Polêmica no Pinho

Vereador de BC quer acabar com praia de nudismo

Local reúne naturistas desde a década de 1980; vereador alega que há orgias

Vereador diz que local "é um motel a céu aberto"(Foto: Divulgação)
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ojeto de lei para proibir o naturismo na praia do Pinho, em Balneário Camboriú, está dando repercussão nacional. O local é conhecido pelos adeptos dessa cultura e foi escolhido há mais de 40 pelos naturistas por ser uma praia de natureza exuberante. A prática é um conjunto de princípios éticos e comportamentais que preconizam um modo de vida baseado no retorno à natureza como a melhor maneira de viver e defendendo a vida ao ar livre, o consumo de alimentos naturais e a prática do nudismo.

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Na justificativa do projeto, protocolado no legislativo de Balneário Camboriú em 15 de julho, o vereador Anderson dos Santos (Podemos) alega que o local passou a ser palco de orgias ao ar livre e funciona como um motel a céu aberto, além de ser usado para o consumo de drogas ilícitas e registrar problemas de furto.

No entanto, segundo naturistas e membros da associação NuParaíso (antiga Associação dos Amigos da praia do Pinho), o problema não ocorre na praia e sim no matagal próximo ao costão e seria resolvido com uma ação mais efetiva das forças de segurança no local.

Susan Letícia Galz, da NuParaíso, vê o projeto como mais uma entre as diversas batalhas que ocorreram para garantir o espaço naturista, um dos poucos no Brasil. “O naturismo é uma filosofia de vida, guiada por princípios éticos e comportamentais, e estabelece inclusive um código de ética nacional desde 1996. Isso garante a prática saudável e harmoniosa e coloca como falta grave, passível de expulsão, entre outras coisas, o comportamento sexualmente ostensivo e a prática de atos de caráter sexual ou obscenos nas áreas públicas”, destaca.

Polícia não comparece

Susan frisa que os membros da associação têm buscado coibir a prática de sexo no matagal, mas diz que sem uma ação efetiva da polícia fica difícil. “Já vimos sim muitos atos obscenos a luz do dia, já pedimos reforço policial de rondas, mas nunca vimos de fato uma real preocupação da polícia em relação a isso”, denuncia.

Leandro Burg, gerente da pousada Praia do Pinho, garante que o problema não está na praia e nem na prática do naturismo, mas nas pessoas que se aglomeram nas trilhas do mato pra praticar sexo. “O naturismo prevê o desprendimento de todo padrão imposto pela sociedade, é uma comunidade unida, que vive em comunhão com a natureza, defende as boas práticas ambientais, a vida ao ar livre, reunindo várias gerações de uma mesma família. O problema não está no naturismo, mas na falta de ações efetivas dos órgãos de segurança”, destaca.

Tanto é que nos acessos a praia, na margem da rodovia Interpraias, há placas que evidenciam as regras, com a proibição da prática de atos de caráter sexual ou obsceno, bem como fotografar, gravar ou filmar qualquer naturista. “No entanto, não há qualquer tipo de fiscalização”, continua Leandro.

Segundo ele, são os naturistas que cuidam da limpeza da praia, entre outras ações que deveriam ser do poder público. “A praia é pública e quem deve cuidar dela é o município, que de não faz nada. Entra uma viatura uma vez na semana, só dá uma volta e sai, não permanecem aqui, não tem policial à paisana e carecemos de segurança”, desabafa.

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Conservadorismo ou especulação imobiliária

Susan e Leandro concordam em diversos pontos e para os dois há interesses escusos no projeto de lei. “Não sabemos ao certo qual é o real objetivo do vereador para propor esse projeto de lei, estamos na espera para ver o desenrolar de tudo isso, está gerando um alvoroço maior que certamente o vereador teria imaginado”, diz Leandro. Ele acredita que essa ação do vereador está ligada ao conservadorismo exacerbado que vive o momento político brasileiro. “Muitos conservadores querem enfiar garganta abaixo da população o seu modo de pensar e viver e acham que o naturismo é somente um pretexto para fins sexuais.”

Susan vai além. Ela concorda que uma febre de conservadorismo vem assolando o país, mas cogita ainda interesses na especulação imobiliária da praia, que hoje é totalmente preservada e um dos mais belos recantos naturais da costa catarinense. Já a Federação Brasileira de Naturismo (FBRN) se manifestou classificando a situação como “preconceituosa e um retrocesso.”

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A FBRN iniciou um abaixo-assinado contra a possível proibição e até agora já são 1313 assinaturas contra o projeto de lei. “Para a entidade, a descaracterização da praia do Pinho como sendo de prática de naturismo [tornando-a de amplo e livre acesso, sem restrição de entrada ou permanência no espaço] seria uma grande perda, porque essa é a primeira praia naturista e que ficou conhecida mundialmente, e ainda hoje atrai turistas do mundo todo para conhecê-la.

A assessoria do prefeito Fabrício Oliveira (Podemos) informou que ele não se manifesta com relação a projetos de lei do legislativo em fase de tramitação. A secretaria de Turismo também procurada, mas não retornou à reportagem até o fechamento desta matéria.



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