Santa Catarina
Deputadas brigam após ideia de homenagem à juíza e promotora de caso de estupro de criança
Caso continua criando polêmica Brasil afora; promotora determinou “apreensão do feto” para exames após o aborto legal
Juvan Neto [editores@diarinho.com.br]
O clima esquentou na terça-feira entre a deputadas Sâmia Bomfim (PSOL) e Chris Tonietto (PL), que bateram boca durante a reunião da comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara dos Deputados. A parlamentar Chris é bolsonarista e propôs homenagear a juíza Joana Ribeiro Zimmer e a promotora Mirela Dutra Alberton, ambas catarinenses, e acusadas de interferir para que a menina estuprada aos 10 anos e que engravidou em Tijucas desistisse do aborto.
Sâmia e Chris debatiam a proposta de homenagem quando a deputada Sâmia discordou de que o aborto legal autorizado à menina estuprada, atualmente com 11 anos, seria um “assassinato”. “Genocida e assassino é o seu governo”, gritou Sâmia, apontando o dedo para a colega e referindo-se ao governo de Jair Bolsonaro (PL). “O que mata as pessoas é a falta de investimento no SUS”, acusou Sâmia, completando ainda que “a hipocrisia daqueles que dizem defender a vida enquanto pregam a violência é repugnante”.
Já a parlamentar de direita alegou na rede social que “tem nojo de quem defende a morte de inocentes” e “a desinformação como instrumento de manipulação”. Segundo a deputada, que integra a frente mista de combate ao aborto, ela segue defendendo o repasse de moção de “aplauso e reconhecimento” à juíza e à promotora.
Feto vai passar por exames
A promotora Mirela segue tentando alegar que o aborto autorizado na criança foi um crime. Ela teria mandado buscar o feto no hospital após a interrupção da gestação das vítimas do estupro, para que fosse examinado de que forma foi abortado.
Não há tipo penal, segundo juristas, que defina o procedimento cirúrgico como crime, já que a lei estabelece que toda criança abaixo de 14 anos estuprada e engravidada tem direito ao aborto legal.
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) anunciou que vai denunciar a promotora catarinense ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Vários deputados consideraram o ato como “sadismo” por parte da promotora Mirela.