No próximo domingo, ocorre em Penha mais uma edição do tradicional cortejo do “Mastro de São Sebastião” pela Armação do Itapocoróy em direção à Capela São João Batista. O ritual religioso colorido e musical movimenta a comunidade de devotos católicos há mais de 200 anos no Vale do Itajaí.
O ponto de partida da procissão será a rua José Camilo da Rosa, 536, na popular “Casa do Janjão Teodoro”, também em Armação do Itapocoróy, a partir das 14h. A largada reunirá foliões do Divino Espírito Santo, com cantorias, homenagens e presença dos promesseiros, os responsáveis por içar a bandeira de São Sebastião – composta por flores e folhagens – ao seu mastro. Janjão, aliás, será o promesseiro deste ano.
Na praça, os participantes entoam músicas católicas e começam a enfeitar o tronco selecionado para se transformar no chamado “mastro”. De acordo com o professor Eduardo Bajara, presidente ...
O ponto de partida da procissão será a rua José Camilo da Rosa, 536, na popular “Casa do Janjão Teodoro”, também em Armação do Itapocoróy, a partir das 14h. A largada reunirá foliões do Divino Espírito Santo, com cantorias, homenagens e presença dos promesseiros, os responsáveis por içar a bandeira de São Sebastião – composta por flores e folhagens – ao seu mastro. Janjão, aliás, será o promesseiro deste ano.
Na praça, os participantes entoam músicas católicas e começam a enfeitar o tronco selecionado para se transformar no chamado “mastro”. De acordo com o professor Eduardo Bajara, presidente da Fundação Municipal Cultural Picucho Santos, de Penha, toda essa preparação é para garantir o ritual que visa homenagear São Sebastião, lembrado no dia 20 deste mês – o entendimento dos devotos é que a decoração do mastro deve ocorrer sempre no domingo anterior ao dia do santo.
Em Santa Catarina, o ritual ocorre somente em Penha, e segundo Bajara, tem sua origem entre vicentistas, inicialmente em São Francisco do Sul, onde a tradição se perdeu. “Depois, a crença veio para Penha, e é a mais antiga do litoral norte”, observa o professor. Além de Armação, a tradição se repete também em Santa Lídia.
Além de flores e folhagens repassados pelos devotos, os promesseiros ficam responsáveis por servir broas de coco e consertada – bebida à base de cachaça, típica de Penha – e especiarias. Em seguida, o mastro é levado em procissão à igreja, ao som de cantos, rezas e foguetório, na chamada “Puxada do Mastro”, segundo aponta pesquisa da professora Maria do Carmo Ramos Krueger.
O evento é aberto a toda comunidade, mas a Fundação Picucho Santos orienta que somente os vacinados contra a covid-19 participem, além de usar máscaras, levar um frasco de álcool gel e manter distanciamento na hora da caminhada até a igreja.
Patrimônio imaterial
O tronco tem, em média, de 10 a 12 metros, e é fincado na Praça São Pedro, em frente à Capela São João Batista, considerada marco zero de Penha. Na ponta, é fixada a bandeira com a imagem do santo.
Essa tradição de herança católica foi elevada à categoria de “Patrimônio de Natureza Imaterial de Penha” pela Câmara de Vereadores em 2018. Em 2020, a bênção foi dada pela primeira vez pelo padre Josué de Souza. Em 2021 não houve procissão devido à pandemia e falta de vacina.
“A intenção é avisar a todos que avistem o mastro que no dia 20 de janeiro é dia de São Sebastião”, detalha Bajara. Após a fixação, há aplausos por parte dos devotos. Outra tradição é a produção da consertada duas semanas antes, para que a bebida seja servida durante o ritual.
“Talvez a origem do termo ‘congada’ seja referência aos negros escravizados presentes em Itapocoróy, originários da região do Congo, na África. A cantoria ‘Minêro Dô, Minêro Dô’ pode ter surgido com esses personagens da rica história da Armação do Itapocoróy, pois seu significado ainda é uma incógnita”, observa Bajara.