diz presidente da empresa que assume o comando
Presidente da CTIL Logística explica que estão entre as estratégias diversificar as cargas e o volume de operações
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O presidente da CTIL Logística, César Oliveira de Oliveira Júnior, conversou com o DIARINHO no início da noite desta terça-feira, após a homologação do edital de arrendamento dos berços 1 e 2 do porto de Itajaí. A licitação foi vencida pela empresa que fez a melhor proposta financeira. César Oliveira já está na cidade e vai comandar pessoalmente a fase de transição entre a APM Terminals e a CTIL - que acontece até o final de ano. “Nós nos comprometemos em trazer cargas e volume de operações para o porto de Itajaí. Somos os maiores interessados, até porque nos comprometemos em arcar com o valor de operação mensal de R$ 4.006.896,01 com o município,” explicou César.
É o momento de aproveitar. Já que a Maersk não quer mais operar, a gente vai vai mostrar ao mercado que Itajaí está à disposição de novos operadores" - César Oliveira - Presidente da CTIL
Ele adiantou que a empresa já está em negociação com armadores que têm interesse em operar linhas no porto de Itajaí e reconhece o desafio de ter pouco tempo para organizar a transição – a APM opera no porto até o último dia de 2022 e a CTIL assume em janeiro de 2023. “A decisão da Maersk (APM Terminals) de deixar de operar em Itajaí foi recente. A partir da finalização dessa etapa do edital, vamos avançar com a negociação de novas linhas para operar em Itajaí. “Temos vasta experiência na operação do porto do Rio Grande. Somos uma empresa centenária e com tradição neste setor logístico. Já estamos em negociação com armadores. Não pretendemos desviar linhas do Rio Grande para cá, mas os nossos clientes que operam em Paranaguá (PR), em São Francisco, Salvador (BA), e em outros portos do nordeste, têm interesse nessa abertura de janela de operação em Itajaí,” continua Oliveira Junior.
Diversificação da cargas
Segundo o presidente da CTIL, a ideia é diversificar a operação de cargas movimentadas pelo porto de Itajaí, que hoje é focada em contêineres. “Trabalhamos com grãos (através de bags, não carga geral), madeira, veículos... Vamos trazer volume de cargas a partir do compromisso firmado com Itajaí.”
Oliveira Junior diz que a empresa não está preocupada com uma possível judicialização do processo de arrendamento provisório com a APM Terminals, pois essa questão da transição está sendo tratada pelo município e pela superintendência do porto de Itajaí. “Recebemos contatos de sindicados e de alguns clientes preocupados com esses rumores normais de mercado, mas o edital é claro e ficou especificado que os equipamentos serão disponibilizados para o arrendatário provisório, que é a CTIL. Essa questão será resolvida pela Maersk, município e pelo porto, e não diz respeito a CTIL,” avalia.
Olho na privatização definitiva
A CTIL não descarta a possibilidade de participar da licitação definitiva que vai privatizar a gestão e a operação do porto de Itajaí. A expectativa é que o edital seja lançado em breve pelo governo federal. “Não sabemos como vai ser essa licitação, pois o edital não foi lançado ainda, mas estamos no mercado. O mercado está aberto para quem quiser participar. Podemos vir a participar, se for interessante para a empresa e para o município de Itajaí,” adiantou Oliveira Júnior.
Sobre o prazo curto de operação na gestão do contrato de arrendamento provisório (de seis meses a dois anos), o presidente da empresa reconheceu que isso torna o desafio maior, mas que não pode ser considerado um problema. “Claro que não seria o prazo ideal um arrendamento de apenas seis meses. Mas quem vencer a privatização definitiva, seja a CTIL ou outra empresa, vai poder assumir essas linhas que estaremos trazendo para Itajaí nesse contrato provisório. “Na verdade, hoje, a CTIL está absorvendo o desafio, mas isso já pode agregar muito ao arrendatário definitivo do porto e ao município,” avalia.
Itajaí aberta ao mercado
César de Oliveira Júnior entende que Itajaí deve aproveitar essa abertura de mercado que vai acontecer a partir da desistência da APM de operar no porto de Itajaí. “Hoje a Maersk que está operando, e ela que ditava as regras conforme seus próprios interesses. Trazendo outros clientes, outros armadores, outras linhas, abriremos uma nova frente de negócios para o porto. “É o momento de aproveitar. Já que a Maersk não quer mais operar em Itajaí, a gente vai para o mercado e vai mostrar que Itajaí esta aqui disponível e à disposição de novos operadores,” finaliza.