Pesquisa
Brasileiro é contra liberação de drogas, armas e aborto
Estudo ainda mostra que o povo é favorável ao casamento gay
Juvan Neto [editores@diarinho.com.br]
Uma pesquisa desenvolvida pela Hibou, empresa dedicada a consultas sobre mercado e consumo, ouviu os brasileiros sobre temas polêmicos e classificou o que a população mais apoia e mais rechaça. O estudo foi realizado entre 1º e 3 de julho, com 1,8 mil pessoas de todo o país.
Entre os destaques, está o apoio à redução da maioridade penal, citada por 84% dos entrevistados, e ao casamento gay (71%). Segundo a pesquisa, 52% dos brasileiros são contrários à descriminalização do aborto e 51% entendem que o aborto não pode ser uma decisão individual da mulher. Outro dado interessante é que só 35% dos brasileiros aprovam voto impresso.
A entrevista também fez questionamentos sobre armas, drogas, cotas, relacionamento afetivo, entre outros temas.
Ligia Mello, coordenadora da pesquisa e sócia da Hibou, pontuou mais números: a legalização da poligamia (relações com mais de três indivíduos), por exemplo, foi outro assunto rechaçado pela população.
Um tema considerado mais liberal – o ensino e orientação sobre sexualidade nas escolas – obteve aprovação de 70%. “É possível perceber que questões como a igualdade salarial entre homens e mulheres, aborto devido à gravidez por violência sexual e debate sobre racismo se destacam entre os temas com maiores taxas de aprovação, superiores a 70%”, contabiliza Ligia.
Política e voto impresso
Também pela pesquisa, 53% dos brasileiros apontaram que a votação impressa não faz sentido, após ser extinta há 26 anos. E 73% concordam que os políticos não devem ter salários, assim como acontece na Suécia.
O que é praticamente unânime para os brasileiros (93%) é a não candidatura de políticos cassados. Apenas 4% se mostram favoráveis. A reeleição é desaprovada por 48%.
O QUE OS BRASILEIROS MAIS APOIAM |
|
Salários iguais para homens e mulheres |
98% |
Adoção por pessoas solteiras |
90% |
Proibição de políticos cassados |
93% |
Licença-paternidade |
89% |
Combate ao racismo e xenofobia na escola |
85% |
Redução da maioridade penal |
84% |
Adoção por casais gays |
77% |
Políticos sem salário |
73% |
Orientação sobre sexualidade na escola |
70% |
Casamento gay |
71% |
Aborto para crianças estupradas |
71% |
Inclusão de pessoas com deficiência na escola |
63% |
Estado laico, separado da religião |
62% |
Pena de morte |
50% |
Ensino religioso na escola |
50% |
O QUE OS BRASILEIROS DESAPROVAM |
|
Atuação das milícias |
81% |
Liberação das drogas em geral |
77% |
Habilitação para menores de 16 |
74% |
Legalização da poligamia |
67% |
Impostos para as igrejas |
66% |
Porte de arma para todos |
57% |
Liberação da maconha |
52% |
Descriminalização geral do aborto |
52% |
Aborto como decisão da mulher |
51% |
Cotas para negros e pobres nas universidades |
45% |
Movimento feminista |
43% |
Voto impresso |
35% |
Fonte: Pesquisa Hibou |
Gravidez ocasionada por estupro é motivo para aborto
Casos polêmicos como o de Tijucas, em que uma menina foi coagida por promotora e juíza a não abortar, mesmo engravidando aos 10 anos de idade por causa de um estupro, também foram refletidos na pesquisa. O ato de interromper gravidez por conta da violência sexual ou doença nesses casos teve 71% de apoio – mesmo assim, 12% se disseram contra.
E 52% dos brasileiros são contra a liberação da maconha, mesmo que a erva apresente potencial medicinal. Na oposição, e favoráveis à descriminalização, estão 36%. Ao ampliar o espectro para a liberação de drogas em geral, 77% discordam, e 14%, concordam. A proposta de pena de morte foi apoiada por 50% dos que responderam a consulta; e os outros 50% se dividem em 35% contra e 15% que não quiseram responder. A pesquisa ouviu 1822 pessoas. O levantamento apresenta 2,3% de margem de erro.