Polêmica
Nova caderneta da gestante do Ministério da Saúde defende violência obstétrica
Enfermeira de Itajaí conta sobre a problematização do procedimento que já foi banido até pela OMS
Juana Dobro []

A nova Caderneta da Gestante divulgada pelo Ministério da Saúde tem repercutido negativamente entre especialistas da saúde e parlamentares. A cartilha, utilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como forma de informar às mães sobre pré-natal, parto, e os primeiros meses de vida do bebê, trouxe orientações favoráveis à amamentação como método contraceptivo, cesárea eletiva e episiotomia (corte do períneo — região entre a vagina e o ânus — para aumentar o canal de saída da criança). A manobra de Kristeller — que tem como objetivo acelerar o parto aplicando pressão externa ao útero da mulher — também entrou na cartilha.
Para a enfermeira da rede municipal de Itajaí e presidente da Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica de Santa Catarina - ABENFO/SC, Luciane da Silva D'ávila, a situação é preocupante. "As evidências científicas mostram que a episiotomia é um procedimento que, além de mutilar a mulher, trazendo prejuízos na vida sexual da mesma, em muitos casos, não tem benefícios para os bebês e nem mesmo para acelerar o parto", conta a profissional.
Continua depois da publicidade
"Ainda, sobre o Kristeller há um posicionamento contrário muito claro pela OMS", continua Luciane. O método foi banido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pela pasta brasileira da Saúde, já que implica em risco de ruptura uterina, fratura das costelas, dano ao esfíncter anal e traumatismo craniano no feto. É considerado, portanto, uma violência obstétrica.
A deputada federal e líder da bancada do PSOL na Câmara, Sâmia Bomfim, disse no plenário da casa que o secretário deve explicações às mulheres brasileiras, e que as cartilhas têm de ser recolhidas.
Continua depois da publicidade