Saia-justa
Lideranças de Penha saem em defesa da Ilha Feia
Jornalista e ator ouvidos pelo DIARINHO apontam que proximidade geográfica também liga a ilha à sua cidade original
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]





A discussão sobre a real posse da Ilha Feia, entre Balneário Piçarras e Penha, avançou terça-feira, a partir da publicação da reportagem do DIARINHO que noticiou que o consórcio de turismo Costa Verde & Mar suspendeu uma propaganda turística que apontava a ilha como pertencente a Balneário Piçarras, quando registros históricos apontam que ela seria de Penha. O jornalista Vilmar Carneiro e o ator e vereador Everaldo Dal Pozzo, o Italiano, saíram em defesa das informações divulgadas pela secretaria de Planejamento da prefeitura de Penha, com base na Superintendência de Patrimônio da União (SPU).
Segundo eles, não são apenas os registros históricos que ligam a Ilha Feia a Penha, mas também a proximidade geográfica. Carneiro e Italiano divulgaram mapeamentos aéreos com base no Google Earth que apontam que a distância da costa de Penha da ilha é de 13 quilômetros, quando em relação a Balneário Piçarras, o trajeto é muito maior.
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“Não tenho nada contra Balneário Piçarras, possuo familiares lá, respeito muito essa cidade, mas há situações históricas de algumas disputas que vêm desde a emancipação”, destaca Carneiro, que é também pesquisador da história local e de elementos da cultura popular, como a Festa do Divino Espírito Santo.
“Penha teve alguns prejuízos, historicamente falando. Ficamos sem a comarca, embora fôssemos a cidade mais antiga, a divisa do município era para ser o Rio Piçarras, e a região do cemitério de Balneário Piçarras acabou ficando para a cidade vizinha, entre muitas outras situações, mas é assunto encerrado”, pondera. “E nessa linha, vem a disputa pela Ilha Feia, que tem muito tempo”, acrescenta.
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“A proximidade geográfica de Penha com a ilha é mensurável e aponta que justamente pertence a Penha. Se você sair da Bacia da Vovó, nadando, chega na ilha, faz uma fogueira, come um peixe, um churrasco, quando quem saiu no mesmo tempo nadando de Piçarras não está nem na metade do caminho”, comenta Carneiro, bem-humorado. “Mas é esse potencial natural de praias, ilhas, costões, morrarias, que fez Penha captar o Parque Beto Carrero World”, e investimentos recentes; “vem aí mais um investimento turístico de grande porte”, frisou.
Já Italiano observa que também já debateu a questão da Ilha Feia com cidadãos de Balneário Piçarras. “Há estudos e fontes orais inclusive que em tempos remotos, apontam que essa ilha teria se deslocado da orla do Quilombo em direção ao oceano”, revela. ”Outro dia, me questionaram porque há desenho das Ilhas Itacolomi no brasão de Penha. Aí está outra discussão, pois elas também pertenceriam a Penha, nessa mesma linha de pensamento sobre a proximidade dessas formações”, declara o vereador, que inclusive, já mediu a distância da Feia até a costa.
A medição com base no Google aponta distância de 1,3 quilômetros da ponta da Bacia da Vovó até a ilha; já em Balneário Piçarras, saindo da faixa de areia central, a distância não fica em menos de 3,8 quilômetros. Já as Ilhas Itacolomi ficam a 6,50 quilômetros de Penha, e 6,76 quilômetros de Balneário Piçarras, uma diferença de distância pequena, mas ainda geograficamente mais próximas de Penha.
Campanha foi suspensa
A disputa inusitada pela posse da Ilha Feia aconteceu por causa de um material publicitário digital divulgado pelo Consórcio de Turismo da Costa Verde & Mar, postado em redes sociais, que convidou os turistas a conhecerem a ilha “de Balneário Piçarras”. Penha reivindica a posse do mesmo local, marcado por suas belezas naturais e que é alvo de passeios de escuna em seu entorno e visitas em trilhas ambientais.
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Ouvido pelo DIARINHO, o consórcio pediu desculpas pela criação publicitária, e suspendeu a campanha. Já a prefeitura de Penha entendeu que o material seria irregular – até uma das fotos usadas pela Costa Verde & Mar foi tirada do continente, mais precisamente, da Bacia da Vovó, em Penha, em direção à ilha Feia.
O secretário municipal de Planejamento de Penha, Maurílio Duarte, pediu em setembro deste ano uma posição da Superintendência de Patrimônio da União (SPU), vinculada ao Ministério da Economia. A SPU atestou: a ilha é de Penha, através de correspondência de Nabih Henrique Chraim, superintendente da SPU, com base em mapas municipais liberados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Outro fato histórico é que, até 2 de abril de 1987, o casal Alírio e Maria Batista Cordeiro Pinto, de Penha, e Francisco Canziani, de Itajaí, eram os virtuais “donos” da ilha, que tem 71 mil m² e está, obviamente, em áreas de Marinha. Eles repassaram a cessão da ilha para Luiz Gonzaga Leal Scherer.
Após a polêmica, o consórcio intermunicipal de Turismo da Costa Verde & Mar anunciou que retirou a campanha do ar. “A campanha digital que está no ar busca trazer turistas como um todo, sem distinção territorial, como ocorre já há 15 anos”, destacou a nota.